Thread by @mellziland

Estudo chileno 🇨🇱 mostrando o impacto de algumas variantes predominantes lá (Gama, Lambda) e outras (Alfa e B.1) na infectividade e na ação de anticorpos neutralizantes em indivíduos vacinados com a CoronaVac.

Acompanha o fio para entendermos melhor 🧶👇

O estudo em questão foi publicado na forma de preprint aqui medrxiv.org/content/10.110…

Analisando a infectividade (uma medida que nos dá a ideia do quanto o vírus é capaz de estabelecer a infecção) pelas variantes em questão, os autores observaram que os parâmetros daLambda foram maiores do que a Alfa e Gama

A presença da mutação L452R pode levar a um aumento da infectividade e escape da resposta de recuperados e vacinados. A variante Lambda tem uma versão diferente, a L452Q, e os autores sugerem que ela poderia conferir adaptações similares à mutação L452R

https://twitter.com/mellziland/status/1405238293533499399

79 amostras de sangue de profissionais da saúde (idade média de 34 anos, maioria mulheres), vacinados com a CoronaVac (95 dias após a 2ª dose) foram analisados para observar a ação neutralizante dos anticorpos frente a versões simulando essas variantes (pseudovírus)

Observou-se que a variante Lambda levou a uma redução de 3,05x nos títulos de anticorpos, enquanto a Alfa reduziu em 2,03x e a Gama 2,33x.

Mell, eu posso concluir que a vacina perdeu a eficácia? NÃO

Mell isso é um dado de eficácia? NÃO

Por que estou enfatizando isso?

Uma divulgação em um veículo de notícias menciona que a CoronaVac seria "menos eficaz" para essas variantes. O problema é que o estudo não avaliou eficácia, e sim ação neutralizante de anticorpos, e sabemos que não é exclusividade da CoronaVac

Na seção VARIANTES E VACINAS eu tenho pelo menos 20 fios comentando que diferentes vacinas (Pfizer, Moderna, AstraZeneca, Janssen, Sinopharm, esta última também é de vírus inativado, p.ex) também apresentam uma queda na ação de AC neutralizantes. bit.ly/fiosmell

Mesmo tendo um impacto na ação dos anticorpos neutralizantes, muitos imunizantes mantiveram valores de eficácia que conferiram proteção aos vacinados, e os estudos ressaltam a necessidade de 2 doses para isso (ver o link acima, na seção acima citada)

Para a gente dizer que reduz a eficácia, precisamos de um estudo que avalie a eficácia, ou um estudo de efetividade por exemplo, que está sendo conduzido em alguns lugares.

O dado desse preprint é super interessante, mas temos que ter cuidado com a forma de divulgação

Os autores destacam muito o dado da Lambda, que era algo que até o momento não sabíamos. A Lambda tem ganhado espaço em alguns locais da América Latina, como Peru, Argentina, Chile por exemplo.

Tivemos um caso oficial no RS

https://twitter.com/mellziland/status/1405238242748870657

https://twitter.com/mellziland/status/1408084808207683587

O artigo conclui, e ressalta, a importância da vacinação em massa, em paralelo com a vigilância genômica pra monitorar a presença dessas variantes e identificar possíveis novas variantes com mutações de interesse.

Estudos do impacto na imunidade celular, na eficácia e de efetividade precisam ser feitos, e até a obtenção desses dados, é importante a gente se ater ao que o dado está se referindo.

No fim, o estudo é super relevante, e agrega no nosso entendimento, principalmente da Lambda

Seguimos acompanhando mais dados e aguardando mais estudos de efetividade, que mostrarão o impacto da proteção num contexto de vida real.

Boa noite e bom final de semana 🍵