O BOLSONARISMO VAI FICAR ENTRE NÓS POR MUITO TEMPO
Bolsonaro pode ser removido constitucionalmente ou derrotado eleitoralmente. Mas o bolsonarismo não.
Veja por quê seguindo o fio.
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O bolsonarismo achou uma fórmula eficaz para infectar as pessoas com uma narrativa que faz sentido para elas (porque bate com seus velhos preconceitos, ressentimentos por não serem levados em conta e anima sua raiva, sua vontade de revanche e seu desejo de vingança).
Além disso achou o meio ideal de montar um partido ideológico descentralizado: os grupos de WhatsApp (ou Telegram) familiares, de fiéis religiosos, de turmas de ex-alunos etc.
Formando uma corrente de sectários que chega a alcançar, no seu núcleo mais fiel, cerca de 15% da população, há dúvidas de se esse contingente de antidemocratas consegue ser metabolizado pela democracia.
Milhões de pessoas que nunca compareceram ao debate público viraram, em pouco tempo, parte significativa da população politicamente ativa.
Não há como eliminá-las (e se houvesse, não seria correto), mas também não há como convertê-las (à democracia e, em alguns casos, à humanidade) pois seus espaços de interação são, em sua maior parte, privados.
São pessoas-bot conduzidas por poucos hubs (cerca de 200), que atuam 24 horas por dia fazendo-as replicar fake news urdidas centralizadamente.
Assim como a eleição de Biden não acabou com o trumpismo, a eleição de qualquer líder não bolsonarista não acabará com o bolsonarismo, sobretudo se for eleito um líder populista que pratica a política como guerra do "nós" contra "eles".
Sim, a eleição de Lula escalará o nível do conflito instalando uma guerra civil fria de longa duração. Isso significa que entraremos num período de maior recessão (senão de depressão) democrática.
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POR QUE ESTAMOS RELAXANDO O DISTANCIAMENTO SOCIAL NO BRASIL?
Qual o governador ou prefeito consegue aguentar a pressão dos empresários que querem abrir a qualquer preço (mesmo que o preço seja em vidas humanas)?
Siga o fio.
A rigor, nem os meios de comunicação, que precisam de anunciantes, aguentam a pressão. Deve ser por isso que todas as manchetes falam de número de vacinados (com a primeira dose) e não dão tanto destaque para os imunizados (com duas doses: no Brasil, menos de 10%).
Deve ser por isso que ninguém mais se escandaliza com o fato de que o Brasil é o único país do mundo (com exceção da Índia) que tem em um dia mais de 2.500 mortos (como foi registrado ontem).
E num segundo turno Bolsonaro x Lula, em quem você votaria? Toda hora me aparece um gaiato perguntando isso. É uma pergunta-cilada.
Veja a minha resposta seguindo o fio.
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Se avaliar que não depende do meu voto, ou seja, se a distância entre Bolsonaro e Lula for ampla para qualquer um, não voto em ninguém. Se estiverem empatados, é claro que um populista não-genocida é menos pior que um populista-genocida.
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Mas a pergunta quer induzir que uma polarização populista já é certa. Não deve ser. O imperativo democrático é impedir um segundo turno Bolsonaro x Lula. Se temos de escolher o menos pior entre dois populistas, é sinal de que a catástrofe já aconteceu.
O populista contemporâneo - seja de esquerda ou de direita - não se parece em quase nada com o velho demagogo ateniense ou romano, nem com nossos antigos coronéis da política.
Siga o fio, por favor.
Populista não é aquele que promete ao povo o que não pode fazer e gasta irresponsavelmente. É aquele que usa a democracia contra a democracia.
O que caracteriza o populista contemporâneo, seja o neopopulista (como Evo ou Correa), seja o populista-autoritário (como Trump ou Bolsonaro), não é ser assistencialista, clientelista, centralizador e se apresentar como salvador (ainda que ele possa ser ou fazer tudo isso).
VOTO IMPRESSO É HOJE A PRINCIPAL ARMADILHA DE BOLSONARO
Bolsonaro discursou na manifestação golpista de ontem (15/05/2021).
Siga o fio.
“Se tiraram da cadeia o maior canalha da história do Brasil, se para esse canalha for dado o direito de concorrer, o que me parece é que, se não tivermos o voto auditável, esse canalha, pela fraude, ganha as eleições do ano que vem.”
Como Lula poderia fraudar as urnas eletrônicas? Por que ele não fraudou todas as eleições que perdeu? A acusação é uma afronta ao TSE e ao STF. E é uma preparação para negar o resultado eleitoral de 2022.
O punitivismo está tão entranhado na cultura patriarcal - "limpar o mundo dos maus" - que as pessoas acreditam que prender uma dúzia de corruptos midiáticos vai diminuir a corrupção.
Siga o fio para saber por quê não vai.
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Dezenas de milhares de corruptos não perderam um minuto de sono com a prisão de Eduardo Cunha (que, aliás, já está solto e vai voltar à corrupção logo que tiver uma chance).
Continua...
Cruzadas espetaculosas de limpeza ética tendo como alvo poucas dezenas de corruptos são ações de propaganda política, não de justiça.