Os suspeitos usuais (grandes jornais) se esforçando ativamente para abafar os eventos de ontem é um sinal claro de que alguma coisa aconteceu, de que tudo não foi em vão. No mínimo de que ainda não tiveram a reunião com a diretoria para decidir como vão agir daqui para frente.
Evento crucial, pois as manifestações de ontem não apontavam para a tal e tão desejada - por eles - "terceira via", muito, mas muito pelo contrário. E eles sabem disso... E ainda assim insistem.
Eu digo, insisto e repito. Já passou da hora de abandonar a ideia de que alguns atores tradicionais da direita como o "Mercado" e o "Editorial dos grandes jornais" são construídos por sujeitos razoáveis capazes de cálculos políticos precisos. Muito pelo contrário.
Na sua maioria, tratam-se de sujeitos capazes de destruir seus negócios (e um veículo de imprensa é isso) por conta de suas ideologias.
Nesse caso, preferem se manter em cima do muro na esperança que o Messias volte dos céus e viabilize a tal terceira via de extremo-centro (pois só assim). Mesmo que isso represente o risco de ter que passar por mais quatro anos de bolsonarismo.
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E ao contrário do que muita gente acredita, esse cenário não favorece os produtores, muito pelo contrário. Não se trata de um cenário de inflação no qual a população vai poder se adequar, perdendo apenas um pouco mais do seu poder de consumo: a população já está no limite.
Da mesma forma que o aumento do preço da carne está causando uma crise no setor de frigoríficos, o aumento do preço do frango, do porco e do ovo devem gerar um cenário semelhante. Aumento do preço, diminuição severa do consumo.
Gostaria de saber se quem gritou "vai PM" em 2014 vai fazer o mesmo agora? Pois enquanto uma galera estava tomando tiro, porrada e bomba protestando contra as violações de direitos humanos promovidas pelo evento, tinha muito Governista gozando com violência policial.
E não me venham dizer que não ocorreram violações. E não foram poucas. Havia motivos para protestar na época, como agora. O que não havia era motivo para aplaudir a ação repressiva das forças policiais.
O pior dessa fala não é o ressentimento tacanho que ela expressa, mas a ideia que ela aciona de que toda crítica ou protesto contra governos compostos pela esquerda partidária é automaticamente "de direita" ou pior, responsável pela ascensão do bolsonarismo.
Sempre que se surge o assunto fotografias e protestos eu vejo o mesmo conjunto de respostas "não podemos mostrar que temos medo", "é importante tirar fotos agora divulgar", "temos que nos posicionar". Respostas que apelam, sempre, para o voluntarismo.
Política é organição.
(1) Tais respostas/justificativas ignoram o fato de que movimentos sociais vem sendo criminalizados no Brasil tem pelo menos uma década, e que fotografias e material nas redes tem sido usados para isso.
(2) que existem formas MUITO mais eficientes e seguras de se divulgar um evento/protesto, fotos aéreas, fotos distantes, vídeos mostrando as bandeiras, cartazes, mas que não mostrem o rosto dos participantes. E existem coletivos e pessoas especializadas na produção desse material
Galera que for colar nos protestos sempre bom lembrar: protesto não é festa, não é evento social. Favor não se fotografar ou fotografar/marcar os/as compas. Se forem se organizar em grupos, por favor usem meios seguros como signal.
Em tempos de pandemia é fundamental estar atento aos procedimentos e medidas de segurança, uso de máscaras (PFF2 de preferência) e manutenção de distância mínima entre as pessoas. Tenham responsabilidade.
Vários coletivos estão se organizando para distribuir máscaras e dar orientações de segurança. Quem tiver condições pode levar algumas PFF2 extras para distribuir, que seja uma apenas, já faz diferença.
O bolsonarismo está desesperado para retomar o controle da narrativa nas redes. Veja o caso do Pastor conselheiro, ele está desde ontem implorando para que seu vídeo se viralize. Percebam o timing: lançado logo após o fim dos trabalhos semanais da Comissão.
Não é coincidência, é tática para quebrar o "flow" que a CPI instaurou nas redes. É fato atrás de fato (e fatos que são transformados em narrativas de circulação ampla) contra o governo. Eles já perceberam que durante os dias de trabalho da CPI vai ser complicado quebrar isso.
O foco se volta para as sextas e fins de semana. Donde a ação do Pastor, que foi gestando a polêmica ao longo da semana para tentar emplacar um hit no apagar das luzes.
Digo e insisto, nesse momento a única coisa que sustenta Bolsonaro no poder é o fato de que os grupos políticos que estão na linha sucessória não tem nenhum interesse de sentar na cadeira presidencial.
As forças armadas acreditam estar numa distância segura da catástrofe que virou o Brasil - e de fato, creio, a percepção geral da população sobre elas não deve ter mudado muito. Assumir a cadeira poderia colocar essa distância em risco.
O "Centrão" também está muito confortável com um governo enfraquecido, reduzido ao papel de fiador da rapinagem. Governos sobrevivem pela sua força ou pela sua fraqueza, Bolsonaro parece esta nesse segundo grupo.