Oi, pessoal. Vou fazer uma atualização rápida das situações das regiões e dos estados brasileiros para que possamos ver juntos qual o tamanho dessa onda (é grande😔). Sigam o fio: 🧶 //1
Olhando o gráfico do Brasil vemos que continuamos com tendência de crescimento tanto de casos como de óbitos, e que a média móvel da taxa infelizmente continua apontando pra cima. Pra mudar isso hoje, só com restrições de mobilidade. //3
A região Centro Oeste segue aumentando, e essa taxa de crescimento indica que a região pode ter um aumento exponencial de casos logo, logo..vejam a taxa de óbitos também, começou a decolar (significa aumento da mortalidade, provavelmente por colapsos dos sistemas de saúde) //4
Quem mais está colaborando pra esse aumento da região centro oeste são GO e o DF, mas MS e MT também indicam aumento (só com menor velocidade, como se pode ver pelas taxas de crescimento). É muito triste ver uma região inteira subindo assim ao mesmo tempo (vimos isso no Sul) //5
Vejam a região Nordeste....também com tendência de crescimento de casos E óbitos, mostrando na prática como a curva do país todo começa realmente a ficar síncrona (similar em todos os locais). //6
AL, MA, CE e PI estão nos mostrando aquele aumento característico de quando vira exponencial (os óbitos também começam a decolar e mostram isso...dá pra perceber que é uma constante?) //7
E como fazer para parar isso, Isaac? Restringindo a mobilidade! Vejam, por exemplo, o estado da BA. Teve restrições de mobilidade iniciando em 26/02 (prorrogadas até 15/03). Essas intervenções não farmacológicas mudaram a mobilidade no estado, vejam o ponto de 26/02: //8
E o que isso fez com a taxa de crescimento de novos casos? Veja que ela ainda subiu mais alguns dias (natural, pois as notificações tem atraso e as ações não são instantâneas) e agora está "lutando", oscilando em uma estabilidade (vírus X mobilidade). //9
Esse é um exemplo importante de como as intervenções atuam, e de como elas não podem durar só um final de semana ou serem só a noite. Vejam que com 15 dias, recém começou a ESTABILIZAR. Se pensarem em flexibilizar, TUDO VOLTA. Li aqui e me preocupei: g1.globo.com/ba/bahia/notic… //10
Lembrando: essa taxa de crescimento tem de descer, passar da linha do "zero" e se transformar em taxa de queda. Aí sim, depois de uma queda sustentada, se pensa em flexibilizar. Quanto mais alto se sobe, infelizmente mais se demora pra descer. //11
Vejam novamente o exemplo do Reino Unido: lockdown severo -> taxa caiu -> início da flexibilização -> taxa já querendo voltar a ser positiva. Isso mostra como essa doença é transmissível e como é duro lidar com ela após uma incidência alta! //12
Ainda no Nordeste, PE está mostrando uma redução na taxa de crescimento, o que é muito bom. A tendência de casos ainda é de aumento, mas a taxa vem caindo. PB, RN e SE vem mostrando tendência de aumento na taxa TAMBÉM. //13
Aqui a mobilidade de Pernambuco. Fica claro que houve uma redução significativa nas categorias de comércio e lazer/locais de trabalho, uma um pouco menor em transporte público e um aumento de pessoas em casa a partir do final de fevereiro. //14
Outro assunto importante que é bom lembrar: vejam como as reduções de mobilidade não são imediatamente atreladas aos decretos (a população PRECISA aderir, e isso acontece em tempos diferentes) --> //15
e a situação do sistema de saúde de cada local indica também como está e como será a mortalidade. Então, cada local terá uma dinâmica diferente de redução de óbitos em relação à redução de mobilidade (sistema colapsando = mais mortos, demora mais pra cair). //16
Entendam que, ao mesmo tempo que conseguimos enxergar uma mudança de tendência nos casos/óbitos a partir da mobilidade (pois isso é físico! menos pessoas em contato = menos contágio) não dá pra fazer uma correlação perfeita, como alguns estudos tentaram e falharam. //17
A região Norte vinha em queda da taxa de crescimento (lembrando sempre que ainda é positiva) mas estabilizou e quer subir. Preocupante!! AP e TO em situação bem preocupante (de acordo com a taxa): //18
Até o AM parece estar querendo estabilizar a taxa, vejam a tendência da curva. Bastante preocupante, o ataque lá já foi enorme. Vejam também PA, AC, RO e...//19
