Sobre a discussão que está rolando (e que eu acho importante ter) sobre a CoronaVac, seus valores de efetividade e se devemos aplicar uma 3ª dose nesse momento.
Resolvi colocar algumas análises (minhas) abaixo, que espero que, de alguma forma, possam agregar 🧶
Em primeiro lugar, quero ressaltar que: meu pai recebeu as duas doses da CoronaVac. Minha avó, minha única avó viva, também. São duas pessoas caríssimas para mim. Portanto, dispenso as opiniões de "não é contigo".
É com todos nós
A CoronaVac é uma vacina de vírus inativado, como todos tivemos a oportunidade de aprender em 2020 com o seu desenvolvimento. Na época da divulgação do dado de eficácia, já rolou muita polêmica pelo valor. E especialistas nos ajudaram a entendê-lo
Com os estudos de efetividade que estão saindo, estamos vendo a proteção das vacinas dentro das populações, num contexto de "vida real". Temos dados de efetividade da CoronaVac no 🇨🇱, 🇮🇩, 🇺🇾 e alguns dados iniciais no 🇧🇷
E muita gente ficou preocupada com o dado de que a efetividade da CoronaVac foi menor em idosos acima de 75-80 anos. Foram avaliados casos sintomáticos de COVID-19, não entrando na análise outros parâmetros como hospitalizações, severidade e óbitos
A resposta imunológica sofre um fenômeno de imunosenescência a medida que envelhecemos. O sistema imunológico modifica-se, e isso pode se traduzir na redução na resposta vacinal, por exemplo sciencedirect.com/topics/medicin…
Não é exclusividade da CoronaVac, vemos isso de uma forma geral, como comentei aqui
O dado de 28% de efetividade em idosos +80 para casos de COVID-19 sintomático é preocupante? Ele nos alerta quanto a um parâmetro, no entanto, concluir que não há proteção gerada para essa população vai além do que os dados mostram
Nesse estudo, vemos uma queda na taxa de mortalidade em 80 anos a cobertura vacinal (primeira dose) aumentou rapidamente entre indivíduos com mais de 80 anos, atingindo 49,1% nas semanas 5-6 e mais de 90% após a semana 9.
Temos outros indicativos de proteção contra severidade, hospitalizações e óbitos para essa faixa etária, analisando dados de Janeiro a Abril, onde a vacinação nesse grupo foi realizada
Portanto, sim, a discussão sobre o dado de 28% é legítima, os autores foram muito cautelosos na discussão trazendo limitações do estudo, e seguimos monitorando as taxas de mortalidade nessa população, porque é importante intervir num sinal de crescimento.
Mas agora vem outra questão, que eu gasto os dedos falando no twitter: transmissão. Com o aumento da transmissão, de forma acelerada e descontrolada, sem ter atingido a cobertura vacinal DA POPULAÇÃO INDICADA (não somente do grupo especifico), podemos ver situações assim
As vacinas são peça chave na redução do risco da doença e de agravamento, mas com alta transmissão, esse risco não é abolido. Muita gente usa o Chile, que tá vacinando com CoronaVac pra atacar a vacina, quando o que deveria ser atacado é a transmissão
Novamente: a discussão de uma 3ª dose *é necessária* e deve ser feita com seriedade e acompanhamento das taxas relativas ao grupo em questão. Muitos especialistas afirmam que, nesse momento, é importante ampliar a vacinação para atingirmos a cobertura logo
Quanto antes atingirmos a cobertura vacinal, todos iremos nos beneficiar dessa ampla e amplificada proteção. Mas até lá, só a vacinação não vai impactar na transmissão nesse nível de descontrole. Precisamos das máscaras, do distanciamento físico e das medidas mitigatórias
Outra discussão necessária é a redução do intervalo de doses da AstraZeneca e Pfizer, por exemplo. Em alguns locais da Europa, se discute reduzir o intervalo da AZ de 12 para 8 semanas, e da Pfizer para 21 dias health-ni.gov.uk/news/introduct…
Essa redução seria para ampliar mais rápido a cobertura vacinal, ou seja, a aplicação do regime completo das vacinas na população-alvo, especialmente pela transmissão comunitária da variante Delta, que tem trazido imensas preocupações, apesar das vacinas seguirem protegendo
Mas isso poderia ser feito no Brasil? Especialmente sabendo que rola atraso de doses, alterações de cronograma? Segundo a SBIm, seria complicado considerando isso tudo cnnbrasil.com.br/saude/2021/06/…
Por outro lado, a Delta está em transmissão comunitária em locais no BR, como Goiânia. Vejam que todas essas questões são de saúde pública, e devem ser tomadas baseado nos dados que temos disponíveis - e seria importante ter os dados de Serrana disponíveis loguinho
Independente da decisão que for tomada, precisa de COORDENAÇÃO. Não é um estado intervalar 3 meses e outro 60 dias as doses da vacina X. Não é reduzir o intervalo mas não ter os contratos e cronogramas celebrados, correndo risco de atraso. Precisamos de coordenação
E não é o que estamos vendo. Além disso, precisamos realmente prestar atenção na transmissão, que é o cerne dos nossos problemas. Se todos usassem máscara e fizessem o distanciamento, não precisaríamos estar discutindo isso agora, vivendo um luto permanente como vivemos hoje.
