Para começar a falar de Renato Gaúcho, ou Portaluppi, precisamos entender que estamos falando de um treinador que, gostem ou não, entregou MUITO em seu último trabalho.
Foram mais de 4 anos e meio à frente do Grêmio, tempo que, para o futebol brasileiro, beira um milagre.
Nesse período, ele ganhou uma Libertadores (e fez mais duas semifinais), uma Copa do Brasil (e fez mais uma final e duas semifinais), uma Recopa Sul-americana, quatro títulos regionais, mais de R$500mi em vendas para seu time e, é claro, uma estátua.
Mas será que dá para repetir o sucesso? Como Renato faria o Corinthians jogar se fosse contratado? Ninguém tem bola de cristal, então não existem certezas.
Mas existe o histórico. Como Renato fez o Grêmio jogar? Quais foram seus erros e acertos?
Hora de entender.
Vamos ao campo, começando pela defesa.
A ideia era baseada na meia-pressão. No momento defensivo, o time se posicionava em uma altura média do campo, até onde permitia que o adversário progredisse. A partir dali, o combate era próximo e mais agressivo.
Mas há um detalhe muito importante nesse sistema. Algo que gerou muitas críticas, mas que funcionou na maior parte do tempo.
Essa meia-pressão, apesar de se desenhar em zonas, tem encaixes e longas perseguições individuais. Simplificando: cada um escolhe um e pega até o fim.
Reparem no vídeo lá de 2017, da semifinal da Libertadores: duas linhas de 4 com dois sobrando na frente.
Cada um tem sua posição, mas, depois do encaixe individual, o jogador deve mantê-lo, mesmo que precise sair de sua zona.
Nesse lance, essa fluidez no posicionamento é ainda maior. Detalhe para Arthur. Ele ameaça subir porque quem marcava o homem da bola era um dos 2 que sobram na frente. Como Cortez assume, ele recua para a zona. Depois eles trocam novamente.
Esse tipo de deslocamento é visto como um problema por muitos. Em primeiro lugar, porque os jogadores acabam correndo mais. Em segundo, porque erros individuais custam caro. Se um larga, complica pra todos os outros.
Por outro lado, é mais difícil errar nesse sistema.
Não há confusão quanto a quem é de quem e nem pontos cegos, como pode acontecer na zona. É uma escolha tática incomum, mas perfeitamente razoável.
O importante que seja bem executada.
Quando não é, o time se expõe.
Nesse lance, ainda em 2017, Ramiro opta por descolar um pouco do seu homem para subir a pressão. Ele até percebe o erro. Edílson precisa trocar para cobrir e seu vigiado fica livre. Um passe pra trás poderia ser fatal.
O sistema se manteve por muito tempo. Em 2019, podemos ver a mesma ideia. Há dois encaixes individuais claros. Só quem troca de jogador e defende a zona é Maicon, que está sem ninguém e dobra para ajudar a proteger seu espaço.
Em 2020, esse sistema individual foi “amenizado”.
As perseguições longas continuaram, mas mais na linha de meio-campo. Até 2019, era comum ver Kanneman, em especial, “caçar” atacantes até a lateral ou o meio-campo. Isso diminuiu muito. Até pela queda física dele e de Geromel.
Apesar de polêmica, a ideia defensiva de Renato faz muito sentido dentro de sua lógica de jogo.
Isso porque a LIBERDADE DE MOVIMENTAÇÃO é peça-chave em seu esquema. Mas você vai entender melhor essa relação já já. Primeiro, precisamos falar sobre ataque.
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Agora sim. Vamos tentar entender o que fez o Grêmio de Portaluppi encantar o Brasil em diversas ocasiões.
Há duas grandes chaves para isso. A primeira eu já disse, LIBERDADE DE MOVIMENTAÇÃO. A segunda é a APROXIMAÇÃO.
Vamos analisar.
Se na defesa os jogadores não precisam ficar tão presos às suas zonas, imaginem no ataque.
Renato gosta de que seus homens circulem, leiam os movimentos do time e ocupem os espaços que precisarem, não os pré determinados. Isso vale principalmente para o meia.
Sabem? O meia...
No esquema 4231 que foi usado na imensa maior parte do tempo, o meia central da linha de 3 é essencial. E, em 2017, o Grêmio tinha um craque nessa posição.
