não tinha como a gente dar certo. era como fazer um peixe andar de bicicleta. a lua finalmente afogada no mar, materializando os desejos que separam aquilo que inunda do que ilumina. não havia como você ficar na minha pois ‘ficar’ nunca foi o seu verbo favorito.
e porque pronomes possessivos também nunca foram o meu forte. na verdade, são meu ponto fraco. tudo que acredito ter deixa de ser meu no mesmo instante da constatação. é sempre um jogo de pique-esconde: quando finalmente avisto o amor, percebo que mais distante estou dele.
e mais próximo estou de mim. então não tinha como dar certo. “dar certo” é um país que você nunca visitou. um município que seus pés nunca conheceram, aquele sabor de pizza que nunca tentou por medo de não gostar. você não quis fazer dar certo comigo porque dar certo significaria
sair da sua zona de conforto. você finalmente conheceria a cidade a pé, se prepararia para ver o pôr do sol no lugar mais improvável do bairro, descobriria enfim que há outras maneiras de consumir o céu. e você sequer tentou.
dói isso. deixou de ser antes mesmo que eu
conseguisse ir a um café contigo ou te dedicar um livro. antes que eu te fizesse uma playlist de músicas românticas ou te marcasse em histórias engraçadas de casais que se conheceram acidentalmente no meio da rua. não deu tempo de te mostrar onde dói, quem fez doer e por que
a dor permanece aqui. a verdade é que você foi embora antes que eu pudesse levantar a pele e dizer: este sou eu.
mas você também não aguentaria essa parte de mim. o sentimentalismo barato ou a fome de mundo que trago debaixo da língua. a emoção que carrego quando sinto que
estou vivo; a ansiedade para lidar com pequenas decisões ou a dúvida que me consome sempre que estou prestes a me declarar. você não ficaria se eu te dissesse que oro antes de dormir mesmo sem fé; que escrevo textos e escondo-os para não me confrontar. e que, por deus, como
eu gostei de você.
mas tinha como dar certo, não é?
eu deixei de ter você no momento em que pensei tê-lo. você nunca andou de bicicleta pelas ruas da cidade comigo. e seus olhos não viram o pôr do sol mais bonito que este céu já me deu.
pronto. podem sofrer agora. ☹️
esse texto é só pra dizer que quem quer ficar, fica. e que você merece uma dessas pessoas. alguém que seja o improvável peixe andando com você na sua bicicleta pela cidade rumo ao ponto privilegiado para ver o pôr do sol.
o texto está no meu Instagram também, caso queiram ler por lá 🥺bit.ly/34xOkwg
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eu só sei que a gente perde. e nunca estaremos preparados pra perder: pessoas, momentos, memórias. mas a gente segue pois, no final do dia e de tudo, ainda resta a própria vida pra tocar em frente. ainda existe o nosso corpo e existência pra fazer acordar e viver o dia seguinte.
pra você que perdeu alguém importante, quaisquer que sejam as circunstâncias: o dia seguinte é uma promessa de vida. viva a dor, o luto, o choro e toda a tristeza, mas lembre-se que você ainda está aqui. vivendo e respirando. e isso, por si só, já é um milagre.
tenho pensado muito sobre morte. muito mesmo. e desejado que a gente pare de banalizar algo tão forte, em um momento tão difícil no nosso país. as perdas são diárias, cotidianas, mas tô aqui desejando muita paz pra quem perdeu alguém.
alguém sempre vai embora primeiro. alguém sempre caminha um passo a mais na esperança de que a dor fique logo para trás e as lembranças morem no passado de uma vez por todas.
de repente, as conversas já não surtem efeito e as borboletas no estômago deixam de voar.
perecem na função de manter o amor, a paixão, a ternura acesas. a luz é apagada, a porta é fechada, o portão é aberto: um dos dois estará indo, voando, enfim, para nunca mais voltar.
alguém sempre vai embora primeiro.
quando a risada já não faz cócegas na adrenalina do peito.
“todas as coisas que eu te escreveria” é um livro que fala sobre a coragem de sentir. sobre viver o mundo e enxergar a vida de olhos abertos e coração ainda mais: é necessário ter mais pele e menos punho para viver o amor.
já à venda em qualquer livraria on-line do país. 💛
EU TÔ PASSANDO MALLLLLLLLLL
meu Deus!!!! Parece a primeira vez que tô fazendo isso!!!!!!! Socorro gente!!!!
eu sempre vou acreditar no amor e nas pessoas, independentemente dos que me machucaram. não importa a mágoa de outros relacionamentos, a maneira como alguns me abandonaram, a forma como cada um seguiu seu rumo.
eu acredito no amor pois acreditar nele é acreditar em mim, entende?
acreditar no amor me dá a possibilidade de confiar que nenhuma ansiedade vai morar em mim por muito tempo, porque se encontrar alguém é importante, e é ainda mais encontrar ele dentro de mim e eu quero tanto encontrá-lo aqui, no meu coração.
foi difícil te dizer adeus, mas seria ainda mais se eu te mantivesse por perto. você não merecia a minha confusão, muito menos as vezes que eu ficava em silêncio, preso nas próprias paranóias e pensamentos. você não merecia as dúvidas que eu carregava com tanto afinco nos ombros
tampouco as perguntas que eu me fazia quando estava sozinho, longe de você: “será que vale a pena?”
porque quando as perguntas começam a transitar entre um momento e outro; quando a insegurança começa a tomar conta dos dias horas minutos; quando existe a dúvida se vai ser bom
Por incrível que pareça, o quarto está mais bonito que esse 🗣
quem leu o fim em doses homeopáticas notou que a ilustração de cada capítulo relata um momento da relação desse casal? o começo, o meio, o fim e o depois do fim. neste, eles dormem cada um pra um lado da cama, simbolizando que algo ali já não fazia sentido.