O FLAMENGO É A ESPERANÇA CONTRA ''ESPANHOLIZAÇÃO'' DO FUTEBOL BRASILEIRO
Dizer q a arrumação nas contas do Flamengo e a ascensão do rubro-negro nos últimos três ou quatro anos "espanholiza'' o futebol brasileiro é uma distorção completa dos fatos nos últimos trinta anos.
Como é repetida insistentemente, parte da geração mais nova, que não tem a perspectiva histórica correta, acaba embarcando nessa furada. Aliás, divulgar mentiras absurdas e escabrosas sobre o Flamengo é recorrente na torcida arco-íris, embora geralmente não seja por má intenção.
Entre 1971 e 2000, nos 30 primeiros campeonatos brasileiros, os clubes paulistas levantaram 11 títulos [36%] contra 11 dos cariocas [36%] e 8 [28%] das equipes das demais federações. Não havia nenhum estado que pudesse bater no peito e dizer que dominava o futebol brasileiro.
Entre 2001 e 2018, no entanto, os paulistas ganharam 11 dos 18 campeonatos disputados. Ou seja, cerca de 62% de todos os torneios. Os cariocas tiveram sua participação reduzida 3 [16%]. As outras federações tiveram a fatia reduzida para 22%.
[Se esticarmos até 2020, já incluindo a ascensão do Flamengo, as proporções ficam em 55% pra São Paulo, 25% pro Rio, 20% pras demais federações].
Se analisarmos os números década a década, notamos o mesmo processo de concentração em torno dos clubes paulistas.
Na década de 1970, São Paulo venceu 4 brasileiros, contra 2 dos gaúchos e 4 das demais federações. Na de 1980, a vantagem foi toda carioca: 5 taças contra 2 dos paulistas. As demais federações levaram 3 [ou 4, dependendo de como se considere 1987].
Nos anos 1990, São Paulo conquista 5 taças, contra 4 do Rio e apenas 1 das demais federações. Apesar da vantagem paulista nos anos 1990 e da dificuldade das demais UFs acompanharem o ''eixo'', a hegemonia paulista ainda não se realizara.
Mas na primeira década do novo século, São Paulo leva SEIS campeonatos brasileiros, cinco deles CONSECUTIVOS. O Rio fica com apenas 2. As outras unidades da Federação com 2 também. Entre 2001 e 2018, São Paulo levanta 5 dos 8 troféus, contra 1 do Rio e 2 das demais UFs.
É evidente para qualquer um que analise os números com a mínima honestidade que a ''espanholização'' vem acontecendo sim: ela é a imensa, inédita, e aparentemente irrefreável concentração de recursos nos clubes paulistas.
Isso não afeta só o Rio. O RS não vence um Brasileirão desde 1996, há 25 anos! MG conseguiu conquistar brasileiros mas a um preço q só agora se torna claro: a destruição financeira do Cruzeiro, que já está há dois anos na segunda divisão e sem perspectivas concretas de melhoras.
Quando se fala q "o Flamengo vai espanholizar o futebol brasileiro'', eu apenas sorrio ironicamente. Como assim? É o contrário. O Flamengo é o único clube com capacidade de, pelas próprias forças, fazer frente à hegemonia e concentração de recursos em torno do futebol paulista.
Como 'naturalizam' uma superioridade q só foi imposta recentemente, os torcedores dos grandes de SP ñ percebem o óbvio. Os caras ganham 4 ou 5 brasileiros seguidos e acham ''normal''. O Flamengo ganha 2, e estamos seriamente ameaçado pela concentração econômica. Só pode ser piada
Eis a missão histórica do Flamengo na próximas décadas. Colocar limites à ''espanholização'' provocada nas últimas três décadas. Só nós podemos fazê-lo. Porque só nós temos condições de enfrentar a máquina de dinheiro do maior estado do país.
Errata: *Na década de 1970, São Paulo venceu 4 brasileiros, contra 2 dos cariocas e 4 das demais federações.
** Entre 2011 e 2018, São Paulo levanta 5 dos 8 troféus, contra 1 do Rio e 2 das demais UFs.
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O fato de grupos pós-modernos não reivindicarem autores liberais clássicos nada implica contra o cerne ideológico de suas agendas: são movimentos anti-essencialistas defendendo a liberdade do indivíduo para definir sua identidade livre de qq constrangimento comunitário.