Se o Luan de hoje gera dúvidas, aquele era o Rei da América. E muito disso era por sua capacidade de entender o jogo.
Vejam esse gol, também da semifinal da Libertadores de 17. Luan começa a jogada na esquerda, vai pra direita, recua e termina na entrada da área finalizando. Esse era seu trabalho. Acompanhar a bola na construção para gerar apoios + atacar a área.
Mas Luan não era o único com liberdade para se mover. Aliás, é exatamente essa ideia que fez com que outro conhecido da nossa torcida fosse titular desse time.
Ramiro não é um jogador habilidoso ou técnico, mas nessa exata proposta e naquele exato momento, era importante.
Observem. Ramiro, o meia-direita do 4231, abandona seu setor. Centraliza, em busca de APROXIMAÇÃO. Na sequência, Jailson sente a dividida, então ele ocupa o lugar de volante. Depois, Jailson volta e Luan cai para a direita. Ramiro ataca o funil.
Pode parecer pouco, mas Ramiro fez exatamente o que esse jogo pede. Leu os movimentos do time e ocupou os espaços que precisavam ser ocupados.
No fim das contas, Luan fez o gol, mas Ramiro estava logo atrás dele, para o caso do meia precisar abrir ainda mais na construção.
POR FAVOR, não entendam isso como um "O Ramiro deva ser titular caso Renato venha". Não é isso. É apenas uma demonstração de como, para esse estilo de jogo em especial, é importante que os jogadores tomem decisões, procurem a bola e ocupem os espaços.
Mais duas mostras dessa ideia de APROXIMAÇÃO, responsável pelas trocas de passe que fizeram o futebol do Grêmio eficiente e vistoso.
No primeiro, em especial, Ramiro, Luan, Arthur e Barrios... Todos se deslocam para o mesmo lugar. É o plano.
Assim como a ideia defensiva, esse jeito de atacar se manteve por mais de 4 anos.
Esses gols são de 2018. Paciência com a bola, APROXIMAÇÃO, LIBERDADE DE MOVIMENTAÇÃO... Atenção especial às trocas de Luan com os volantes. Se ele recua, alguém avança.
Mesmo em 2020, quando o desempenho caiu, a ideia estava lá. Olho em Pepê. No gol, ele ataca o espaço por dentro. Diego, então, cai pela esquerda e encontra o “novo pivô”. Contra o Palmeiras, ele atravessa o campo e se associa a Alisson.
Lembram que eu disse que as perseguições individuais fariam sentido?
Se seu time está trocando de posição toda hora para atacar, não dá pra apostar em zona fixa. Dificultaria DEMAIS a transição. Além do que, o jogador está aprendendo a NÃO ficar fixo. É melhor não confundi-lo.
E, falando em transição, você já deve estar cansado do termo pressão pós-perda, né?
Pois é, mas em 2017 nem todo mundo falava disso. A pressão pós perda com Renato não é aquela agressiva, para retomar a bola o quanto antes, mas ela é ESSENCIAL para a ideia.
Dois lances para ilustrar. Quando o Grêmio perde a bola, o objetivo é um só: atrasar o adversário.
Ninguém sai correndo para trás, afinal, o time joga em meia-pressão. Mas também não precisa dar bote. A intenção é montar a armadilha e forçar o erro.
Se a transição defensiva não é tão agressiva, a ofensiva também não. O Grêmio gostava de trabalhar a bola, aproximar e construir. Assim sendo, não é preciso ser TÃO veloz. Até porque, Luan e um 9 eram as flechas.
Isso não significa, no entanto, que não haja gols de contra-ataque. Esses dois lances são provas cabais de como não é só colocando correria que se explora uma transição.
E é claro que o segundo gol precisava estar nessa thread.
Ficou claro? Meia-pressão e perseguições longas, transição ofensiva cadenciada, construção com aproximação e liberdade de movimentação e um pós perda que temporiza e induz ao erro.
Essa é a base de jogo que Renato Gaúcho mostrou no Grêmio.
Além desses aspectos táticos, enato tem outros dois pontinhos (estou acabando, juro!) que poderiam ser bem importantes para o Corinthians: trabalho com a base e resgate de jogadores com potencial.