Vacinam funcionam. É com elas que sairemos disso. Mas precisamos de uma estratégia bem definida e implementada. Precisamos do apoio da população pra controlar o cenário.
Temos o barco e os remos, mas precisamos parar de escolher nos afogar nesse oceano de perdas.
Na live de sábado, tentei sintetizar tudo isso a partir de 01:04:26
Mas toda a live tá valendo a pena
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
🚨Exames de imagem em pessoas que tiveram COVID-19 (comparado com um momento antes da COVID-19) revelam alterações muito significativas em regiões que processam informações como cheiros e gostos no 🧠
Explico nos próximos tuítes 🧶
👥782 participantes cadastrados no 🇬🇧 Biobank COVID-19 ingressaram no estudo. Essas pessoas fizeram exames de imagem antes da pandemia e fizeram um novo exame recentemente. Desses, 394 testaram positivo para COVID-19 entre um exame de imagem e outro
As 394 pessoas recuperadas de COVID-19, e os 388 indivíduos que não tem histórico da doença foram pareados por idade, sexo, etnia e intervalo entre os exames.
Isso significa que eles compararam pessoas que compartilham similaridades nessas variáveis
Boa notícia! Botucatu observa queda em 48% de novos casos de COVID-19 na semana, além de redução nas internações, casos em quarentena (recuperando em casa). O município participou, em Maio, de um estudo com vacinação em massa da 1ª dose da AstraZeneca
Lembrando que as duas doses são relevantes para uma maior proteção, então esses dados - que são inicias - devem se concretizar ainda mais com o tempo
A média semanal de Botucatu ainda é alta, segundo a reportagem. Olhando o painel de mobilidade desenvolvido pelo @schrarstzhaupt para a Rede @analise_covid19 observamos que a mobilidade é alta, e com alta mobilidade infelizmente vemos uma transmissão aumentada também
Não há nada para comemorar hoje. Apenas um luto permanente e crescente, ocupando mais espaço e deixando um vazio cada vez maior na vida dos brasileiros.
Meio milhão de vidas perdidas para COVID-19, uma doença que poderíamos controlar se tivesse so o básico de coordenação.
Eu, como pessoa, sinto que falhamos enquanto sociedade. Falhamos em sermos egoístas e não considerarmos o básico de cidadania: fazer algo pelo bem estar e proteção do todo, além do nosso.
Nada lógico explica uma pessoa não usar máscara quando precisa sair.
Falhamos enquanto pessoas, pela falta de empatia em olhar pra esse número e ter a frieza de dizer que temos vários recuperados. Isso é o curso esperado da COVID-19. Faça a reflexão de olhar no olho de uma pessoa enlutada e dizer "mas temos x milhões de recuperados"
A Delta é mais transmissível que a Alfa, e tem preocupado locais em que sua presença está aumentando. Uma variante mais transmissível numa população que não adere a medidas não farmacológicas, infecta mais gente, mais gente adoece e vemos mais óbitos 👇 g1.globo.com/go/goias/notic…
A Delta vai ser predominante no Brasil? Não sabemos dizer. Não sabemos como ela se comporta num ambiente onde a P.1 é prevalente. Mas não podemos dar mole pra variantes. Precisamos usar 😷, fazer o distanciamento físico 🚶♂️⬅️2m➡️🚶♂️e evitar saídas sem necessidade
Com conseguirmos acelerar o ritmo de vacinação, é possível que consigamos atingir a cobertura vacinal ainda este ano. Se controlarmos a transmissao com medidas não farmacológicas acima citadas, podemos ter um Natal diferente. Um seguimento diferente
Como é sexta, o fio de hoje vai ser de UM CAUSO que aconteceu comigo. Gente, é muito doido. Mas vamo lá, senta na tua cadeira, puxa um mate ou qualquer bebida quente que lá vem história
Tudo começou quando recebi um mimo aqui em casa endereçado pra uma "Stela"
Era um chá exótico diferentão cheio de tudo que vocês podem imaginar, parecia caro. A remetente era uma moça chamada Denise Bueno, e nas cartas só se referia a Stela
Bem achamos esquisito mas ok, engano (sendo que o endereço era certinho o meu)
Depois de alguma semanas, HOJE, recebi uma cesta, mas rapaz, PENSA NUMA CESTA BONITA. E cheia de quitutes. Coisa da boa. E uma vaquinha de pelúcia
Doidera total. Vi que era a MESMA REMETENTE PARA A MESMA DESTINATÁRIA
Boas notícias quanto a efetividade de vacinas 💉 contra a variante Delta🦠!
Na imagem abaixo, vemos a efetividade com 1 dose das vacinas Pfizer ou AstraZeneca, ou com 2 doses (regime completo) para hospitalizações