Por uma questão literalmente de vida ou morte, o foco do Brasil deveria ser o fim do governo Bolsonaro. A defesa da polarização (que alguns infelizmente encampam) é a defesa de que o governo Bolsonaro mantenha-se de pé até o fim.
Mas esse é só o primeiro ponto.
O Brasil precisa de um novo projeto de país. Porque está se desindustrializando, porque está migrando para uma leitura mais radical dos textos cristãos, porque o meio ambiente está sendo destruído, porque a violência segue alta, e porque educação e saúde continuam longe do ideal.
O foco da polarização, a gente conhece bem, é o de tocar uma campanha inteira na base dos assassinatos de reputação. E de pedir voto tendo por argumento principal a ideia de que o adversário seria uma opção pior.
Isso não há de ser saudável para o país, como não foi. Nas vezes em que o Brasil se entregou a esse clima, tivemos o golpe de 1964, a eleição de Collor e a eleição de Bolsonaro. Nos três casos, a direita mais autoritária e predatória venceu.
O PT só chegou ao poder quando pregou a união nacional. E foi perdendo poder à medida em que o discurso passou a atacar recortes dessa sociedade — médicos, policiais militares, evangélicos, classe média, etc.
Se ainda há na esquerda brasileira quem creia que o caminho é de novo forçar o brasileiro a escolher entre o projeto corrupto e o projeto assassino, eu só tenho a lamentar. Porque eu vi a esquerda americana há pouco conquistar uma robusta vitória com um belo projeto humanista.
Eu creio que Lula é mais inteligente do que o lulista. E que ele já percebeu essa necessidade de uma volta ao centro, a exemplo do que fez em 2002.
Quanto aos lulistas, eu espero que se foquem mais em acertar em 2022 do que insistir que estavam certos em 2018 — se de fato estivessem certos, teriam escolhido uma estratégia vitoriosa, o que não foi o caso.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Em 2018, uma estratégia de Bolsonaro foi a de adiantar ministros (Guedes, Onyx e Pontes) ou indicações ao STF ("alguém do perfil de Moro"), algo que só lembro de ter visto antes com Aécio (Armínio Fraga) ou Álvaro (que prometeu convidar Moro para o Ministério da Justiça)...
Eu acho uma iniciativa válida. Além de ajudar a vislumbrar um futuro governo, há todo um impacto positivo junto ao eleitorado que se quer atingir.
Já imaginou o mundo de manchetes que surgiria caso um candidato prometesse trazer de volta Serra ou Mandetta para a Saúde? Meirelles ou Armínio para a Fazenda? Haddad ou Mendonça para a Educação? Marina para o Meio Ambiente? Santos Cruz para a Defesa?
Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Jair Bolsonaro defende que o próprio governo seguisse colado em Donald Trump para ter o apoio dos Estados Unidos ao “fazer valer a nossa vontade naquele momento”.
Ele queria se referir a algo, mas entendia que não podia fazer referência direta àquilo. Por isso prefere chamar de “aquele momento”.
Antes, ele já havia tentado transformar Eduardo Bolsonaro em embaixador nos Estados Unidos, o mesmo Eduardo Bolsonaro que chegou a fazer seguidas e impunes ameaças explícitas de golpe de Estado.
Aliás, os rumores sobre WandaVision estavam bem errado e ainda bem, pois achei uma porcaria.
Já pensou a entrada dos X-Men no MCU se dar por uma sitcom? Nada a ver.
Só vi alguma brecha para isso no papo de Wanda precisar aprender a lidar com os próprios poderes. Bem que ela poderia procurar um certo professor careca.
Eu imagino que os X-Men virão de uma dimensão paralela. Há um game da Marvel pra celular que mistura X-Men com MCU e explora essa saída. E creio que o papo de multiverso já é uma preparação para essa transição.
Que Jair Bolsonaro fala absurdos para dominar o noticiário, já está mais do que claro. Há confissões dele sobre a prática ao menos desde os anos 1990.
Ele nem sempre faz isso. Quando a derrota é grande, por vezes busca de esconder, vide o sumiço após a descoberta de que Fabrício Queiroz se escondia na casa do advogado do próprio Jair Bolsonaro.
Mais do que absurda, a postura de Jair Bolsonaro me soou desesperada. Soou atitude de quem, com urgência, precisava fazer qualquer coisa para tirar o foco de algo que o incomodava de forma talvez inédita.
O JN mostrando que o dono da mansão comprada por Flávio Bolsonaro namora com uma juíza que trabalha com João Otávio de Noronha, relator do voto que salvou Flávio Bolsonaro no caso Queiroz.