A REDE DE DESINFORMAÇÃO É OUTRA, DONA NATÁLIA...

Além da falta de compromisso com a verdade, o ex-jornalismo do Grupo Globo, em nome da obsessão antibolsonarista, parece ter também abandonado qualquer preocupação com a ética.
Na reportagem abaixo (O Globo de hoje, 12/6/2021) a jornalista Natália Portinari alega que “canais na internet, entre eles de apoiadores de Bolsonaro, ganharam dinheiro disseminando notícias falsas sobre a pandemia”.
No topo do que a jornalista chama de “lucrativa rede de desinformação”, está ninguém menos que o veterano jornalista Alexandre Garcia, que durante décadas trabalhou para o Grupo Globo, até ser contratado, há relativamente pouco tempo, pela CNN.
Para acusá-lo (e aos demais) de disseminar notícias falsas com finalidade de lucro, a jornalista Natália usa como um dos argumentos o fato do próprio YouTube ter retirado do ar alguns desses vídeos, o que não prova absolutamente nada: basta lembrar que até recentemente empresas
como Facebook suprimiam postagens sobre a origem laboratorial do novo coronavírus por serem “falsas”, e agora, quando até o governo americano reconhece que essa possibilidade existe e manda investigá-la, essas mesmas empresas tiveram que voltar atrás (sem pedir desculpas,
até onde sei, a quem elas censuraram).

O outro argumento para acusar o ex-colega de empresa e outros integrantes da “lista negra” (até o macarthismo tinha mais dignidade...) de disseminar “desinformação valiosa” é a alegação de que eles teriam feito
publicações “sem base em provas”.

Ora, quantas vezes vocês já viram no jornal O Globo, por exemplo, matérias “jornalísticas”, artigos de opinião, editoriais etc. acusando a polícia do Rio de Janeiro de “massacre de inocentes”, sem provas? Quantas vezes esse
mesmo jornal (juntamente com outros órgãos do mesmo grupo de mídia) não trouxe artigos chamando de “racista” a Polícia Militar, sem provas? Assim como, sem provas, afirmou que as forças policiais do Rio de Janeiro combatem os traficantes mas não as milícias (a propósito, a
polícia acaba de prender o maior chefe da milícia no Rio de Janeiro, conhecido como Ecko).

Nenhuma dessas afirmações sem provas justifica censura ou fechamento do jornal O Globo, ou de qualquer outro órgão da mídia tradicional, assim como não justificaria afirmar que seus
integrantes buscam “lucrar com a desinformação”. Tampouco seria razão para investigação por uma CPI circense.
Seria motivo, isso sim, para que jornal e jornalistas fossem processados por dano moral - exatamente o que eu acho que @alexandregarcia e os demais atingidos pela reportagem da senhora Natália deveriam fazer com ela e com o jornal que a publicou.

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12 Jun
A “LUZ DA CIÊNCIA” E O APAGÃO DA DEMOCRACIA

Ontem, a CPI 🎪 da COVID ouviu dois oposicionistas de carteirinha: uma microbiologista midiática que nunca tratou de um paciente sequer, e que transita entre o histrionismo e a histeria, e um médico simpatizante assumido de Lula.
Até aí, tudo bem.

Ocorre que a mesma CPI convidou para depoimento na próxima semana outros dois profissionais da área de saúde com posições opostas aos dois acima mencionados sobre essa doença nova, a respeito da qual as dúvidas ainda são maiores que as certezas, com inúmeros
estudos chegando a conclusões diferentes.

A ideia é correta. Medicina não é ciência exata, e através do debate, com contraditório assegurado, o conhecimento médico tem evoluído ao longo dos séculos.
Read 7 tweets
10 Jun
Coisa boa é abrir o pacote da encomenda e encontrar essa maravilha aqui.
“Scalia Fala”, a primeira obra traduzida para o português de um dos maiores juízes da Suprema Corte americana de todos os tempos, Antonin Scalia.
O texto é brilhante, e no entanto escrito em linguagem tão simples e acessível (e bem humorada!) que ninguém precisa ser formado em Direito para compreender as questões que Scalia aborda; dentre elas, uma que tem muita relação com o momento atual do Brasil: o ativismo judicial
e o perigo que ele representa para a democracia.

Mais uma grande iniciativa desse dínamo que é a minha querida amiga Cláudia Rodrigues e da Editora E.D.A., do grande Edson Morais Piovezan.
Excelente tradução do Amauri Feres Saad.
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28 May
Hoje há no Brasil, pela primeira vez desde o fim do regime militar, um jornalista preso em razão de suas opiniões. Ele é apoiador do presidente Bolsonaro e foi preso pelo STF.

Hoje existe no Brasil, pela primeira vez desde o fim do regime militar, um deputado federal preso
por suas palavras e opiniões, apesar do artigo 53 da Constituição lhe garantir imunidade penal. Ele é apoiador do presidente Bolsonaro e foi preso pelo STF.

Hoje existem no Brasil, pela primeira vez desde o fim do regime militar, pessoas respondendo a inquérito por
terem participado de manifestações (pelo menos uma foi presa). Elas são apoiadoras do presidente Bolsonaro e respondem a inquérito por ordem do STF.
Read 4 tweets
11 May
Um tal de Núcleo de Assessoria Jurídica da UFRJ mandou um vídeo para o ministro Fachin, do STF, com “indícios de execução sumária” praticada pela polícia na operação no Jacarezinho, na semana passada.
Com base nesse vídeo, o valente ministro Fachin exigiu que a polícia fosse investigada, e repetiu: “há indícios de que policiais praticaram execução sumária”.
O vídeo era falso, e agora o tal Núcleo, que é da Faculdade de Direito da UFRJ, teve que reconhecer isso e pedir a Fachin que exclua o vídeo dos autos.

A universidade é federal.
O tribunal é federal.
O vexame é mundial.
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8 May
Minha homenagem ao policial André Frias, que tombou defendendo heroicamente a população humilde do Jacarezinho, subjugada e aterrorizada pelos criminosos do Comando Vermelho.
Discurso emocionante do Secretário de Polícia Civil Alan Turnowski, cuja coragem e competência são dignas de aplauso.

Na pessoa do Secretário e também na do Delegado Fabricio Oliveira, que comanda a CORE, minha homenagem aos valentes policiais civis do Rio de Janeiro, que ao
lado dos não menos valentes policiais militares deste estado enfrentam o que a maior parte das forças policiais do mundo não consegue imaginar nem em seus piores pesadelos.
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7 May
Da série: ATIVISMO JUDICIAL PRÓ-BANDIDO

Folha de São Paulo: matéria publicada no site em 07 de maio de 2012 às 15:05. Tema: operação policial no Jacarezinho, que resultou na morte de 24 criminosos armados, logo após terem os marginais executado um policial com um tiro de fuzil
na cabeça e ferido outros dois agentes. Destaco o seguinte trecho:

"O advogado Daniel Sarmento, um dos responsáveis pela ação no Supremo sobre as operações (a matéria se refere à decisão do STF de proibir a polícia do RJ de fazer operações contra o crime organizado nas
comunidades "durante a pandemia), afirmou que o MP-RJ tem feito uma execução burocrática do supervisionamento das operações policiais determinado pelo STF.

'O acompanhamento da medida cautelar do STF que fala em comunicação ao MPRJ vem sendo tratado de forma burocrática.
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