Thread by @tainadepaularj

A decisão sobre o retorno das aulas na rede pública de ensino é um dos temas mais delicados que temos acompanhado nessa quarentena. Isso porque é sabido a problemática social que teremos em virtude de nossos jovens e crianças estarem tanto tempo sem frequentarem às aulas. 🧶

São dois problemas principais: os efeitos que o afastamento causa na saúde mental e nas relações sociais de crianças e adolescentes, e o agravamento da desigualdade social, por conta do acesso muito discrepante a ferramentas virtuais de estudo.

Contudo, é inconcebível um retorno que coloque milhares de alunas e alunos em risco, além de todo corpo docente e administrativo e, importante destacar, as famílias desses estudantes.

Ainda, sabemos que o retorno das aulas deve facilitar o retorno ao trabalho presencial de pessoas que ainda estão em home office, aumentando ainda mais a circulação de pessoas pela rua e, consequentemente, a circulação do vírus.

A precarização da educação no Brasil é o fator que mais torna esse retorno insalubre e cruel. Como confiar que teremos estruturas ainda mais específicas de segurança para todas e todos, quando mesmo antes da pandemia faltava o básico nesses locais?

Há água, sabão e papel higiênico nas escolas públicas? Haverá álcool em gel? Como é a ventilação desses espaços?

A Covid-19 aprofundou o abismo social, onde os mais pobres ficaram completamente a mercê da pandemia: sem água, comida, recursos tecnológicos, hospital etc.

No plano de retorno às aulas apresentado essa semana pelo governo do estado tivemos algumas propostas com o objetivo de garantir a segurança das pessoas e a manutenção do acessa a educação de maneira mais igualitária.

Um primeiro passo seria começar aulas presenciais de maneira gradativa, em escolas que tivessem total condições de receber todas e todos. Garantir aparelhos como computadores e tablets, internet de qualidade aos alunos e acesso a plataforma de ensino seria um outra possibilidade.

Cuidar para que profissionais em grupo de risco possam se manter em isolamento social é mais uma forma de cuidar da saúde e vida dessas pessoas.

Para além disso, é necessário nos debruçarmos sobre as reais possibilidades de entrega desse plano e manter muito próximo a essa discussão os sindicatos e sociedade civil. Estamos falando de milhares de vidas que sempre sofreram com um sistema de educação precário e excludente.

Ontem, a justiça estadual de SP suspendeu a volta às aulas. Considerou, com razão, que o retorno das atividades escolares quando o estado vive um pico da pandemia colocaria muitas pessoas em risco. O argumento foi que este retorno fere o direito à vida, garantido na constituição.

O Rio também está em um momento de pico. Seguimos com risco alto em todas as regiões administrativas. g1.globo.com/rj/rio-de-jane…

No plano de retomada da cidade, há previsão de atividades escolares presenciais mesmo com o risco de COVID muito alto.

Mesmo com a redução da capacidade das escolas, é preciso ter em mente que volta às aulas não significa apenas que estudantes estarão nas salas, mas que toda a comunidade escolar estará circulando pela cidade.

É urgente e delicado demais cuidar para que esse retorno aconteça com total segurança.

Hoje pela manhã o Secretário de Educação esteve na escola Pereira Passos, uma das escolas centenárias da Rede, localizada no Rio Comprido.

Importante observar que, em que pese a Escola em questão esteja, aparentemente, cumprindo com os protocolos, vale destacar que é uma das escolas com uma estrutura espacial diferenciada, com áreas amplas e salas que garantem o distanciamento, o que não é a realidade das outras.

Estaremos atentos e vigilantes nesse processo de retomada das Aulas