Eu gostaria, claro, como todos os acionistas da Oi, que o valuation tivesse sido melhor e fatia vendida, menor. Mas não achei ruim como foi por alguns motivos:
1. Quando a Oi começou o processo de busca de investidores para a InfraCo, o (1/9)
range inicial para o Enterprise Value (EV) era entre R$ 13 bi e R$ 26 bi. Assim, R$ 20 bi é um valor médio, que pode aumentar.
2. A questão dos IRUs (Indefeasible Rights of Use). Como a Oi vai vender os direitos de uso da fibra e não a propriedade, isso precisa (2/9)
ser levado em conta na avaliação e não podemos esperar o mesmo valuation de um negócio em que é vendida a propriedade.
3. Foi solucionado o problema com a Globenet, que traz um custo de mais de R$ 1 bi por ano para a Oi, com pouco retorno.
4. Foi aumentado de (3/9)
R$ 2,5 bi para R$ 4,1 bi o valor da dívida que a InfraCo terá que pagar para a Oi S.A., isso possibilitará que a Oi pague as debêntures em dólar que vencerão no início do ano que vem, começando o processo de redução da exposição cambial, que vai trazer muito mais (4/9)
segurança para o case.
5. Vejo a parte mais importante do futuro da Oi não sendo a fibra, mas a parte de clientes, especialmente os corporativos (Oi Soluções). Nesse sentido, a venda de parte da fibra (assim como da operação móvel, das torres, dos data centers, (5/9)
da Unitel e dos imóveis), serve, em primeiro lugar, para manter a Oi viva, enquanto ela se torna uma empresa de excelência no campo operacional, e, em segundo, criar valor.
Se pudéssemos ter uma venda que criasse mais valor, seria ótimo, mas é mais importante, (6/9)
no momento, vender uma parte da InfraCo para garantir a sobrevivência, especialmente endereçando as dívidas em dólar, do que não vender pelas ofertas que existem na mesa e se manter mais tempo numa posição arriscada de alta dívida em moeda estrangeira e necessitando (7/9)
captar muito dinheiro para a expansão da fibra.
Mais uma vez, o Rodrigo Abreu demonstra grande capacidade estratégica. Vendo a impossibilidade de manter uma empresa tanto de infraestrutura quanto de clientes em nível de excelência, faz a escolha pelo caminho (8/9)
que acredita que trará mais resultado no longo prazo, focando na parte de clientes e usando a infraestrutura como alavanca.
Agradeço ao @dicasinvest pelas excelentes conversas que me fizeram refletir sobre esses pontos. (9/9)
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Está terminando o maior pesadelo da Oi, a dívida em dólar
Vou falar sobre a relação entre a dívida em moeda estrangeira (predominantemente dólar) e a dívida em moeda nacional. Para simplificar, vou deixar de lado a dívida com a Anatel, (1/25)
pois ela é por demais complexa e, até recentemente, era judicializada, trazendo dificuldades para trazê-la a valor presente, e além disso, sofreu um grande desconto em negociação com a AGU, que pode ser melhorado a partir da nova lei de recuperação judicial. Vou (2/25)
usar então os dados da dívida bruta divulgados nos balanços da Oi, que não inclui a dívida da Anatel, tratada em nota específica.
A Oi entrou em recuperação judicial em junho de 2016. Houve um longo processo de renegociação com os credores que acabou culminando (3/25)