Muito, muito, MUITO feliz de compartilhar nosso mais recente trabalho que acabou de ser publicado na @ScienceMagazine, juntamente com @paulo_prguima e @tbquental!
Neste artigo, nós (@tbquental, @prguima e eu) exploramos se a maneira como as espécies de aves interagem com as plantas das quais se alimentam depende de quão estáveis são as espécies de aves. Mas o que queremos dizer com "estável" neste contexto?
Os humanos têm diferentes "tempos de vida", alguns chegando a uma idade bastante avançada e outros morrendo mais cedo. Também interagimos com outras pessoas com padrões diferentes:
Pessoas extrovertidas, por um lado, geralmente interagem com muitas pessoas diferentes e são frequentemente o ponto de conexão entre muitos grupos diferentes, enquanto que pessoas tímidas geralmente formam laços fortes com poucas pessoas mais próximas.
Além disso, idosos tiveram mais tempo para conhecer muito mais pessoas ao longo da vida do que jovens. Seguindo essa linha de raciocínio, podemos fazer um exercício mental e pensarmos em cada um de nós como uma espécie diferente.
Como nós, diferentes espécies têm longevidades diferentes (ao longo de milhares ou, mais comumente, milhões de anos) e interagem com outras espécies de acordo com padrões distintos.
Assim, essas diferentes longevidades podem influenciar a forma como as espécies interagem entre si, pois essas diferentes espécies têm mais ou menos tempo para estabelecer e manter essas interações.
Muito foi descoberto sobre como as interações entre espécies são organizadas dentro das comunidades, mas pouco se sabe sobre como essas redes de interação são montadas em escalas de tempo profundas (ou seja, milhões de anos).
Sendo assim, decidimos testar se existe alguma associação entre a longevidade (ou estabilidade, como chamamos no artigo) em escalas de tempo geológicas e os padrões de interação que as espécies de aves apresentam em redes de dispersão de sementes.
Para isso, utilizamos modelos matemáticos, dados sobre as interações entre as espécies de pássaros e as plantas que elas dispersam, bem como dados sobre as relações evolutivas entre as espécies de aves.
Como principal resultado do estudo, descobrimos que as espécies que estão no centro das redes de interação pertencem a linhagens que são mais estáveis ao longo de milhões de anos.
Isso significa que as espécies de aves mais estáveis ou interagem com um maior número de espécies de plantas, ou aproximam grupos de plantas uns dos outros, conectando diferentes grupos de espécies.
Essa relação é ainda mais forte em ambientes mais quentes e úmidos, destacando o efeito do ambiente abiótico em moldar a interação entre animais e plantas em escalas de tempo geológicas.
Nossos resultados podem ser de importância fundamental para compreender como essas redes e funções do ecossistema se estruturam ao longo do tempo e do espaço, e podem ajudar também a entender como elas podem responder a futuras extinções mediadas pelo homem.
Além disso, ele foi acompanhado de um ótimo comentário de Carolina Bello e @elisabarretop
In this paper we (@tbquental, @paulo_prguima and I) explored if the way bird species interact with the plants they feed on depends on how stable the bird species are. But what do we mean by "stable" in this context?
Humans have different "lifespans", with some of us reaching quite old ages and others dying at a younger age. We also interact with other people with different patterns:
Uma das interpretações para o termo "fóssil vivo" vem do fato de essas linhagens apresentarem ramos muito longos em filogenias moleculares, muito mais longos do que a maioria das espécies normalmente apresenta. Um exemplo disso é a Tuatara, esse bichinho simpático da foto.
Porém, esses ramos longos muito provavelmente são artefatos do modo como as filogenias são construídas. Essas filogenias, em sua maior parte, são construídas usando apenas dados de DNA das espécies viventes hoje em dia (já que para fósseis é praticamente impossível obter DNA).