...também RR. Todos os estados com taxa de crescimento positiva. É uma situação nunca antes vista no Brasil (desculpem se estou sendo repetitivo). //20
A curva da região Sudeste é muito similar à do Brasil. Vinha caindo (ainda positiva), virou e agora está apresentando um crescimento perigoso. MG, SP e ES já em ascensão plena: //21
O RJ está em reversão de tendência, ou seja, o que SP e MG passaram há 30 dias atrás, o RJ passa hoje. Fica um pouco difícil de ver pois há represamento (apontei no gráfico os saltos que o represamento dá e estraga a tendência) //22
O que me preocupa no RJ é a mobilidade. Ela é menor do que nos outros estados (o que pode inclusive nos ajudar a entender por que as coisas estão mais lentas por lá) mas não está caindo! Teve uma oscilação forte no carnaval (vejam o buraco em locais de trabalho) //23
Mas a mobilidade do RJ precisaria estar caindo para evitar que a reversão de tendência vire uma exponencial e siga o meeeesmo caminho dos outros estados que vimos aqui. Sugiro muito que repensem e façam restrições agora. Pouparão tempo e dinheiro. //24
E a região Sul? Depois de deixar o sistema de saúde colapsar, de ter recordes após recordes de óbitos (que infelizmente continuarão ainda por alguns bons dias), restringiram, a população (alguns) entenderam, a mobilidade reduziu e a taxa, obviamente, respondeu: //25
Essa establilização na taxa de crescimento é apenas o primeiro sinal de que daqui a 10 dias pararemos de crescer nos hospitais (se as restrições continuarem firmes) e teremos um platô, seguido de uma queda lá na frente...deixar chegar nisso dá um trabalhão pra sair. //26
Fica explícito que, no momento atual, restrições de mobilidade (com adesão da população à elas) são a ação necessária para combater o aumento. É imperativo que sejam feitas e mantidas, e que o governo dê auxílio para quem não conseguir se sustentar durante esse período. //27
Um adendo importante: parece que estamos enxergando um novo aumento na Europa, e lá podemos acompanhar o mesmo movimento que aqui na taxa de crescimento. Vejam Reino Unido, Itália, Portugal e Alemanha. Quanto mais deixa crescer, mais difícil fica de controlar. //28
A mensagem que quero deixar é: vacinem-se assim que a vacina chegar até a categoria de cada um e, enquanto isso não acontece, distanciamento físico de outras pessoas, máscara e higienização. Nada de comer junto com "amigos que se cuidam", nada de reunião com "só 5 pessoas". //29
O momento é de alta transmissão do vírus em todo o país! Ficou fácil de ver com os gráficos, né? Cuidem-se, muito! Fazendo isso, além de não adoecer, nós ajudamos nossos heróis da saúde, aliviando um pouco a barra pesadíssima deles nos hospitais. Abraço e obrigado a todos. //fim
Pessoal, um ponto importante que eu acredito que valha a pena abordar: estamos em uma época dura (a mais dura até aqui), e ver tantas internações, histórias de hospitais e, principalmente, óbitos (cada vez mais perto) nos modifica em algumas coisas. Sigam o fio: 🧶 //1
O que estamos vendo ao nosso redor pode causar ansiedade, pânico, e até desespero em algumas pessoas. Temos de nos ajudar e nos confortar. O desespero não é algo simples, não é apenas choro, e ele traz um comportamento consigo: //2
Ele faz com que queiramos muito, muito, achar boas notícias: isso nos deixa mais permissivos com algumas notícias que ainda são muito incipientes, ou seja, estão em fase inicial. Vemos algumas notícias que não estão nem em um preprint e já saímos celebrando. //3
Mais de 2.200 óbitos notificados nas últimas 24 horas. Estamos novamente flertando com o crescimento exponencial. Na primeira onda, conseguimos frear o exponencial, e foi por pouco: 1,6% a menos na taxa de crescimento diário: redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/09/04/o-e… 🧶//1
O professor @PauloLotufo me lembrou bem que eu havia, ainda em agosto, escrito este texto, junto com a @laribrussa, e fez uma síntese muito boa aqui:
O que isso quer dizer? Que lá na primeira onda, graças a muitas pessoas que ficaram em casa e reduziram a taxa de transmissão, transformamos um crescimento exponencial em um crescimento linear. 1,6% a menos ao dia. na taxa de crescimento evitou mais de 1 milhão de mortes. //3
Pessoal, só em Porto Alegre existem 185 pessoas confirmadas com COVID-19 aguardando UTI.
