Thread by @profinfluencer

Você sabia que a luta para que Bolsonaros não mais existam é uma luta essencialmente Anticapitalista?
Segue o 🧶:

Antes de tudo é preciso pensar que caras como o Bolsonaro não nascem durante um processo eleitoral, eles nascem a partir das contradições de uma sociedade desigual, de um Estado e de um Sistema que foi e é incapaz de lidar com as suas contradições históricas acumuladas.

Poderia retornar pra o início da Colonização, mas basta olhar a reivindicação do bolsonarismo pelo período ainda mais recente, a Ditadura Militar, para compreender que um período tão violento se fosse realmente superado não seria nem reivindicado e não deixaria feridas abertas.

Questão é que a militarização presente nos laços sociais e políticos ainda é um exemplo disso e uma forma também de garantir com que o Brasil siga fazendo parte do ciclo que a ordem de mercado global colocou a América Latina, de "colônia de lucro".

Fazer da América Latina um local de instabilidade onde se alternam governos autoritários e menos abertamente autoritários com raros suspiros de centro-esquerda é uma forma de garantir o imaginário de que quem controla a política por aqui é o mercado global representado pelos EUA.

Ou seja o Capitalismo precisa de golpes, o Capitalismo precisa de Ditaduras, o Capitalismo precisa transformar a América Latina (sobretudo o Brasil, maior potência econômica daqui) em um espaço histórico onde ninguém tenha paz.

Isso se faz ainda mais visível em momentos de intensa Acumulação do Capital, que optam por chamar de crises. O sustento da ordem econômica mundial é garantido dessa forma.

Civilizar significa colonizar a partir da destruição do que significa o Outro.

O Outro do Mercado é aqueles que dão com a vida a garantia do lucro. Se for necessário é preciso discursar de forma odiosa contra o outro e se também for é preciso parecer que se respeita o Outro.

Em "O Discurso sobre o Colonialismo", Aimé Césaire afirma que "No fim do Capitalismo, desejo de se sobreviver, há Hitler. No fim do humanismo formal e da renúncia filosófica, há Hitler".

Ou seja quem produz os Hitler's, quem produz o fascismo, o nazismo, é o Capitalismo.

Césaire também não deixa de afirmar que "que é o nazismo - uma barbárie -, sim, mas antes de serem as suas vítimas, foram os cúmplices; que o toleram, esse mesmo nazismo, antes de o sofrer; absolveram-no, fecharam-lhe os olhos, legitimaram-no, porque até aí só se tinha aplicado +

aos povos não-europeus."

Não precisamos fazer comparações do que é a conjuntura Brasileira atual com a alemã, basta olharmos nosso passado e o mais recente. Entender que um país que mata sem-terra, que deixa pessoas sem casa, sem comida, sem escola, que tira guia de trabalhador

que faz com que pessoas vivam com uma arma apontada pra cabeça produz esse tipo de anomalia, feita pela base do mesmo sistema que alimenta essas desigualdades.

O Neoliberalismo portanto, que seria essa renovação do próprio sistema, é culpado, é aliado do fascismo.

Precisamos superar esse governo, mas é mais necessário superarmos a forma com que gera esse tipo de governo. De década em década, e às vezes por muito tempo, assistimos o surgimento de períodos do tipo, de figuras do tipo.

Termino com o trecho ao qual Césaire começa a obra citada:

"Uma civilização que se revela incapaz de resolver os problemas que o seu funcionamento suscita, é uma civilização decadente."

Não dá pra apenas se ligar no que pode acontecer em 2022.