É... Claro que uma desculpa esfarrapada para os maiores serviços de hospedagem de aplicativos removerem todos ao mesmo tempo o maior concorrente do twitter um dia depois que o Trump foi banido da plataforma e levaria muitos usuários para lá não foi um movimento coordenado.
Eu honestamente não sei como resolver o problema do monopólio das redes sociais. O dono do Twitter fala que a plataforma dele é apenas uma parte da conversa pública na internet, mas é uma parte muito grande (e os outros como Facebook não são menos enviesados).
Existe um problema muito específico sobre o "mercado de redes sociais" que não afeta diretamente outros mercados.
Pra uma rede social existir e funcionar ela precisa de MUITOS usuários. Dá pra dizer que o número de usuários é na verdade a parte mais fundamental do produto.
Por exemplo:
Pode surgir amanhã uma plataforma pra concorrer com o youtube que ofereça um serviço infinitamente melhor, vídeos que carregam instantaneamente até em internet discada e por aí vai.
Isso é irrelevante pois ela não trará audiência pro produtor.
O que movimenta o youtube são seus usuários (tanto produtores quanto consumidores) e não há ganho algum pra nenhum dos dois em migrar pra um local onde suas views cairiam em 99% e onde os usuários teriam um catalogo infinitamente inferior pra consumir.
O que mais aconteceria nesse caso seriam os produtores postando os vídeos ao mesmo tempo nessa nova plataforma e no youtube, mas por que o consumidor iria pra lá pra assistir um vídeo que já está no youtube? Só pelo player? Pelo layout? Não vai rolar.
O mesmo serve pro twitter. De que adianta termos opções melhores em termos de política de uso se praticamente ninguém está usando? Querendo ou não as grandes discussões da internet continuam concentradas aqui e nenhum concorrente vai conseguir entregar isso.
Não por acaso nenhuma empresa consegue bater de frente com redes sociais já estabelecidas no mercado, independente do investimento.
O Google Plus flopou em concorrer com o Face mesmo sendo da Google porque não foi feliz em conquistar os usuários do Face.
Aí talvez você esteja pensando "Ah, mas o Twitter e o Facebook tão aí concorrendo entre si".
Não, eles não estão. São propostas distintas.
As pessoas podem usar até 5 redes sociais diferentes, mas dificilmente elas usarão duas redes sociais IDÊNTICAS ao mesmo tempo.
Se você for reparar, sempre que um serviço é feliz em integrar uma funcionalidade ela acaba por DEVORAR a concorrência.
Facebook fez isso com o Orkut. Seu serviço de mensagens fez o mesmo com o MSN. Instagram acabou com o Snapchat ao implementar os stories, etc...
Porém cada rede social acabou se especializando em um segmento diferente e foi isso que fez algumas sobreviverem.
Facebook tentou competir em vídeos com o youtube e não conseguiu. Está tentando competir com a Twitch agora e não tem se saído muito bem.
Então me parece praticamente inevitável que tenhamos no fim das contas uma grande rede social pra cada função:
Uma pra conversar, uma pra fotos, uma pra vídeos, uma pra stream, uma pra interagir mais com conhecidos, outra pra interações mais dinâmicas...
O que nos faz escolher cada um desses serviços? O número de usuários (mesmo que você não pense nisso conscientemente).
É claro que há o mérito desses serviços no momento do lançamento pra inovar, oferecer algo inédito e adquirir esse grande número de usuários, mas depois de consolidados fica MUITO difícil chegar um concorrente. Praticamente impossível como já vimos.
E é claro, também temos algumas redes sociais que surgem do nada, fazem um sucesso quase que imediato e depois caem no esquecimento (ao menos em alguns países) como o dubsmash, o vine, talvez o tik tok daqui um tempo?
A verdade é que desde a consolidação do Facebook praticamente não tivemos mudança no panorama do monopólio das grandes redes sociais.
A trindade (Face, Twitter e Youtube) parece "inderrubável" porque eles sempre terão o mais valioso de tudo pra esses serviços: Usuários.
Pode até ser que percam usuários em algum momento, vivam períodos de baixa e passem por algumas crises, mas dificilmente algum concorrente terá força pra surgir praticamente do nada e competir a altura sem oferecer algo totalmente novo que no fim abrirá um novo segmento.
Não é o que acontece no resto do mercado.
Se você não gosta de um supermercado pode ir lá na concorrência que o produto que eles oferecem será praticamente o mesmo. Um novo supermercado pode surgir oferecendo um serviço muito similar e se firmar.
Redes sociais não.
O livre mercado costuma ser suficiente pra impedir o monopólio de qualquer empresa em qualquer segmento, pois qualquer um pode abrir um negócio naquele ramo oferecendo um produto melhor por um preço melhor e assim competir pelo espaço.
