Thread by @vtorresfreire

O impeachment dificilmente virá. Dependeria de uma reviravolta popular (popularidade indo abaixo de 15%), um "clic" inesperado, um curto-circuito, ou de uma catástrofe econômica. Nada disso está no horizonte.
Vide sequência.
www1.folha.uol.com.br/colunas/monica…

1/Os donos do dinheiro grosso não querem o impeachment _porque derrubaria ainda mais a economia, porque ainda esperam "reformas", porque são colaboracionistas mesmo ou porque são bolsonaristas de fundo.

2/Muita gente rica teme também o risco de convulsão geral que viria com um processo de impeachment: Bozo não largaria o osso facilmente, poderia incentivar motins policiais e militares, convocar conflitos de rua.

3/É provável que o Congresso fique sob o comando de bolsonaristas de circunstância, o centrão. Tudo mais constante, daí não sai nada, se não sair coisa pior. Bozo pode continuar manipulando e destruindo instituições, tocando seu projeto que vai da autocracia ao golpe estrito.

4/Reviravolta popular depende também de política: articulação entre partidos e conversa de partidos com o povo: não há. De passagem, diga-se que parte da esquerda no Congresso vai votar os candidatos de Bozo para presidir a Câmara e o Senado.

5/Não haverá tão cedo, se tanto, manifs grandes de rua, de resto.

6/Ainda é possível que tenhamos vacinação em massa neste ano. Assim, o número de mortes cairá e haverá alívio. Apesar de sabotar a vacina, Bozo vai ganhar com isso. É um parasita. Talvez não fosse assim se houvesse política para evitar o parasitismo. Não há oposição organizada.

7/A economia pode ainda crescer uns 3,5% neste 2021. Isso significa estagnação, na medida de trimestre contra trimestre (a média de produção do ano, porém, seria superior à média de 2020). É pouco, mas o suficiente para favorecer talvez metade da população.

8/Uns vinte milhões mais cairão na miséria da fome? Sim. Parece que boa parte do restante do país não está ligando muito.

9/Antes da vacina podemos chegar a 2 mil mortes por dia? Sim. Haveria um número de mortes que talvez comovesse o país, um limiar de tolerância? Talvez. Com mais de 200 mil mortos e outros mais de 1 mil mortos por dia, 60% da população considera Bozo "ótimo/bom" ou "regular".

10/A incorporação do governo pelo centrão, os 20 milhões de novos famélicos, a dor dos parentes dos muitos mortos que virão etc., podem juntar mais descontentes, aos poucos? Talvez. Quanto tempo vai levar para juntar descontentes bastantes para dar algum impulso ao impeachment?

11/Pode aparecer uma roubança matadora do governo, algum escândalo crítico? Pode, mas é hipótese ainda mais especulativa. De resto, mesmo com escândalos, muita gente ainda pode querer carregar o caixão do zumbi. Collor não caiu por causa de escândalos.

12/O grosso do problema é: 1) Um terço a um quarto do eleitorado tem identificações profundas com Bozo, por motivos variados (e portanto difíceis de enfrentar); 2) Não há política partidária ou mobilização política ou social pelo impeachment.
Pior, esse pode ser o cenário de 22.

@threadreaderapp unroll

E tem isso aqui, também: "Se gritar 'pega, centrão', não fica um, meu irmão". Sim, bizz as usual. Mas "velha política", como diziam os sacripantas da extrema direita. Canta aí, Heleno, o chefe dos arapongas e general do karaokê: politica.estadao.com.br/noticias/geral…

Rodrigo Maia muita vez expressa sínteses, por assim dizer, da opinião da elite mais articulada, dos donos do dinheiro e seus intelectuais companheiros de viagem, como economistas. Não dá pra dizer que é um "porta-voz", claro, mas é uma voz pública dessa turma, que é a dele também

Por outro lado, tem essa notícia aqui, do Diego Amorim, do Antagonista: assessor do Mourão assuntando impeachment no Congresso. Sem articulação com o vice, também não tem "impiche". Mas falta base no Congresso, oposição política organizada a Bozo. oantagonista.com/brasil/assesso…

Falando no assunto, aliás, olhaí o Trabuco: economia.estadao.com.br/noticias/geral…