Análise indireta do efeito da campanha de vacinação nas faixas etárias acima de 60 anos (cuja cobertura D1+D2 está mais avançada).
Repara como as incidências nas faixas 60-69, 70-79, e 80+ após o pico de março mantiveram queda até patamar inferior ou similar ao momento menos pior de 2020 (~outubro, semanas 40-44). Já as fx <60 formaram platô superior aos picos de 2020
Ao analisar a distribuição de casos semanais por fx etária, vemos duas coisas: (a) diminuição esperada das fx + altas durante a fase de crescimento acelerado (fev2021~SE4), mas essa queda se mantém após o pico, e há defasagem entre 80+ e 60-79 (cuja vac foi posterior).
Ao nos restringirmos às fx acima de 40, fica mais clara a defasagem temporal entre as quedas nas fx 60-69, 70-79, e 80+
A medida que a vacinação vai avançando, é de se esperar que essas proporções em algum momento retornem ao perfil pré-vacina, porém com valores absolutos menores em todas as faixas etárias.
É exatamente isso que vemos quando olhamos só para a pop acima de 60 anos. Reparem a diferença de fase na frente de frente de onda, um reflexo esperado da campanha escalonada por faixas etárias.
Tudo isso para preparar o tapete p as análises mais aguardadas: estimativas para a efetividade das vacinas até o momento na população brasileira. Esse trabalho, liderado por @DrDanielVillela, já está com resultados preliminares bastante animadores. Não percam o @jornalnacional
As vacinas estão fazendo sua parte. Mas nós precisamos fazer a nossa. Não apenas tomando as duas doses qndo chega nossa vez, mas mantendo as medidas de proteção individual e coletiva: #useMascara , encontros só em locais abertos, boa ventilação de ambientes, evitar aglomeração...
Pq? Repara lá como, mesmo tendo reduzido a incidência nas fx etárias + altas, a incidência *ainda é alta*, pois o número de casos na pop em geral segue altíssimo.
A pergunta que fica é: quantas vidas, quantas internações, quantas sequelas teríamos evitado se a campanha tivesse se iniciado mais cedo e com maior volume de doses? Que elas funcionam e estão ajudando a termos um quadro *menos pior*, não há dúvida. Mas podíamos e merecíamos mais
O resumo do boletim semanal do #InfoGripe (que agora tem também o gráfico por fx etária), tu já sabes, né che? Sempre aqui: bit.ly/mave-infogripe…
Pozolha che, pra mim é, antes de mais nada, ser um questionador. É não se contentar com o sim pelo sim, o não pelo não, o é porque é. É ser explorador/a do conhecimento e do pensar.
Mas a ciência, mesmo nas exatas, não deve, em geral, se encerrar em si mesmo. O cientista não deve, em geral, se abster do contexto social em que sua área de atuação está inserida, sob risco de adotar práticas inclusive desumanas em nome da ciência pela ciência
No discurso de formatura da minha turma no IF-UFRGS eu disse +/- isso: a física nos permite explorar e entender melhor o universo, melhorar nossa qualidade de vida. Mas também nos permite desenvolver bombas. Cabe a cada um de nós escolher o q faremos com esse conhecimento.
Galera, só pra reforçar algo que as vezes causa confusão: os indicadores de tendência apresentados nos boletins semanais do #InfoGripe apresentam a tendência *até* o momento com base nas últimas 3 (curto prazo) e 6 (longo prazo) semanas. Não é projeção para daqui 3 ou 6 semanas.
Ou seja, é onde nos encontramos *agora*, que naturalmente é informativo para o que esperar amanhã, mas não serve como base para médio e longo prazo, pois isso vai depender de como iremos nos comportar até lá, além da própria evolução natural da epidemia.
Além dessa página explicando a interpretação desse indicador no resumo semanal, podem conferir a nota técnica que explica a lógica por trás desse indicador: bit.ly/mave-infogripe…
Mell resume bem: é um contexto muito específico. Não deve ser usado como base pra "liberou geral, simbora gurizada medonha!"
Como já comentei em outros trabalhos: temos q ter muita cautela na redação de artigos e comentários no momento atual p n gerar interpretações precipitadas+
Há limitações importantes que são bem destacadas ao longo do texto (Mell destaca muito bem esses pontos no fio), mas no abstract e discussão isso não fica claro. E, infelizmente, essas duas seções são o principal para tomadores de decisão e formadores de opinião.
Tenho colegas e conhecidos envolvidos nesse trabalho. Fiz essa mesma crítica em trabalhos de outros grupos, não poderia deixar de fazer agora que envolve colegas meus.
Recebi um email de jornalista que, entre várias perguntas sobre a situação atual, perguntava "como os profissionais estão segurando a barra".
Pronto, foi a senha para abrir a porteira, arrebentar a encosta do açude, abrir a comporta da barragem...
R, em tradução livre, já que a pergunta foi em inglês.
- "Como estão segurando a barra?"
"Chorando. Precisando de terapia. É assim que estamos segurando. Ou, em muitos casos, não estamos segurando, pra ser sincero. Eu sei que eu não estou. Eu só faço de conta que estou, +
para poder tentar seguir fazendo meu trabalho. É duro dar tudo de si por mais de um ano e perceber que seguimos cometendo os mesmos erros toda a hora. Perceber que ainda há gente negando a severidade dessa pandemia, negando recomendações de especialistas em saúde pública. +
Como @leosbastos já havia adiantado, a atualização desta semana dos dados do SIVEP, analisados pelo #InfoGripe, trazem boas e más notícias.
Boa: com exceção do Maranhão e Espírito Santo, todos os demais estados conseguiram já reverter o crescimento e manter queda nos novos casos+
Sendo que, desses dois, ES já "vai querendo". RJ estava em situação similar ao ES na atualização passada, e na atual já confirmou a queda. +
"Tá, che, tu já me passou o mate dizendo que tinha má notícia na tertúlia de hoje. E aí? Desembucha"
Pues q alguns estados já dão sinais de possível estabilização em valores *muito altos*. Similares ou até mesmo acima dos picos de 2020. São eles: AM, RN, RS, RR, e SC.+