Essa luta pela ''liberdade do indivíduo'' contra quaisquer constrangimentos coletivos, principalmente aqueles legitimados por uma natureza ou forma superior ao próprio indivíduo, é um dos elementos centrais do sujeito moderno setecentista.
Socialistas utópicos, e mais tarde marxistas, bem como os fascistas, colocaram limites a essa abordagem que já era central ao liberalismo de seu tempo. No século XIX, ela se voltou, em primeiro lugar, contra a ordem tradicional, baseada em status e valores aristocráticos.
Peguemos o exemplo do mov. estudantil. Como analisá-lo em sua realidade social?
Primeiro temos de entender a formação de um amplo mercado de trabalho impulsionado pelo capitalismo: urbano, industrial, de colarinho branco e consumo de massa.
Em segundo, temos de entender onpapel do sistema educacional como forma de ascensão INDIVIDUAL e adesão à nova "classe média" de ethos burguês.
O sistema universitário criou uma massa absurda de jovens vivendo longe dos pais e demais autoridades tradicionais.
Essa massa adentrava uma subcultura cosmopolita, com parâmetros globais de reconhecimento mútuo, um "conhecimento" socialmente legitimado.
E era uma geração q pela primeira vrz consolidou a ideia de qo JOVEM é portador do futuro e apto a ensinar aos mais velhos.
A maior parte dos países do mundo é uma mescla conflituosa e desarmoniosa entre estruturas arcaicas e pré-modernas e instituições diversas do mundo moderno. Poucos deles são fabricações sociais quase que completamente modernas, como é o caso ianque.
Nos EUA, o arcaísmo se esconde em dimensões muito profundas, que mal tocam o tecido social e a existência cotidiana dos cidadãos. Existe, claro, mas não é evidente.
Já no Brasil, e no caso sul-americano em geral, as estruturas arcaicas são extremamente poderosas.
O imaginário sul-americano é profundamente arcaísta, a cultura popular é mobilizada diretamente por elementos pré-modernos em quase todas as dimensões da vida social, e embaralham as estruturas liberais que orientam a vida oficial do país.
A desistência de Federer de Roland Garros levanta uma pequena questão de ética desportiva. O mestre suíço tinha plena consciência de que não tinha qualquer chance de título na França, como chegou a admitir em entrevista dias antes do início do torneio.
Seu objetivo explícito é manter chances de título em Wimbledon, que é disputado daqui a três semanas.
Como não atua consistentemente há mais de um ano, Federer usou Rolanga pra ganhar ritmo pra Wimbledon.
E saiu da competição quando ela afunilou e passou a exigir demasiado de seu corpo. Ou seja, ele não quer se arriscar a uma lesão que comprometa seu maior objetivo.
Mas até que ponto é ético usar o major francês e abandonar de uma hora pra outra, só porque considera conveniente?
A minha crítica à decisão do Alto Comando de não punir Pazuzu se dá porque prefiro a crise institucional e a possibilidade de golpe que se seguiria.
Bozó provavelmente mandaria retirar o Gal Paulo Sérgio do Comando do Exército, q é, na verdade, seu objetivo, já q ñ se conformou com a derrota no caso Pujol. Chegaríamos à encruzilhada: Paulo Sérgio teria de entregar o Exército a Bozó, ou tirar o mentecapto-mor da cadeira.
Ou seja, não tem sentido defender a punição sem abraçar suas consequências: o golpe militar que seria necessário pra passar por cima da autoridade presidencial.
Mas a grande mídia, que cai em cima do Alto Comando do Exército, estaria disposta a apoiar esta resolução do conflito?
Sobre um calcanhar de Aquiles do projeto do Ciro Gomes, segue o fio:
1) O PDT está feliz pela recém conquistada posição nas alianças político-partidárias de esquerda. Mas elas, por si só, não significam capital eleitoral. Que o diga Alckmin em 2018. Muito palanque, pouco voto.
2) Daí se estabelece um problema fundamental para o projeto de Ciro, para o qual ainda não há resposta clara, a não ser uma vaga crença no poder de convencimento, típico de quem cultua um debate e não compreende eleição como mobilização de paixões;
3) De pouco adianta o desejo de que o debate pública seja racional e movido pela arte do convencimento. Um líder tem de meter a mão na realidade nua e crua. Projetos políticos falam para o lado afetivo, psicológico, emotivo, para o imaginário das populações;