Acabei agora de ler este livro 👇e achei bem interessante.

É um trabalho de pesquisa incrível do autor e ao mesmo tempo, um enfoque histórico importante na evolução da Desigualdade no Brasil.

Como o tema bastante me interessa, vou falar um pouco sobre a tributação individual🧵
Em primeiro lugar, importante destacar que ao contrário do que o senso comum muitas vezes leva a crer, o Imposto de Renda (IRPF + IRPJ) não é o principal componente da carga tributária total.

Como a figura mostra, o IR corresponde a ~5% do PIB, enquanto a carga total é de ~35%
Nessa segunda figura, fica ainda mais claro:

O IR corresponde a apenas ~ 17% da carga tributária total e esse valor sobre para ~25% quando levamos em conta apenas os tributos federais.
Mesmo assim, o Brasil tem fama de ter uma carga tributária alta.

E, adivinhem? A fama não é sem motivos. A carga total, quando comparada com outros países, é alta mesmo.

Reparem que temos carga tributária mais próxima de países desenvolvidos do que de países em desenvolvimento
No entanto, quando olhamos a participação do IR enquanto fração da carga tributária total, o IR Brasileiro fica bem abaixo dos outros países do mundo. Abaixo até do que dos países da AL.

Guardem esse dado: carga tributária alta / IR baixo
Ora, se temos um IR proporcionalmente baixo e uma carga tributária alta, de onde vem o resto dos tributos?

Majoritariamente, consumo.

No Brasil, mais de 50% da carga vem do consumo (IPI, ICMS, PIS, COFINS, etc). Tributos que são pagos por pobres e ricos, na mesma proporção.
Para se ter uma ideia, os EUA que para muitos é referência de um "Estado pequeno" a alíquota máxima do imposto de renda é de 40%

Na Europa, alguns países têm alíquota máxima máxima passa dos 60%

No Brasil, essa alíquota é de 27.5%
A grande discrepância, porém, está ainda nos rendimentos não tributáveis.

Desde a Lei 9.249/1995 que isentou lucros e dividendos de tributação a partir de 1996, um incentivo indireto para que declarantes passassem a ser contratados como empresas, o famoso PJ 👇
Vejam como se distribuem os rendimentos tributáveis e não tributáveis entre as faixas de renda no Brasil.

Quanto menor a renda total, maior a parte dessa renda é tributável e quanto maior a renda total, maior a parte dessa renda que não paga imposto
A conclusão é que a alíquota efetiva de Imposto de Renda no Brasil não só é baixa como parte total da carga tributária, como é bastante regressiva.

No Brasil, quem ganha mais, paga proporcionalmente menos.

Não é difícil perceber que com isso a desigualdade aumenta.
FINAL:

Qualquer proposta de reforma tributária séria no Brasil precisa urgentemente corrigir essas discrepâncias.

Esta foi apenas uma pequena conclusão do livro, que repito, é ótimo. Muito mais pode ser discutido em cima dele.
PS: a fonte de todas as figuras é do próprio livro em questão. Abs

#EconTwitter #economicdevelopment #inequality

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