Aaaaaatençãooooooo!!!!
Para esta 4afeira, dia 24 de março, uma sessão de nosso clássico ¨O Atacadão do Thread¨:

Hoje, a Ditadura Militar argentina 1976-83
Há 43 anos, no dia 24 de março de 1976, iniciava na Argentina um período de 7 anos da ditadura militar mais sangrenta da História do século XX na América do Sul (uma ditadura q até ressuscitou o uso do empalamento para torturar e assassinar aqueles q consideravam seus opositores)
A ditadura argentina aplicou uma série de formas de eliminar pessoas que considerava “subversivas”, fosse elas vinculadas a grupos guerrilheiros, civis sem militância política alguma, estudantes secundaristas, universitários, empresários, aposentados, entre outros.
As principais formas eram:
- Jogar pessoas vivas, desde aviões, sobre o rio da Prata ou o Oceano Atlântico.
- Juntar prisioneiros, amarrados, e dinamitá-los.
- Fuzilamento.
- Morte por terríveis torturas
O destino dos corpos:
- Enterrados em cemitérios clandestinos. Ou, em cemitérios oficiais, embora em fossas coletivas como indigentes.
- Jogados no Rio da Prata ou no mar
Desaparecidos:
- Durante a Ditadura, militares e policiais argentinos assassinaram ao redor de 30 mil civis (segundo organismos de defesa dos Direitos Humanos argentinos e organizações internacionais), a imensa maioria dos quais sem militância na guerrilha....
(aliás, paradoxalmente, o próprio exército havia anunciado oficialmente que a guerrilha havia sido destruída no ano anterior, 1975, antes do próprio golpe).
- A Comissão Nacional de Pessoas Desaparecidas (Conadep) reuniu o registro de 9 mil denúncias de pessoas desaparecidas.
- Os militares afirmam que assassinaram “somente” 8 mil civis (segundo declarações dos ex-ditadores Reynaldo Bignone e Jorge Rafael Videla)
- Em 1983 nos últimos meses da Ditadura, um relatório das próprias forças armadas argentinas indicou que a guerrilha e grupos terroristas de esquerda e cristãos nacionalistas teriam assassinado 900 pessoas.
Historiadores afirmaram ao longo dos anos que esse relatório está ligeiramente inflacionado, já q diversos dos mortos da lista militar teriam sido assassinados pelos próprios militares, na miríade de brigas internas (e, convenientemente, teriam colocado a culpa nos terroristas).
Bebês sequestrados:
- Durante a Ditadura 500 bebês foram sequestrados, filhos das desaparecidas (segundo dados das Avós da Praça de Mayo)
- 130 crianças desaparecidas foram recuperadas ou identificadas por suas famílias biológicas (muitas das quais – nos últimos anos - já eram adultos, de mais de 40 anos, quando conheceram suas reais identidades).
Modalidades de torturas:
As torturas aplicadas pela ditadura argentina acumulavam diversas modalidades que – ao longo de dois séculos de História – as forças armadas locais (e as forças policiais) haviam desenvolvido e aplicado....
...nessa cultura da tortura contribuíram know how dos tempos coloniais espanhois, acréscimos sádicos propiciados pelos indígenas, contribuições francesas dos anos 50 e americanas dos anos 70 (e também dos criminosos de guerra nazistas importados por Perón após o fim da 2a Guerra)
- Picana elétrica: criada nos anos 30 na Argentina por Leopoldo Lugones Hijo, filho do escritor nacionalista Leopoldo Lugones. A picana era o instrumento para assustar o gado com choques elétricos nos currais, e assim, direcioná-lo para o abate ou embarque.
Aplicado a seres humanos, tornou-se no instrumento preferido de tortura na Argentina.
- Submarino molhado: consistia em afundar a cabeça de uma pessoa em uma tina d’água. Ocasionalmente a tina também estava cheia de excrementos humanos.
- Submarino seco: consistia em colocar a cabeça de uma pessoa dentro de um saco de plástico e esperar que ela ficasse quase asfixiada.
- O rato no cólon: a colocação de um rato, faminto, no cólon de um homem. Nas mulheres, o rato era colocado na vagina.
Os membros das forças armadas também praticaram sistemáticos estupros em homens e mulheres para, segundo diziam, "combater o comunismo".
As mulheres, ocasionalmente recebiam a opção de serem estupradas ou de serem eletrocutadas na parte interna da vagina e ânus.
- Esfolamento: Os torturadores amarravam um prisioneiro em uma mesa e começavam a esfolar a pele da sola dos pés com uma gilette ou bisturi (esta, especificamente, era um know how praticado pelos indígenas contra inimigos no sul do país).
- Empalamento: Alguns homens foram empalados pelas forças de segurança com cabos de vassoura.
(a gravura abaixo é do século XVI...mas o que acabo de relatar ocorreu na Argentina no século XX)
Um dos casos mais sinistros de torturas foi o do adolescente Floreal Avellaneda, sequestrado no dia 15 de abril de 1976. Filho de um casal de sindicalistas militantes do Partido Comunista, Floreal, que tinha 14 anos quando foi sequestrado, sofreu torturas nas mãos e genitais.