Faço um apelo: busquem esses dados junto aos seus municípios. Além da ocupação, precisamos saber qual a velocidade de crescimento de novos doentes, para entender se há desaceleração. //1
Isso que vou falar pode parecer óbvio, mas para muitas pessoas não é: no momento em que há o esgotamento do sistema de saúde e não monitoramos o número de pessoas aguardando leitos, as internações em UTI "param de crescer" simplesmente por não ter mais leito. //2
Essa informação é importante para que possamos entender quais os efeitos das restrições de mobilidade atuais em cada local. Restringir mobilidade é duro e difícil, então NÃO DÁ PARA ERRAR. //3
Oi, pessoal. Hoje foi bem difícil, mais do que o habitual, mas atualizei os dados. Ver o resultado de meses de alerta acontecendo deixa a gente meio abalado, né? Sigam o fio para ver como está a epidemia aqui no país: 🧶 //1
Primeiro vamos dar uma olhada no Brasil como um todo. Percebemos casos E óbitos subindo, ultrapassando os dois pontos máximos anteriores. Percebam que a queda leve de casos de janeiro nem apareceu nos óbitos. Isso é provavelmente devido aos colapsos (aumenta a mortalidade). //2
A média móvel da taxa de crescimento de casos, que já era positiva, começou a crescer a cada semana. Como eu calculo isso em cima de casos notificados, e não temos como notificar a mais (só a menos, devido ao atraso), isso significa que a situação é *no mínimo* ruim assim. //3
Oi, pessoal. Fiz a atualização das taxas de crescimento e vou dividir em dois fios: este aqui para as regiões e os estados, e outro depois para os municípios que me foram solicitados. Sigam o fio que a notícia não é boa...🧶 //1
Acredito ser importante contextualizar a situação atual. Em um super resumo: Tivemos uma queda um pouco mais sustentada de casos em agosto, em setembro aumentamos mobilidade, tivemos reversão de tendência na virada pra outubro, aumento sem controle até dezembro... //2
...pequena queda de mobilidade em janeiro também seguida por pequena queda de casos e depois, em fevereiro assim que a mobilidade volta ao normal, temos o que parece ser o início do tsunami previsto ainda lá atrás. //3
Pessoal, vocês estão me vendo amplificar mais a situação do RS nos últimos dias principalmente devido à gravidade e também às decisões equivocadas dos prefeitos. Quero aproveitar esse pequeno fio para falar sobre o comitê científico do RS! //1 🧶
O governo do RS é apoiado por um comitê sensacional, que vem trazendo informações de altíssima qualidade. Vejam aqui todo o contexto: inova.rs.gov.br/comite-cientif…. //2
Isso parece ser algo ótimo, não é? Um estado apoiado internamente por um comitê é a melhor coisa que poderíamos ter, mas tem um problema. As decisoes, que acabam sendo políticas, não estão de acordo com as notas do próprio comitê! Vejam a última nota, de hoje (24/02): //3