POR QUE A TILÁPIA É UM PERIGO PARA A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA?
Você já sabe quais são as tilápias que existem aqui no Brasil e como elas chegaram até aqui.
Mas o que as fazem ser uma ameaça à nossa biodiversidade?
Pra entender isso, vamos recapitular a história de vida desses peixes, ou seja, falar de como eles se alimentam e como se reproduzem.
Já foi observado que no ambiente natural, a tilápia-do-Nilo costuma se alimentar de plantas aquáticas e diatomáceas. Em lugares onde foram introduzidas, costuma apresentar uma dieta mais detritívora, com muita presença de sedimento, aglomerados de lama e microalgas.
Mas em cada lugar do mundo é possível observar um comportamento alimentar diferente para a tilápia-do-Nilo. Isso significa que ela come um pouco de tudo. Se qualquer coisa serve de alimento, fome ela não passa! Eis aí a primeira vantagem da espécie.
Da mesma forma a tilápia-do-Congo também é classificada como onívora, e com uma alimentação até mais diversa do que a tilápia-do-Nilo, porque enquanto a tilápia-do-Nilo tem um habito mais herbívoro, a tilápia-do-Congo aposta em comer peixes também.
Num estudo de Zaganini (2012) na represa de Barra Bonita, é possível perceber, na dieta das duas espécies de tilápia, a diferença dos itens alimentares de acordo com as classes de tamanho. Enquanto A é a tilápia-do-Nilo, B é a tilápia-do-Congo.
Dá pra perceber que na dieta da tilápia-do-Congo a cor branca ocupa um grande espaço – são os peixes. E isso é mais um indicador de que as tilápias possuem uma grande vantagem sobre os peixes nativos do Brasil.
Além disso, a reprodução das tilápias tem uma característica diferencial. Elas realizam a chamada desova parcelada. O que isso significa? Bem, pra muitos peixes que não precisam migrar pra se reproduzir, a desova pode acontecer aos poucos, seja em semanas ou meses.
A desova parcelada é uma ferramenta muito útil pro peixe não precisar disputar território com outros peixes pra desovar. E também, se por acaso os ovos forem atacados por um predador, a fêmea ainda tem um estoque de ovos guardados esperando ficarem maduros.
Outra coisa interessante é o hábito da incubação oral na tilápia-do-Nilo. Após a fecundação, a fêmea carrega os ovos na boca e incuba os ovos ali mesmo até “chocarem” e darem origem a novas tilápias. Esse vídeo mostra isso:
A desova parcelada e a incubação oral são outras vantagens que as tilápias têm em relação aos demais peixes. Enquanto a desova parcelada garante os períodos mais adequados pras tilápias desovarem, a incubação oral garante cuidado parental, e junto, a sobrevivência dos filhotes.
Não dá pra negar que são peixes de respeito. Estratégias de sobrevivência ótimas que quando combinadas garantem o sucesso reprodutivo da espécie e a rápida colonização de qualquer ambiente aquático de água doce. Mas é aí que reside o problema.
Se um determinado lago sofre invasão de tilápias, onde elas comem de tudo, não possuem predadores naturais, nem mecanismos de controle da sua população e ainda desovam aos poucos e cuidam dos seus filhotes, o que podemos esperar desse lago?
É simples: aos poucos, a população de tilápias se torna tão numerosa que elimina os concorrentes em muita desvantagem. Passa a faltar território e a faltar alimento. Após um período de tempo, a diversidade de espécies vai desaparecendo. As tilápias venceram.
Tem rios e lagos no Brasil onde só dá pra pescar tilápia. E elas não aparecem lá por acaso: elas são deliberadamente introduzidas pelo ser humano. Eis aí um problema decorrente da pesca esportiva.
Essa é uma realidade que vai além das tilápias. Por exemplo, no Sudeste do Brasil, a introdução de tucunaré (um peixe amazônico) pela pesca esportiva é um grande problema, principalmente por se tratar de um peixe piscívoro.
Lição nº 1: nunca introduza um peixe em um lugar onde ele não pertence. As consequências podem ser desastrosas!
