O homem que manipulou as pessoas e causou o maior suicídio coletivo:
⚠️ Atenção: O conteúdo a seguir retrata suicídio. Caso não se sinta confortável, não prossiga com a leitura.
Em 18 de novembro de 1978, um massacre coletivo levou a morte de 918 pessoas, na comunidade de Jonestown, noroeste da Guiana. O líder religioso e fundador da organização era James Warren Jones, mais conhecido como Jim Jones.
Jim nasceu em 1931, em uma pequena cidade de Randolph, Indiana, nos Estados Unidos. Desde a juventude, ele se autodeclarava como comunista e simpatizava com reivindicações contra a segregação e a discriminação racial.
Não demorou muito para começar a buscar ideais políticos dentro da religião. Nessa época, ele e sua esposa, Marceline, adotaram crianças de outras etnias e tiveram apenas um filho biológico. Foram, então, apelidados de “família arco-íris”.
Na década de 50, Jim fundou a sua própria igreja, Templo do Povo, em Indianópolis. Ele passou a receber grande notoriedade e apoio público, principalmente por contribuir com a integração racial na região.
Após discursar sobre um apocalipse nuclear em 1961, Jim Jones tentou transferir a sede do Templo para o Brasil, em Belo Horizonte. Pouco tempo depois, se mudou para o Rio de Janeiro. Enquanto esteve no país, Jim buscou implantar um “estilo de vida comunitário apostólico”.
Ele teve muita dificuldade em relação ao idioma, o que impediu a transmissão de suas mensagens, conquistando pouquíssimos seguidores. Em 1963, Jim voltou para os Estados Unidos com sua família, em seguida abriu novas filiais em Los Angeles e São Francisco.
O movimento chegou ao auge nos anos 70, mas não há dados concretos sobre a quantidade de membros. A expansão se deu através de caravanas e da distribuição de folhetos, especialmente entre viciados e sem-teto, e as finanças eram custeadas por doações.
Apesar de ter se aproximado de figuras políticas progressistas, a organização passou a ser vista como suspeita. A mídia americana denunciou acusações de morte, perseguição, sequestro, abusos psicológicos e sexuais de ex-membros.
Na metade de 1977, fugindo da imagem messiânica e ditatorial, ele levou a organização para a Guiana. Jim conseguiu permissão para fundar o “Projeto Agrícola do Templo do Povo” e construiu sua nova “utopia comunista”, dentro da Floresta Amazônica.
O lugar ficou conhecido como Jonestown. A comunidade era autossuficiente e a única forma de contato com o mundo exterior era através de rádio de ondas curtas. Jim promoveu ideais igualitários, distribuição de comida gratuita e fornecimento de carvão para os pobres, no inverno.
No entanto, o regime contava também com punições severas e a presença de guardas armados para evitar fugas. Segundo ele, os serviços de segurança americano estavam "conspirando contra Jonestown”.
Jim começou a pregar que a única solução seria um "suicídio revolucionário", o que teria sido simulado em eventos chamados "Noites Brancas”, durante as assembleias. Ele alimentava a ideia de que, junto aos seus seguidores, deveriam todos morrer para irem a outro plano melhor.
Em 1978, o congressista federal Leo Ryan decidiu ir até a comunidade, para investigar as acusações de abusos de direitos humanos. No dia 17 de novembro, ele e uma delegação de 18 pessoas conseguiram autorização para entrar no local.
Na tarde do dia seguinte, após partirem com vários membros da seita que decidiram abandoná-la, a comitiva foi atacada com tiros por integrantes da guarda de Jim Jones. Ryan e mais quatro pessoas morreram, outras 11 ficaram feridas.
Em uma gravação recuperada pelo FBI, Jim deu um discurso aos membros do Templo, afirmando que a União Soviética não os aceitaria após o assassinato de Ryan, incentivando, assim, o suicídio coletivo. “Não tenha medo de morrer”, dizia ele.
Jim ordenou que todos fizessem fila para beber um refresco em pó, da marca Flavor Aid, sabor uva, tratado com uma mistura de cianeto de potássio e calmantes. Dispostos em baldes industriais, as crianças foram as primeiras a receberem o líquido.
As famílias foram orientadas a deitarem juntas. Em poucos minutos, os gritos começaram. Aqueles que não fizeram por vontade própria, foram ameaçados por seguranças armados. Muitos dos que tentaram fugir foram mortos. Os corpos apresentaram indícios de tiros, facadas e agulhas.
Em nome de um “suicídio revolucionário”, o local ficou marcado por um tapete com mais de 900 corpos, sendo 304 crianças e adolescentes. Apenas 12 pessoas, que conseguiram se esconder, sobreviveram. O ocorrido foi amplamente coberto pela mídia e as fotografias rodaram o mundo.
As autoridades encontraram Jim morto em uma cadeira de praia, com um tiro na cabeça. A autópsia confirmou que ele não bebeu o refresco e o caso foi considerado suicídio. Hoje, o local está coberto pela floresta e o governo não tem pretensão de transformá-lo em ponto turístico.

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