Quem nunca disse “No Grêmio ele vai jogar bola”? Por um bom tempo, essa foi a solução para carreiras em baixa.
Cortez, Léo Moura, Maicon, Edílson, Marcelo Oliveira, Alisson, Ramiro, Diego Souza, Fenandinho... todos estavam em baixa quando passaram pelas mãos de Renato.
É claro que não dá pra exagerar. André, Tiago Neves, Tardelli... ele não é à prova de falhas. Mas todos sabemos que nosso elenco é recheado de jogadores que não estão entregando nada e que, em algum momento, já mostraram que podiam render. Resgatar alguns deles seria fantástico.
E se ele consegue trabalhar com quem parece decair, o mesmo vale para quem ainda precisa mostrar.
Cebolinha, Arthur, Jaílson, Pedro Rocha, Pepê, Matheuzinho, Jean Pyerre, Luan, Ferreirinha, Vanderson, Rodrigues... Inúmeras promessas viraram realidade nas mãos do professor.
Raul, João Victor, Bruno Méndez, Léo Santos, Xavier, Roni, Vitinho, GP, Adson, Varanda, Cauê, etc.
Você pode gostar de alguns e não gostar de outros, mas você precisa admitir: potencial jovem não nos falta. Renato teria tudo para encontrar algumas boas jóias por ali.
Treinar o Corinthian, hoje, não significa ser favorito aos grandes títulos. Renato precisaria estar disposto a topar um desafio. Reduzir seu salário, contratar pouco, explorar o que já tem e dar uma identidade ao time. Tudo isso reduz muito as possibilidades. Mas não eliminam.
O Corinthians faz barulho. Somos o maior time do país, a vitrine é enorme... Ganhar aqui é diferente. Renato sabe disso. Talvez por isso as conversas, hoje, sejam de que a chance é real.
Agora é esperar para ver.
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DOSSIÊ DOS JOVENS QUE ESTÃO TREINANDO NO PROFISSIONAL
A novidade do dia foi a integração de 9 jovens da nossa base junto ao elenco profissional. Mas quem são eles? Se liga nesse fio organizado por @luissfabiani, @beatrizoccoler e @iurimedeiros13 para descobrir!
👤 Cauê Vinícius
📅 18 anos
⚽ Atacante
ℹ️ Sub-20
Talvez seja o jogador de maior hype nesse sub-20. Com apenas 18 anos, é um atacante de muita velocidade, mas que se posiciona muito bem para finalizar. Pode ser útil seja jogando em transições rápidas, fazendo a função do (+)
Léo Natel, seja jogando contra defesas fechadas, com sua boa leitura de espaços para estar no lugar certo e na hora certa.
É figura carimbada na seleção de base e na última temporada anotou 8 gols em 28 jogos pelo Timão.
CONHEÇA OS JOVENS QUE MERECEM UMA CHANCE NO PAULISTÃO 2021!
Com os problemas recentes, o Corinthians deve disputar o Paulistão com muitos jovens no elenco. Pensando nisso, separamos um fio com os nossos conteúdos sobre as principais promessas do Timão. Confira o🧶!
CAUÊ
Atacante
19 anos
Com possibilidade de atuar pelos lados, o centroavante é um nome muito interessante para brigar com Jô pela posição. É considerado uma das grandes promessas do Brasil.
O jogador se tornou uma peça vital da equipe sub-20 de Coelho como um meia-armador e segundo volante. Tem bons passes e consegue trabalhar bem as suas finalizações.
Conheça um pouco mais de Tiago Nunes, o novo treinador do Corinthians.
Tiago Nunes é bem versátil quando se trata de esquema, costuma se adaptar bem ao que o elenco lhe oferece como característica.
Chegou ao Athlético adotando um 4-2-3-1, pós eliminação para o Boca, com um foco na Copa do Brasil, utilizou o 4-3-3 e o 4-1-4-1.
Como marcam as equipes de Tiago Nunes? O CAP costumava marcar com bloco alto utilizando um 4-2-4, com foco principal que os extremos fechem os laterais adversários, dificuldade uma transição pelo lado.
Geralmente, o combate é feito pelo centroavante e por um dos meio-campistas