Porém quando o assunto são redes sociais eu realmente não vejo como isso poderia funcionar. Várias empresas já tentaram fazer isso e falharam miseravelmente, mesmo oferecendo serviços melhores e às vezes até um pagamento muito melhor para os produtores, pois falta o essencial.
O mercado menos consolidado por hora é o de stream e mesmo assim a Twitch domina com uma boa vantagem.
É o mercado onde mais plataformas tentaram surgir como concorrentes.
Chegavam "comprando" os maiores streamers da Twitch pra levar público pro seu serviço.
Qual era o resultado? O streamer que antes era imenso acabava perdendo uma parte gigantesca dos seus números. Ganhava mais dinheiro, mas perdia relevância e engajamento.
Acabava o contrato e ele voltava pra Twitch.
Pouco depois a nova plataforma morria.
Talvez seja apenas falta de imaginação da minha parte, mas a história das redes sociais nos últimos dez anos demonstra um padrão muito claro e que parece bem difícil de mudar.
São mercados praticamente sem concorrência e que só funcionam na base do monopólio.
Isso faz com que sejamos reféns desses meios de comunicação. Se eu não puder me expressar no youtube/twitter/facebook vou precisar utilizar uma plataforma alternativa que cortará minha voz em 99%.
Jamais vou conseguir alcançar o tanto de pessoas que alcanço hoje.
Isso tb significa que essas empresas possuem sim um poder DESCOMUNAL em suas mãos. Elas podem literalmente ditar o que será dito ou o que deverá ser repercutido no debate público. Podem praticamente calar desafetos (pois cortar praticamente todo seu alcance possui esse efeito).
Então não importa muito quão boa fosse a política do Parler, é praticamente impossível que essa rede ou qualquer outra similar pudesse competir com o Twitter, até porque este já possui muito poder e influência nos bastidores também.
Sem falar que as maiores redes sociais do mundo são claramente comandadas por pessoas totalmente alinhadas à esquerda. Face, Twitter, Google, Youtube... Suas políticas sempre acabam favorecendo pesadamente um lado do discurso ideológico.
Então se na melhor das hipóteses toda a direita ao mesmo tempo se cansasse disso e decidisse utilizar os serviços alternativos pra bater de frente em números o que nós teríamos na prática seriam as redes sociais de direita e de esquerda.
Pois os usuários "lacradores" do twitter não teriam a menor motivação pra sair da rede social que sempre os abraço e os deu visibilidade independente dos seus números, com base apenas em seu discurso. Até porque ela continuaria sendo a maior e mais popular.
O máximo que conseguiríamos seria concentrar ainda mais as bolhas.
E o pior é que ainda assim nossa voz teria um alcance muito maior pois o debate que seria levado pra grande mídia CERTAMENTE não seria o das "redes de direita".
Aos poucos essas redes sociais estão endurecendo mais e mais suas políticas "anti-ideologia-de-direita" e sabe-se lá como será daqui uns 5 ou 10 anos... Talvez chegue no ponto em que realmente não teremos mais meios pra compartilhar nossos pensamentos, se seguirmos nessa direção.
Infelizmente parece que só estamos nos dando conta dos resultados disso tudo agora, mas essa batalha foi perdida lááááá atrás quando a direita basicamente abriu mão desse mercado e permitiu que a esquerda controlasse praticamente todos os meios de comunicação.
E o mais complicado é que as ferramentas da direita me parecem basicamente inúteis nesse cenário. Como já disse, não vejo o livre mercado sendo capaz de reverter esse panorama. Os ancaps devem estar se contorcendo agora, mas é a minha impressão.
Talvez a única forma de impedir que a direita seja calada de uma vez por todas nos próximos anos seja através de leis que reduzem os poderes das redes sociais, impedindo que elas possam censurar discursos e usuários ou que possam favorecer um espectro ou outro.
Isso teoricamente já existe lá nos EUA, mas obviamente não é posto em prática. Principalmente no Twitter e no Facebook o viés é descarado.
Já foi mais do que comprovado que essas redes possuem um duplo padrão na hora de censurar e divulgar pessoas e narrativas.
E como dito acima, não dá pra se apoiar na ideia de que "mesmo sem uma conta no Twitter ninguém está te impedindo de falar o que pensa" quando você vai estar falando pra meia dúzia de pessoas enquanto os usuários daqui conseguem falar pra centenas de milhares.
O que acontece, a longo prazo, se todas as pessoas de um espectro tiverem o alcance do seu discurso cortado em 99% enquanto as outras seguem alcançando cada vez mais pessoas?
Obviamente as novas gerações terão contato apenas com um lado da narrativa.
O resto vocês já sabem.
