VAMOS FALAR SOBRE AS TILÁPIAS?
Olá, eu sou o Nalbert e vim conversar com vocês sobre o peixe que é cara marcada no almoço de domingo!
O peixe mais consumido do Brasil tem uma história que poucas pessoas conhecem. Vamos descobrir? Segue o fio:
As tilápias são peixes da família Cichlidae, a mesma família do tucunaré e do acará-bandeira. Mas, diferente desses peixes que são nativos do Brasil, as tilápias são peixes introduzidos.
As espécies mais famosas que ocorrem aqui são a tilápia-do-Congo e a tilápia-do-Nilo.
São peixes de água doce ou salobra, que habitam a região tropical e se desenvolvem bem em águas rasas e tem uma grande capacidade de sobreviver a condições inóspitas. Por isso é comum encontrar tilápias em águas mais poluídas; elas são bem tolerantes a impactos ambientais.
Mas os nomes já dizem que elas não são daqui. E como elas chegaram aqui? Essa história começa na década de 30, quando o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca criou a Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste (e eles usavam esse carrinho legal aqui!)
A função da Comissão era estudar as características ambientais dos açudes criados para o abastecimento regional contra a seca e incentivar o povoamento por peixes (preferencialmente nativos) para garantir alimento pra região. Foi aí que alguns peixes foram introduzidos no Brasil.
Em 1953, a Comissão fez a introdução da tilápia-do-Congo nos açudes. Mas a espécie não se adaptou muito bem ao ambiente controlado. Somente em 1971 o problema foi contornado, quando introduziram a tilápia-do-Nilo, que se desenvolveu muito bem.
Hoje, a tilápia-do-Nilo é o peixe mais comercializado do Brasil, porque é o peixe mais bem ajustado aos modelos da piscicultura brasileira. Mas o quanto desse comércio é prejudicial?
Bem, toda espécie introduzida tem um grande potencial de ser um problema ecológico. Isso porque em um ambiente onde não há predadores naturais e nem os obstáculos habituais, a competição se torna mais fácil. Se tiver boa disponibilidade de alimento, aí mesmo que é vantajoso.
Além disso, as tilápias são originárias dos Grandes Lagos Africanos, tão antigos e fechados que a pressão seletiva acaba sendo muito grande, tornando os peixes da região ótimos em competir por território e alimento.
Seria ótimo se o cultivo de tilápias se restringisse somente aos tanques de piscicultura, mas sabemos que na prática não funciona assim. Muitos tanques são instalados próximos a cursos d’água naturais. O que ocorre então? Eles escapam e colonizam outros ambientes.
É por isso que a piscicultura é tida como o principal meio de dispersão de peixes exóticos. Durante o esvaziamento dos tanques ou com o transbordamento por conta das chuvas, ocorrem os escapes desses peixes. Assim, a tilápia (e outros peixes invasores) ganharam território.
Agora que você já conheceu a história de como a tilápia chegou aqui, se prepare! Mais tarde vamos conversar sobre como ela se torna de fato um problema ecológico, não só no Brasil como em diversas partes do mundo.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
POR QUE A TILÁPIA É UM PERIGO PARA A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA?
Você já sabe quais são as tilápias que existem aqui no Brasil e como elas chegaram até aqui.
Mas o que as fazem ser uma ameaça à nossa biodiversidade?
Pra entender isso, vamos recapitular a história de vida desses peixes, ou seja, falar de como eles se alimentam e como se reproduzem.
Já foi observado que no ambiente natural, a tilápia-do-Nilo costuma se alimentar de plantas aquáticas e diatomáceas. Em lugares onde foram introduzidas, costuma apresentar uma dieta mais detritívora, com muita presença de sedimento, aglomerados de lama e microalgas.
Ecdise, ou simplesmente muda, é um processo que muitos animais sofrem, inclusive as serpentes. Esse processo consiste na troca da camada mais superficial da epiderme ou do exoesqueleto.
Ao contrário do que muita gente diz, as serpentes não trocam de pele por serem falsas, mas sim para um ajuste de seu tamanho, assim como outros animais, seja quando crescem, engordam ou emagrecem.
Thread: Eunectes murinus (Linnaeus, 1758), conhecida como Sucuri-verde ou Anaconda, é a maior serpente brasileira, com fêmeas podendo passar dos 7 metros de comprimento.
"Eunectes" vem do grego, e significa "verdadeira nadadora", o que diz muito sobre os hábitos semi-aquáticos dessa serpente. Ela passa a maior parte do tempo na água, onde é dotada de uma grande agilidade.
A Sucuri é extremamente lenta em terra, o que a torna muito vulnerável. Com seu tamanho, a única defesa que esse animal tem em situações vulneráveis é a agressividade, portanto, ela irá morder e poderá causar acidentes em quem se aproximar demais, apesar de não ser peçonhenta.
No último thread apresentei algumas características que são úteis na identificação de espécies peçonhentas de serpente. Agora, venho ilustrar outras espécies, que são frequentemente confundidas com animais perigosos, porém são inofensivas ao homem.
Algumas fontes didáticas citam, equivocadamente, cabeça triangular e pupila vertical como referências na identificação de espécies peçonhentas. Porém temos grandíssimos exemplos que derrubam essa teoria:
Apareceu uma cobra na minha casa!!! Como posso saber se ela é perigosa? O que devo fazer? 🤔
No Brasil, temos somente 4 gêneros de serpentes de importância médica: Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu pico de jaca) e Micrurus (Corais verdadeiras). Mas como podemos identificá-las?
Serpentes do gênero Micrurus, conhecidas por seus padrões de anéis coloridos, que variam de acordo com a espécie. Existem várias espécies que mimetizam os padrões de anéis das Micrurus, sendo corais-falsas, mas sempre devemos tomar todas como perigosas, evitando acidentes.
Clelia clelia (Fitzinger, 1826), popularmente conhecida como muçurana ou cobra-preta, é uma serpente da família Dipsadidae muito conhecida pelo Brasil. Possui dentição opistóglifa, tendo presas no fundo da boca que podem inocular uma toxina fraca, não nos fazendo mal normalmente.
Alguns a conhecem como "cobra do bem", por conta dos seus hábitos alimentares ofiófagos, sendo predadora de outras serpentes, até peçonhentas, como jararacas e cascavéis; fato que inspirou até homenagens, sendo estampada na nota de 10000 cruzeiros!
A muçurana também inspira diversas lendas urbanas, sendo protagonista de terrores sertanejos, a exemplo da lenda que diz que enquanto a mulher lactante dorme, a muçurana bota a cauda na boca do bebê, e suga o leite da mãe para matar o bebê de fome.