Desastres econômicos:
- Em sete anos de Ditadura, a dívida externa subiu de US$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões. Image
-A inflação do governo civil derrubado pela Ditadura, que era considerada um índice “absurdo alto” pelos militares havia sido de 182% anual. Mas este índice foi superado pela política econômica caótica da Ditadura, que encerrou sua administração com 343% anual
- A pobreza disparou de 5% da população argentina para 28%

A participação da indústria no PIB caiu de 37,5% para 25%, o que equivaleu a um retrocesso dos níveis dos anos 60.
Além disso, a Ditadura criou uma ciranda financeira, conhecida como “la plata dulce”, ou, “o doce dinheiro”.
Ao mesmo tempo em que tomavam medidas neoliberais, como a abertura irrestrita das importações, os militares continuavam mantendo imensas estruturas nas empresas estatais,
...que transformaram-se em cabides de emprego de generais, coronéis e seus parentes e amantes.
Os militares também estatizaram US$ 15 bilhões de dívidas das principais empresas privadas do país (além das dívidas das filiais argentinas de empresas estrangeiras).
No meio desse caos econômico, os militares provocaram um déficit fiscal de 15% do PIB.
A repressão provocou um êxodo de centenas de milhares de profissionais do país.

Os militares, em cargos burocráticos, exacerbaram a corrupção na máquina estatal.
Inteligência Militar: Image
Em setembro de 1980 as autoridades da ditadura de Videla proibiram o uso do livro “O pequeno príncipe”, do francês Antoine de Saint-Éxupery, nas escolas, por considerá-lo “subversivo”. Image
As autoridades militares também proibiram um livro de engenharia elétrica, o “Cuba electrolítica” (isto é, ‘célula eletrolítica’).
Os censores acreditaram que o ‘cuba’ referia-se à ilha caribenha, controlada pelo regime comunista de Fidel Castro.
O jeca (mega-jeca) regime militar proibiu o ensino da teoria matemática dos conjuntos, por considerar que era “subversiva”. Image
A palavra “vetor” também foi proibida nas escolas, já que os militares consideravam que era utilizada na terminologia marxista.
Na lista de autores suspeitos estavam García Márquez, Julio Cortázar, Sigmund Freud e até .... Image
.... e até Marcel Proust, autor do burguês “Em busca do tempo perdido” (obra que para o regime de Videla era um panfleto “marxista” e “pervertido”). Image
Os militares deram o golpe e instauraram a ditadura mais sanguinária da História da América do Sul com o argumento (um dos vários) de que a guerrilha controlava grande parte do país.
Um total delírio.
A pequena guerrilha, mais especificamente o ERP, dominava às duras penas uma pequeníssima porcentagem de Tucumán, a menor província da Argentina (Tucumán tem 1% da área geográfica do país...e os hectares controlados pela guerrilha eram um punhado)
A magnificação imaginária da guerrilha foi útil para os militares e também para o prestígio dos guerrilheiros.
A nenhum dos dois lados era conveniente admitir a realidade, de que a área controlada pela guerrilha era ínfima.
Os militares e os pequenos setores civis que apoiaram o golpe (e os saudosistas daqueles tempos) afirmavam (e ainda afirmam) que o país estava em guerra civil nos nos 70...mas...
..Mas, “guerra civil”, rigorosamente, seriam conflitos de proporções mais substanciais, tais como a Guerra da Secessão dos EUA, a Guerra Civil Espanhola, a Guerra Civil Russa, a Guerra das Duas Rosas (Lancasters versus Yorks, na Inglaterra) ImageImage
...ou a Guerra Civil da Grécia após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ainda: Guerra Civil da Nicarágua, e a de El Salvador.
Isto é: bombardeios de cidades, grandes êxodos de refugiados, centenas de milhares de mortos, uma boa parte de um país controlado por um dos lados, e outra parte controlada pelo outro lado.
Isso não ocorreu na Argentina nos anos 70.
Videla morreu no dia 17 de maio de 2013.
O protagonista da mais sangrenta ditadura da América do Sul no século XX, não bateu as botas... bateu os chinelos. Image
Na época Videla estava cumprindo prisão perpétua na penitenciária de Marcos Paz pelo sequestro, tortura e assassinato de civis, além do roubo de bebês, filhos das desaparecidas.
Muitos generais morrem em campo de batalha, outros são assassinados em revoluções e golpes de Estado. Alguns morrem na placidez do leito em suas casas — e alguns, como seu último suspiro, pronunciam alguma frase patriótica retumbante. Image
O ex-general Videla morreu em uma situação desprovida de teor heroico: sobre o vaso sanitário de sua cela. Image
Ali, o outrora todo-poderoso ditador, com as calças do pijama arriadas, longe da pose marcial, foi encontrado pelos guardas, que o viram sentado, reclinado para a frente, ao lado de um prosaico rolinho de papel higiênico. Image
Tal como no Terceiro Reich e na Santa Inquisição, a ditadura militar argentina (1976-83) protagonizou várias incinerações de livros em diversas cidades do país.
Isto é, além de serial-killers, os integrantes da Junta Militar comandada pelo general Videla, eram piromaníacos. Image
O general Luciano Benjamin Menédez – com a autorização de Videla – transformou-se em um dos principais protagonistas das queimas, para as quais organizava solenidades que presidia e que imitavam as queimas de livros feitas pela Inquisição e o nazismo. Image
“Da mesma forma como destruímos pelo fogo a documentação perniciosa que afeta o intelecto e nossa maneira cristã de ser, serão destruídos os inimigos da alma argentina”, disse Menéndez em abril de 1976.
“Da mesma forma como destruímos pelo fogo a documentação perniciosa que afeta o intelecto e nossa maneira cristã de ser, serão destruídos os inimigos da alma argentina”, disse Menéndez em abril de 1976.
Biblioclasmo ou Livrocídio: Denominações das práticas de destruir – em alguns casos, com cerimônias incluídas – livros e outros tipos de material escrito.

