Atrizes do pornô brasileiro se uniram para denunciar os abusos sexuais e assédios que sofrem dentro da indústria. No fio abaixo, você lê esses relatos. #AbusoSexualÉCrime
⚠️ A reportagem contém descrição e relatos de violência sexual ⚠️
Ellen "Amanda" Jeniffer de Souza (@amandab2018) afirma que foi estuprada pelo ator Wagner Roberto de Carvalho, 46 anos, o @Vagninhoxxx. Os dois foram contratados pela produtora Fetichistas.
No primeiro dia de gravações, Wagner a assediava perguntando se a atriz queria ter relações sexuais com ele fora do trabalho, além de tocar em seu corpo sem autorização. O assédio foi percebido por profissionais que estavam trabalhando no set.
Ellen teve que dormir com Wagner, porque só havia uma cama disponível para os dois. O ator a penetrou enquanto dormia, conta Ellen. “Na mesma hora pulei da cama chorando e gritando. Vale a pena frisar que eu não fui a primeira atriz com quem ele fez isso”
Além do boletim de ocorrência e exame de corpo de delito, Ellen expôs o ator em um grupo de trabalho do WhatsApp de atores, atrizes e produtores do universo pornô brasileiro. No mesmo grupo, Vagninho disse ter testemunhas que provam o contrário e que tudo foi um “mal entendido”.
Apesar de negar o crime no grupo WhatsApp com outros profissionais, o ator assumiu o que fez para a atriz no dia do ocorrido e ainda tentou reverter a situação pedindo desculpas.
A atitude de Ellen reverberou entre muitas atrizes do meio, que fizeram um novo grupo no WhatsApp e se uniram para expor casos de abusos sexuais e psicológicos. Outras 4 atrizes conversaram com a Ponte, incluindo Barbara Alves, de 23 anos, que também abriu um BO contra Vagninho.
Segundo Barbara, o ator abusou sexualmente dela 5 meses antes de eles realizarem um trabalho juntos. “Tive traumas e passo na psicóloga até hoje, o único que me violentou foi ele. E ele não foi punido”, afirmou a jovem, que não quis entrar em maiores detalhes.
Outro alvo de denúncias é Fábio Silva (@binho458), diretor e ator da HardBrazil. Ameaças, abusos sexuais e psicológicos estão entre as violências relatadas por atrizes que trabalharam com ele.
.@AgathaLudovino, de 21 anos, é uma das atrizes que participou de um dos vídeos de Fábio. Ela conta que era nova na área e seu primeiro contato com o diretor foi nas redes sociais, quando procurava trabalho e logo foi contratada.
Depois do primeiro trabalho, Ágatha passou a testemunhar abusos de Fábio a outras atrizes. Ela conta que foi abusada sexualmente duas vezes e presenciou uma ameaça de abuso do diretor contra uma amiga.
Quando decidiu expor o diretor na internet com um vídeo, no ano passado, Ágatha foi ameaçada por um amigo do diretor e retirou o conteúdo do ar. As acusações circularam no meio, mas Ágatha acabou isolada.
Em 2019 Fábio recebeu o troféu de melhor diretor no Prêmio Sexy Hot, principal premiação do pornô nacional. “Vi o canal que trabalhamos dando um prêmio para ele como melhor diretor no mesmo ano que eu fiz as acusações e ninguém nem me perguntou nada sobre”, lamenta.
Ágatha também relata que xingamentos e recusas de trabalho por conta da gordofobia fizeram parte da trajetória dela na pornografia. “O Fábio mesmo já me chamou de ‘baleia’, disse que eu seria uma ninguém. Isso no dia que ele tentou abusar da minha amiga”.
Assim como Ágatha, a atriz @EvelynBuarque, de 23 anos, também diz ter sofrido abuso sexual de Fábio. "Estava me maquiando quando me abusou, não havia cenas combinadas entre nós (...) Na época não fiz denúncia pois ele me ligava ameaçando acabar com minha carreira”.
Evelyn conta que pediu ajuda e contou sobre a situação para colegas de trabalho, mas mesmo assim não teve forças para fazer um B.O. “Fiquei com medo, pois querendo ou não ele é um cara bastante nomeado no meio no pornô e eu era apenas uma novata tentando ganhar a vida”, diz.
Ela relata que acusações contra @binho458 são comuns no meio. “Eu não fui a primeira e infelizmente não vou ser a última. Muitos donos das produtoras e atores sabem dos abusos dele e fazem vista grossa, por esse motivo muitas meninas ficam quietas com medo de denunciar”, afirma.
