Não consenso entre constitucionalistas americanos sobre se Trump pode sofrer um processo de impeachment mesmo depois de deixar o mandato, em 20 de janeiro. Dou dois exemplos de argumentos: 1/5
Michael Gerhardt, professor de direito na Universidade da Carolina do Norte e autor de diversos livros sobre impeachment nos EUA, argumenta que, sim, é possível tocar um processo de impeachment mesmo depois de o presidente ter concluído o mandato. 2/5
“Presidentes podem cometer delitos a qualquer momento do mandato, inclusive nos últimos dias”, diz Gerhardt. “Membros do Congresso podem perder o interesse em julgar um ex-presidente, mas essa é uma escolha política, e não uma diretriz constitucional.” 3/5
Bruce Ackerman, Yale, e Gerard Magliocca, Universidade de Indiana, discordam: “a Constituição prevê o impeachment só como uma ferramenta para processar um presidente enquanto ele permanecer no cargo. O impeachment foi criado para proteger o país, não para punir o agressor”. 4/5
Ackerman e Magliocca sugerem outra via para tornar Trump inelegível: a sessão 3 da 14ª Emenda da Constituição, que torna inelegível um presidente que se envolva em “insurreição ou rebelião” contra a Constituição dos EUA, por maioria simples no Senado e na Câmara. 5/5

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13 Jan
A soja é o principal produto de exportação do Brasil. Está à frente de minério de ferro, de petróleo, de celulose, de maquinário, de tudo. O produto, em grão ou em farelo, é usado principalmente para ração animal, e responde por 14% de todas as vendas brasileiras ao exterior.1/10
Das aproximadamente 100 milhões de toneladas de soja que o Brasil exporta por ano, 13 milhões vão para países que fazem parte da União Europeia, sendo que 5 milhões vão para a França, de acordo com dados atribuídos pela @abiove à @embrapa . 2/10
Pois é justamente a França – país que, ao lado da Alemanha, lidera a União Europeia, sobretudo após a saída do Reino Unido – quem lançou ontem uma ameaça explícita de boicotar a compra de soja do Brasil. O governo brasileiro se calou. As entidades do setor desdenharam. 3/10
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12 Jan
É capaz que o presidente Bolsonaro, seus ministros e apoiadores atribuam a uma agenda ideológica a decisão francesa de – certamente não hoje, mas em algum momento – parar de comprar soja brasileira, como anunciado hoje por Macron. Não é ideológico, pelo seguinte:
Qualquer pessoa minimamente informada sobre a política e a sociedade europeias hoje sabe que não existe tema mais importante na agenda do continente do que a questão ambiental. Todo político europeu, incluindo Macron, precisa atender ao lobby ambiental se quiser sobreviver.
Era óbvio que a forma como Bolsonaro vinha lidando com as queimadas na Amazônia e no Pantanal traria consequências econômicas negativas para o agronegócio brasileiro, e é impossível que a diplomacia brasileira não tenha detectado e reportado esse risco ao Planalto.
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