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Nosso sistema político inteiro é uma desgraça, desde a constituição até o presidente. STF, deputados, senadores, vereadores, prefeitos e governadores, tudo uma merda. Meia dúzia de nomes decentes no meio de milhares de bandidos.
Tudo que podemos fazer é tentar minimizar os danos
Eu realmente entendo quem votou no Bolsonaro e hoje o odeia (os esquerdistas não fazem diferença pois o odiariam mesmo se ele fosse perfeito), mas nada me indica de que as coisas seriam muito diferentes ou mesmo melhores se tivéssemos outro nome na posição.
Amoedo estaria se saindo melhor? Olha, também discordo de muitas posições dele sobre a pandemia. Sem contar que ele não faria milagre pra conseguir administrar o país sem se dobrar ao centrão (pelo menos eu não acredito nisso). Ciro, Haddad e Boulos nem se fala...
Vi só agora a polêmica com o tal de Fogaça (nunca assisti Masterchef então nem sabia quem era) e vi que a galera começou a chamar o cara de “conspiracionista” e “anticientífico” apenas por fazer uma pergunta (que pode ser respaldada pela ciência inclusive). Bizarro.
O que mais me preocupa é a forma como os progressistas (no geral quem atacou o cara) não aceitam nenhum tipo de questionamento. Pra eles perguntar ofende muito! Tudo que não atende suas crenças vira automaticamente teoria da conspiração e anti-ciência.
O @EliVieiraJr, que é um cientista, já demonstrou como a origem laboral do coronavírus pode sim ser real e já apontou inúmeros argumentos anticientíficos que essa patota utiliza, mas eles continuam a usar isso a seu favor pra cancelar desafetos.
Mano, tô achando que esse tiro do Intercept no caso da Mariana vai sair pela culatra. Até a matéria ser lançada tava TODO MUNDO (salvo raríssimas exceções) achando que ela era vítima e que o caso tinha sido injusto.
Agora cada vez mais informações estão aparecendo e mudando isso
Eu tô assistindo a audiência inteira da Mariana agora e PRA MIM fica cada vez mais claro que ela inventou essa história. Ela foge de todas as perguntas, cai em contradição, sempre apela pro emocional... Alguém assistiu isso e teve outra impressão?
Tirando a parte ridícula, absurda e completamente desnecessária das fotos, todo o resto da audiência com a Mariana depõe contra ela. Não responde objetivamente nada, não apresenta provas, fala que mandou o vestido pro exterior por segurança (?) e faz acusações sem sentido.
Acho que vai dar merda nas eleições americanas, e nem tô falando sobre o Biden ganhar.
O negócio tá MUITO esquisito. As viradas em Wisconsin e Michigan são qualquer coisa, menos naturais.
Também acho muito estranho estarem segurando os resultados de Georgia, Pensilvânia e Carolina do Norte desde ontem.
Impossível não passar a sensação de "se der merda, a gente ainda tem uma carta na manga".
Derrubaram uma conta que estava fazendo várias denúncias sobre as possíveis fraudes nas eleições, apresentando fatos, estatísticas, comparativos, declarações de pessoas ilustres. Eu deixei aberto pra ler depois e agora tudo sumiu. Normal.
É complicado quando um crime hediondo possui critérios tão subjetivos. Não me parece certo colocar no mesmo pote mulheres que foram abusada a força por um maníaco que realmente fez isso com essa intenção e adolescentes que beberam uma cerveja, transaram e se arrependeram depois.
Eu vejo o mesmo problema que a Glória Maria relatou há alguns dias naquelas declarações "polêmicas".
O assédio não pode ser interpretativo. Ele é algo óbvio, claro, grosseiro. O mesmo vale pra estupro. Essa ideia de "só percebi que foi estupro meses depois" é perigosa.
Basicamente estamos correndo o risco de criminalizar o convívio social. De repente fulano pode entender que foi assediado porque lhe mandaram servir o café. Beltrano acha que foi abusado porque não recebeu uma ligação no dia seguinte.
Esse é o ponto. Ninguém está falando das nuances. Existe uma dosagem específica pra identificar vulnerabilidade? Uma taça de vinho no jantar já se aplica aí? Não? E se a menina usar isso pra alegar que foi violentada no dia seguinte, será que não ficarão do lado dela?
No mínimo precisamos de critérios objetivos pra avaliar QUANDO EXATAMENTE uma pessoa pode ser considerada vulnerável por conta da bebida. É a voz arrastada? É quando ela não consegue fazer o 4? Quando está cambaleando? Quando ela quiser? Isso vale pros dois?
E como aqui é o Twitter, preciso reforçar o óbvio: Claro que não estou falando de pessoas visivelmente incapacitadas, que apagaram ou que não conseguem nem ficar em pé. Estou falando da linha tênue, que é justamente onde se encontram a maioria dos casos.