Procurada pela reportagem, o Grupo Playboy do Brasil, detentor da marca Sexy Hot, disse que repudia qualquer ação que exponha imagens de ator e/ou atriz que tenha a conotação de abuso sexual.
A história de abusos se repetiu em 7 de fevereiro de 2020 com a atriz @TehAngel_ofc, de 27 anos. A jovem diz que foi forçada por Fábio a fazer cenas que estavam fora do combinado para o filme “Carona com o Tedy”.
“Ele (@binho458) me chamou para fazer uma gravação, cheguei lá, ele se ofereceu para fazer meu perfil no site XVideos, disse que ia me ajudar com a conta, que seria bom pra mim. Assim ele acabou gravando mais conteúdos do que o combinado, e pagando o cachê por apenas uma cena”.
“Acabou a gravação, ele veio falar comigo e eu não respondi mais nada, aí ele depositou meu cachê e ficou tentando puxar assunto, mas eu estava sem reação, aí ele depositou mais um valor e falou: ‘acabei de mandar mais um dinheiro para ver se você fica feliz’”.
Os relatos de violência sexual no universo pornográfico brasileiro fazem parte de um cotidiano vivido por muitas mulheres. Dados divulgados em 2020 revelam que a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil.
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A Ponte procurou Binho por telefone e a HardBrazil por e-mail e por rede social. Em mensagem o diretor afirmou que “nenhum fato é verdadeiro” e que “não autoriza qualquer publicação com seu nome ou o da empresa”.
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Familiares e amigos de Thiago Aparecido Duarte, de 20 anos, realizaram nesta noite a missa de sétimo dia em memória ao jovem negro que morreu após 13 dias internado. Thiago foi baleado na boca por um PM de folga em 8 de abril.
"É duro. Jamais pensei que fosse perder meu filho assim. Sempre falei: se você for abordado, obedece. Uma vez fiz uma carteirinha, justamente pensando para quando ele fosse abordado, dizendo que ele era especial, mas ele perdeu" - Queli Cristina da Silva Duarte, mãe de Thiago.
"Eu quero justiça. Esse policial que fez isso com o Thiago tem que pagar. Ele tem que ser preso. Do mesmo jeito que ele matou o meu sobrinho, ele pode matar outro inocente. Ele não pode exercer a profissão, é um risco para a sociedade" - Juliana de Souza, tia do Thiago.
Jovem negro com deficiência intelectual, Thiago Aparecido Duarte de Souza morreu na madrugada desta quarta, no Hospital Geral São Mateus, em São Paulo, após passar 13 dias hospitalizado. Ele havia sido baleado na boca por um policial de folga, em 8/4. Tinha 20 anos.
O policial que matou Thiago deu diferentes versões para explicar por que atirou nele. Primeiro disse que Thiago havia tentado roubá-lo. Depois mudou de versão e disse que o jovem havia participado do roubo a um funcionário de uma empresa telefônica. ponte.org/pms-atiram-em-…
A família conta que Thiago havia saído de casa para comprar pão e leite. No caminho, encontrou com um amigo, Fernando Henrique, suspeito de ter participado do roubo ao funcionário. Foram abordados pelo PM Denis Soares quando conversavam na rua. Foi quando o PM atirou em Thiago.
No Brasil, o que mais tem são George Floyd: pessoas negras mortas por agentes do Estado. Diferente do que ocorreu hoje nos EUA, contudo, os anos passam e a Justiça não responsabiliza ninguém. Duvida? Pega o fio. 👇
Negra, lésbica e mãe, Luana Barbosa dos Reis foi espancada até a morte por três PMs em 2016. Cinco anos depois, a família ainda espera um julgamento. ponte.org/a-historia-de-…
O líder comunitário Leandro Machado foi morto por guardas municipais da cidade de São Paulo em 2003. Faz 18 anos que a família aguarda um julgamento. Os GCMs, que nunca foram presos, até já se aposentaram. ponte.org/quinze-anos-de…
AGORA EM SP | Manifestantes se concentram neste momento em frente ao Masp, na Av. Paulista, contra a retirada da gratuidade do transporte público para idosos de 60 a 64 anos.
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O ato é organizado pela Mães em Luto da Zona Leste com apoio do @passelivre_sp. "Os idosos usam a passagem para ir em exames. Tirar a gratuidade é tirar a vida dos idosos", diz Ilda Azevedo, 62, coordenadora das Mães.
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Neste #DiaDoLeitor, relembramos episódios de lives da Ponte que contaram com a presença de grandes autores brasileiros, como o @poetasergiovaz, a biógrafa Cláudia Canto, a chargista @LaerteCoutinho1 e o antropólogo Luiz Eduardo Soares (@luizeduardosoar)
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