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O ÚLTIMO SOVIÉTICO | A história do cosmonauta que deixado no espaço com o fim da URSS

Ele estava a 350 km de distância do planeta Terra quando a URSS acabou e ficou temporariamente sem país para voltar 👇🧶

Em 1991, quando Sergei Krikalev deixou sua terra natal, morava em uma cidade chamada Leningrado e era cidadão de um um megaestado composto por quinze países. Foi enviado para passar cinco meses fora🚀💼

No meio da viagem, a organização que o enviou deixou de existir. Leningrado voltou a ser São Petersburgo; seu país, a União Soviética (URSS), se desfez em várias repúblicas independentes e Krikalev foi avisado de que não tinham como financiar sua viagem de volta.

O problema maior é que Sergei Krikalev (à direita) não estava exatamente em uma acomodação confortável. O cosmonauta soviético estava a 350 quilômetros do planeta, na órbita da Terra, a bordo da estação espacial Mir. A viagem de cinco meses acabou durando dez.

Quando Krikalev foi enviado ao espaço pela URSS, o programa espacial soviético era um dos maiores e mais bem-sucedidos do mundo. Em 1955, os soviéticos inauguraram o Cosmódromo de Baikonur (foto), o primeiro complexo de lançamentos de foguetes do mundo, no Cazaquistão.

Entre o final da década de 1950 e o início da de 60, os soviéticos lançaram o primeiro satélite ao espaço, o Sputnik; enviaram o primeiro animal, a cadela Laika; e mandaram o primeiro homem para a órbita da Terra, o cosmonauta Iuri Gagarin (foto).

Na década de 80, foi a vez da estação espacial Mir, a primeira do gênero. Sua ideia, de base fixa, é basicamente a “predecessora” da atual Estação Espacial Internacional. Portanto, a missão de Krikalev não era nada fora do habitual.

E o problema, de fato, não foi no espaço. Foi na Terra. Enquanto Krikalev estava na órbita terrestre, a URSS, sob comando de Mikhail Gorbachev, começou a se esfacelar. Gorbachev enfrentou até mesmo uma tentativa de golpe de Estado.

💰💰💰 Com as reformas econômicas, o megaestado comunista entrou em uma espiral de crise e hiperinflação. O dinheiro para o programa espacial esgotou. Para contornar o problema, os soviéticos ampliaram uma prática já usual: vender assentos nas naves espaciais para outros países.

Assim, nos voos que deveriam levar um substituto para Krikalev, iam astronautas de outros países. O russo, aliás, não podia ser substituído por qualquer um: ele era engenheiro espacial e seu trabalho envolvia reparos na estação Mir.

Desse modo, foi pedido que ele ficasse mais tempo no espaço para manter a estação operante. No entanto, não havia data fixa para retorno. Além de tudo, havia a questão da saúde do cosmonauta.

Até hoje, os efeitos da estadia no espaço sobre o corpo humano são estudados. O que sabia, à época, é que havia um risco maior de atrofia muscular, perda óssea, catarata, congestão nasal, infecções e problemas no sistema imunológico.

E assim, a estadia de Krikalev foi se estendendo sem fim à vista. No fim de 1991, a URSS foi oficialmente dissolvida. E o cosmonauta que foi pelo seu país, ficou sem país.

Por isso, ganhou o apelido de "o último soviético".

Apenas em 1992 ele conseguiu voltar. Àquela altura, as coisas já haviam se arranjado: a Rússia absorveu o programa espacial com a agência federal Roscosmos (equivalente à NASA) e Krikalev, que foi como soviético, voltou russo.

Contudo, mesmo esse arranjo para trazer de volta Krikalev não foi fácil nem simples. Levou ainda alguns meses e, inclusive, envolveu ajuda financeira dos EUA.

Na imagem, Krikalev (centro ao fundo) com astronautas dos EUA em 1994.

Krikalev voltaria ao espaço ainda inúmeras vezes e, por anos, foi recordista de tempo passado em órbita.

A história completa você conhece aqui:
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