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27 Mar
Soem trombetas e tambores!!! Agora, em nossa sessão "O atacadão do thread".... Plágios & Política: Image
Na Itália, os militantes fascistas, isto é, os jecas idólatras do "Duce" Benito Mussolini, tinham como slogan "Mussolini ha sempre ragione' (Mussolini tem sempre razão).
Cóf-cóf....Não é exatamente um slogan adequado a plagiar... Image
Anos depois, inspirados nos fascistas italianos, para justificar qualquer delírio de Adolf Hitler (o psicopata que comandou a Alemanha entre 1933 e 1945), seus seguidores recorriam ao slogan "Der Führer hat immer recht", que significa "O Führer tem sempre razão". Image
Read 12 tweets
26 Mar
Reunião virtual de Cúpula do Mercosul começa às 10:00, horário de Chascomús e Andradina e Sepetiba.
Não....não começou ainda. Um clássico mercosulino, estar sempre atrasado. Image
Enquanto esperamos os impontuais presidentes, vamos com a orquestra de Osvaldo Fresedo interpretando o tango "El Marne":
Read 14 tweets
24 Mar
Aaaaaatençãooooooo!!!!
Para esta 4afeira, dia 24 de março, uma sessão de nosso clássico ¨O Atacadão do Thread¨:

Hoje, a Ditadura Militar argentina 1976-83
Há 43 anos, no dia 24 de março de 1976, iniciava na Argentina um período de 7 anos da ditadura militar mais sangrenta da História do século XX na América do Sul (uma ditadura q até ressuscitou o uso do empalamento para torturar e assassinar aqueles q consideravam seus opositores)
A ditadura argentina aplicou uma série de formas de eliminar pessoas que considerava “subversivas”, fosse elas vinculadas a grupos guerrilheiros, civis sem militância política alguma, estudantes secundaristas, universitários, empresários, aposentados, entre outros.
Read 48 tweets
14 Feb
Carlos Menem durante os dez anos como presidente da Argentina gerou uma miríade de gafes. Com freqüência tentava ufanar-se de conhecimento intelectual, mas só dava mancadas:…
… quando lhe perguntaram, logo após sua posse, em 1989, sobre seus livros de cabeceira, sustentou que eram as “Obras Completas” de Sócrates. No entanto, o filósofo grego nunca escreveu uma linha sequer.
Seus pensamentos foram recolhidos por seus discípulos Platão, Xenofonte, Aristipo e Antístenes.
Read 6 tweets
14 Feb
Na Casa Rosada, quando alguém fala em “La Metamorfosis” (A Metamorfose) todos sabem que não se trata do livro de Franz Kafka. É o nome da peculiar seqüência de fotos oficiais do ex–presidente Carlos Menem.
A primeira foto, de 1989, mostra Menem na época que emulava seu ídolo, o caudilho Facundo Quiroga, com abundantes suíças grisalhas e uma vasta cabeleira.
Na segunda foto, no meio da primeira presidência, Menem deixava de lado o look prévio e e exibia uma estética mais "discreta"...
Read 5 tweets
14 Feb
O presidente A.Fernández lamenta a morte do neoliberal peronista C.Menem. Fernández trabalhou para o agora defundo ex-presidente nos anos 90 durante "El Menemato" como Superintendente de Seguros.
O presidente Fernández decretou 3 dias de luto nacional pela morte de Menem (Menem, um dos principais emblemas da corrupção na Argentina, condenado a 7 anos de prisão pela Corte Suprema por contrabando de armas, autor do sistema que resultou na crise de 2001-2002)
O embaixador argentino atual no Brasil, Daniel Scioli, lamentou a morte de Menem e fez vários elogios sobre o ex-presidente.
Scioli entrou na política apadrinhado por Menem em 1997.
Read 4 tweets

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