Depois, foi empalado vivo.
No dia 22 de abril de 1976 a polícia uruguaia encontrou em uma praia perto de Montevidéu o cadáver de um jovem violentamente torturado com a marca de uma tatuagem com as letras “FA”.
Posteriormente, com a volta da democracia, a mãe de Floreal pode confirmar que tratava-se de seu filho. Ele havia sido arremessado de um dos aviões que realizavam os “vôos da morte” sobre o rio da Prata.
A seguir, uma breve galeria dos principais torturadores....
O “Tigre” Acosta - Um dos criadores dos “voos da morte” foi o capitão de corveta Jorge “Tigre” Acosta, uma das “estrelas” da Escola de Mecânica da Armada (ESMA).
O oficial, que falava sozinho à noite, em delírio místico explicava aos colegas e prisioneiros que mantinha longas conversas noturnas com “Jesucito” (O pequeno Jesus),
.. ao qual perguntava qual dos prisioneiros deveria torturar no dia seguinte e jogar dos aviões.
Segundo ele, "Jesucito" lhe dava a lista.
Acosta também foi um dos principais sequestradores dos bebês de prisioneiras da ESMA.
O “Anjo Loiro” Astiz – “É o mais sinistro paradigma do terrorismo de Estado”. Com esta frase, o escritor e jornalista Jorge Camarasa, define a personalidade do ex-capitão Alfredo Astiz apelidado de “O anjo loiro da morte”.
Garoto mimado da ditadura, entre seus assassinatos mais famosos estão os das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duquet, além de três fundadoras das Mães da Praça de Mayo, entre elas, Azucena Villaflor.
Astiz foi recompensado por seus serviços com o cargo de comando nas ilhas Geórgias durante a Guerra das Malvinas, em 1982. No entanto, essas ilhas foram o primeiro ponto recuperado pelos britânicos durante o conflito.
Após um único tiro de bazuca disparado pelos britânicos, Astiz desistiu de resistir “até a morte”, como havia prometido. Com com um copo cheio de whisky em uma das mãos, assinou a rendição incondicional.
Donda Tigel - Alfredo Donda Tigel tornou-se famoso por sequestrar seu próprio irmão e a cunhada – militantes da esquerda. Depois de assassiná-los, ficou com suas filhas, que eram bebês.
Ernesto Weber – Oficial da Polícia Federal, era apelidado de “220” pelos colegas militares pelo prazer que sentia em aplicar essa voltagem nas torturas. Foi professor de torturas dos oficiais de Marinha.
El Turco Julián - Julio Simón, chefe dos interrogadores do centro de detenção “El Olimpo”, cujo nome de guerra era “O Turco Julián”.
Ele divertia-se jogando água fervendo em cima de seus prisioneiros políticos.
Simón deleitava-se em torturar os deficientes físicos, jogando-os do alto de uma escada.
Além disso, saboreava cada minuto no qual estuprava a esposa de um prisioneiro na sua frente.
Simón,que ostentava uma suástica no uniforme argentino, tinha especial sanha com José Poblete, um jovem militante que havia perdido ambas pernas em um acidente.
Simón lhe havia retirado a cadeira de rodas e as pernas ortopédicas, e divertia-se – às gargalhadas – jogando-o para cima ou obrigando-o a desfilar na frente dos outros policiais arrastando-se sobre os tocos de seus membros.
O ex-policial foi condenado pelo seqüestro e torturas infligidas ao casal Gertrudis Hlaczik e José Poblete Roa em 1978.
Ele também foi considerado culpado do seqüestro de Claudia, o bebê de apenas oito meses do casal, e do ocultamento de sua identidade.
Ele fazia Gertrudis andar nua pelos corredores, enquanto que José, sem as pernas, devia se arrastar com as mãos pelo chão.
Simón e os outros guardas o chamavam de “cortito” (curtinho), por causa da ausência dos membros inferiores.
O torturador também costumava jogar Poblete desde o alto de uma escada.
Fracassos econômicos e militares:
– Além de ter sido a mais sanguinária Ditadura foi um fracasso tanto na área militar como na esfera econômica.
- Em 1978, o general e ditador Videla levou o país a uma escalada armamentista contra o Chile. Em dezembro daquele ano, a invasão argentina do território chileno foi detida graças à intermediação papal.O custo da corrida armamentista colocou o país em graves problemas financeiros
- Em 1982, perante uma crise social, perda de sustentabilidade política e problemas econômicos, o então ditador Galtieri decidiu invadir as Malvinas p/distrair a atenção da população. Resultado:após breve período de combate,os oficiais do ditador renderam-se às tropas britânicas

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2 Feb
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Hoje, algumas nuances sobre traduções de questões escatológicas.
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7 Jan
Atençãooooo!
Breve thread:
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