"Estão tentando politizar o coronavírus". Concordo.
Desde o primeiro dia de pandemia no Brasil, as respostas vindas do governo federal e do presidente da república constantemente ignoram as evidências científicas, e focam em ações políticas, frustradas, de negação da realidade👇
1️⃣ A Ciência disse: "A COVID-19 mata cerca de 1% dos infectados. Isso pode levar a um milhão de mortes no Brasil" (já são quase 300.000)
Resposta POLÍTICA de Bolsonaro:
— "É só uma #gripezinha. Não vão morrer nem 800 'no tocante a questão do vírus'"
2️⃣ A Ciência disse: "Sem vacinas, a principal forma de conter o vírus é evitando aglomerações"
Resposta POLÍTICA de Bolsonaro:
— Vai contra medidas de distanciamento físico, e promove aglomerações.
Quando juntam negacionismo e desapreço pela Ciência temos essa realidade: um laboratório natural de evolução viral.
Brasil tem mais de 10,5 milhões de casos, e só ~3500 genomas do vírus sequenciados. Mal sabemos que inimigos enfrentamos, nem onde estão. nytimes.com/2021/03/03/wor…
É sempre importante lembrar:
1️⃣ Seja lá qual variante do coronavírus esteja circulando, a transmissão viral depende de contato próximo entre pessoas.
2️⃣ Usar variantes para justificar aumento de casos significa ignorar que no Brasil faltam políticas efetivas de combate à COVID.
Diante de variantes mais transmissíveis (seja por maior carga viral, por terem período infeccioso mais longo, etc), medidas de prevenção precisam ser ainda mais duras
Mas não é o que vemos no Brasil, com estabelecimentos e ônibus lotados, festas clandestinas, fiscalização frouxa
The amino acid deletion ∆69/70 has been used as a proxy for detecting viruses from B.1.1.7 ('UK variant'). The same marker has been used in the US, but we caution against its use. We identified a new SARS-CoV-2 lineage (B.1.375) with that same feature.
A new lineage circulating in the US (B.1.375, arrow) shows the same deletion ∆69/70 in the spike protein, and a set of unique amino acid substitutions were found in this lineage: ORF1a T1828A, ORF1b E1264D, ORF3a T151I, and M I48V.
Viruses in the lineage B.1.375 have been identified in all regions of the US, specially in states where genomic surveillance of SARS-CoV-2 has been done frequently, such as: Connecticut, Florida, California and Wisconsin.
A evolução, seja de vírus ou de qualquer organismo, não segue uma caminho linear, mas sim caminhos que se dividem, onde diferentes linhagens seguem rotas evolutivas independentes. Ao longo dessas rotas, cada (população de) coronavírus acumula cerca ~2 mutações por mês
Explico 🧶
Estas são árvores filogenéticas do SARS-CoV-2, do @nextstrain
1️⃣ com escala de tempo
2️⃣ com escala de mutações
Na árvore 2: cada círculo nas pontas representa um vírus, e se partirmos da raiz da árvore (no zero), várias rotas nos levam até 3.000+ vírus: nextstrain.org/ncov/global
As rotas evolutivas que cada (população de) vírus segue é praticamente única. Assim, ao longo de cada rota, cerca de 22 mutações ocorrem por ano, mas se somarmos as mutações acumuladas por CADA rota, chegamos a centenas de milhares de mutações.⚡️🧬
1️⃣ Mutações virais ocorrem com frequência (para SARS-CoV-2, vemos ~2 mutações por mês)
2️⃣ A grande maioria das mutações NÃO são vantajosas ao vírus.
3️⃣ Esqueçam a ideia de "mutantes superpoderosos". Não é assim. Não são X-Men 🚫
Explico👇🏽
Vírus com genoma de RNA utilizam uma enzima chamada RNA polimerase dependente de RNA: é uma pequena 'máquina' de copiar RNA com base em outras moléculas de RNA.
Essa 'máquina', no entanto, é falha, e durante o processo de cópia, geram erros (etapa 5 acima): estas são as mutações
Mutações em genomas virais acontecem o tempo todo. Porém, grande parte delas não chegamos nem a ver: são danosas ao vírus, e os mutantes não prosperam.
As poucas mutações que vemos são mantidas por mera chance (pois são neutras), e uma rara minoria oferece alguma vantagem.
A cobertura vacinal no Brasil vem caindo desde 2015, e em 2019 a queda foi ainda mais brusca. Isso é lamentável, pois surtos de Sarampo têm voltado com força. Já fomos melhores no quesito imunização.
Para não cairmos em crises de saúde pública maiores, vacinação é essencial.