Amanhã falaremos de um panorama geral da invasão biológica. Não só de peixes, mas de diversos seres vivos que são invasores e nem sabemos. Fiquem ligados!
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VAMOS FALAR SOBRE AS TILÁPIAS?
Olá, eu sou o Nalbert e vim conversar com vocês sobre o peixe que é cara marcada no almoço de domingo!
O peixe mais consumido do Brasil tem uma história que poucas pessoas conhecem. Vamos descobrir? Segue o fio:
As tilápias são peixes da família Cichlidae, a mesma família do tucunaré e do acará-bandeira. Mas, diferente desses peixes que são nativos do Brasil, as tilápias são peixes introduzidos.
As espécies mais famosas que ocorrem aqui são a tilápia-do-Congo e a tilápia-do-Nilo.
São peixes de água doce ou salobra, que habitam a região tropical e se desenvolvem bem em águas rasas e tem uma grande capacidade de sobreviver a condições inóspitas. Por isso é comum encontrar tilápias em águas mais poluídas; elas são bem tolerantes a impactos ambientais.
Ecdise, ou simplesmente muda, é um processo que muitos animais sofrem, inclusive as serpentes. Esse processo consiste na troca da camada mais superficial da epiderme ou do exoesqueleto.
Ao contrário do que muita gente diz, as serpentes não trocam de pele por serem falsas, mas sim para um ajuste de seu tamanho, assim como outros animais, seja quando crescem, engordam ou emagrecem.
Thread: Eunectes murinus (Linnaeus, 1758), conhecida como Sucuri-verde ou Anaconda, é a maior serpente brasileira, com fêmeas podendo passar dos 7 metros de comprimento.
"Eunectes" vem do grego, e significa "verdadeira nadadora", o que diz muito sobre os hábitos semi-aquáticos dessa serpente. Ela passa a maior parte do tempo na água, onde é dotada de uma grande agilidade.
A Sucuri é extremamente lenta em terra, o que a torna muito vulnerável. Com seu tamanho, a única defesa que esse animal tem em situações vulneráveis é a agressividade, portanto, ela irá morder e poderá causar acidentes em quem se aproximar demais, apesar de não ser peçonhenta.
No último thread apresentei algumas características que são úteis na identificação de espécies peçonhentas de serpente. Agora, venho ilustrar outras espécies, que são frequentemente confundidas com animais perigosos, porém são inofensivas ao homem.
Algumas fontes didáticas citam, equivocadamente, cabeça triangular e pupila vertical como referências na identificação de espécies peçonhentas. Porém temos grandíssimos exemplos que derrubam essa teoria:
Apareceu uma cobra na minha casa!!! Como posso saber se ela é perigosa? O que devo fazer? 🤔
No Brasil, temos somente 4 gêneros de serpentes de importância médica: Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu pico de jaca) e Micrurus (Corais verdadeiras). Mas como podemos identificá-las?
Serpentes do gênero Micrurus, conhecidas por seus padrões de anéis coloridos, que variam de acordo com a espécie. Existem várias espécies que mimetizam os padrões de anéis das Micrurus, sendo corais-falsas, mas sempre devemos tomar todas como perigosas, evitando acidentes.
Clelia clelia (Fitzinger, 1826), popularmente conhecida como muçurana ou cobra-preta, é uma serpente da família Dipsadidae muito conhecida pelo Brasil. Possui dentição opistóglifa, tendo presas no fundo da boca que podem inocular uma toxina fraca, não nos fazendo mal normalmente.
Alguns a conhecem como "cobra do bem", por conta dos seus hábitos alimentares ofiófagos, sendo predadora de outras serpentes, até peçonhentas, como jararacas e cascavéis; fato que inspirou até homenagens, sendo estampada na nota de 10000 cruzeiros!
A muçurana também inspira diversas lendas urbanas, sendo protagonista de terrores sertanejos, a exemplo da lenda que diz que enquanto a mulher lactante dorme, a muçurana bota a cauda na boca do bebê, e suga o leite da mãe para matar o bebê de fome.