Miranda não vai dizer o nome de quem meteu o dedo na cara do Pazuello porque ele está armando uma bomba para o Pazuello, que volta para a CPI uma hora dessas. Ele não está protegendo o Pazuello: ele está emparedando o general. #RodaViva
Se é verdade que Miranda citou o tal nome em privado para o núcleo da CPI, fica ainda mais claro que ele está cravando o Pazuello. Porque vão perguntar isso para o general, e ele vai estar sem margem para fugir.
É bomba armada.
Vera Magalhães citou o Arthur Lira. E eu também acho que o nome misterioso é o Arthur Lira. Mas, pensem pelo Miranda: que vantagem tem para ELE confirmar que é o Lira? Zero. Puxa tudo para si e alivia o Pazuello do fardo de escolher se abre o jogo ou não. Fazer isso por quê?
E tem o detalhe fundamental: se você fala um nome, e não fala outro, você passa o recado de que não pode confirmar o segundo, mas pode confirmar o primeiro...
A Vera Magalhães optou por perguntar na lata: foi do Lira que o Pazuello falou? Sempre uma tática maravilhosa, mas eu não teria feito isso, acho. Lembram que o Miranda falou, à CPI, que Arthur Lira recomendou que ele "abrisse o jogo"?
Acho que aí está a chave.
Fácil ser o palpiteiro do Twitter nessas horas, entrevistar o homem é BEM mais complicado. Mas percebam que o Miranda não queima ninguém diretamente: Pazuello, Bolsonaro, Lira... Ele está se calçando. Diz que não acusa fulano de nada, mas deixa a ponta amarrada pelo outro lado.
Eu teria perguntado ao Miranda sobre a conversa com o Lira. Que ele admitiu que existiu, e sobre a qual deu uma versão que - se de fato foi Lira quem ameaçou Pazuello - não encaixa com os acontecimentos. É por aí que dá, talvez, para pegar Miranda no pulo.
Mas enfim, exercícios.
"Tá, mas qual é a intenção do Miranda? De que lado ele está?"
Do dele, e do irmão dele. Só. Ele não quer propriamente cravar ninguém: ele quer não se cravar. O irmão ficou no olho do furacão, e agora ele está jogando no limite para não estourar no colo dos dois. É só isso.
Enfim. Ótimo o #RodaViva de hoje, eu adorei. Obrigado aos envolvidos, foi massa!
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
A entrevista de Luis Miranda no #RodaViva está muito interessante, mesmo que o deputado esteja bem ensaboado. Há muito a ler nas entrelinhas.
Minha impressão: Miranda joga com a ideia de existir o áudio, porque sabe o efeito que isso causa sobre Bolsonaro - e a imprensa.
Parece pura sacanagem do Miranda, mas é também uma esperteza: sem revelar a prova, ele usa as ações de Bolsonaro para confirmar seu testemunho. No fundo, não precisa do áudio para provar que os irmãos Miranda falam a verdade. O temor de Bolsonaro é uma confirmação.
O áudio existe? É chute, mas acho que existe, sim. Mas ele é mais valioso no bolso do que nas redes, se é que me entendem. Se ele aparece, esse jogo de manter a atenção da mídia (e a cadeira de praia na mente de Bolsonaro) se desfaz. É até uma segurança, se pararem para pensar.
Bolsonaro falando agora, depois de uma reunião "conciliadora" com o presidente do STF.
Disse que respeita a Constituição, que não quer rompimento. Mas segue com papo que urnas não são auditáveis, que há indícios de fraude, que tem como provar. Ou seja, não recuou um milímetro.
Mas vale dizer: Bolsonaro inteiro, como figura, parece meio sem ânimo. Fez ceninha que ia acabar entrevista, rezou o Pai Nosso (sim), mas a fala parece solta, o olhar distante. Vai forçar a corda até o fim, sem dúvida. Mas é muito claro para mim que está sentindo o baque.
No mundo de Bolsonaro, conciliação é uma via de mão única na direção do seu interesse de momento. Para ele, o fato de ir à reunião é o limite de conciliação da sua parte: me sentei com você, agora faça as coisas do jeito que eu quero.
"Emissários do Palácio do Planalto fizeram chegar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a irritação de Bolsonaro com as declarações do senador."
Ou seja, ele esperava que os líderes de Senado e Câmara topassem o golpe de suas fantasias.
Me parece claro que Bolsonaro quer, e muito, um golpe de Estado. Que tem sonhos lúbricos com isso, o tempo todo. Mas, ao mesmo tempo, que suas fantasias não dialogam com a vontade de quase ninguém. Com milicos apaixonados pela mamata e com medo de cadeia, ok. Mais ninguém.
Acho inclusive que o "boicote" do qual Bolsonaro fala é esse: na cabeça dele, todo mundo deveria achar linda sua ideia de ficar indefinidamente no poder, e é inaceitável que gente "que ele colocou lá" não colabore com o que ele quer. Não é boicote ao governo; é ao golpe.
Debater Cuba é uma das maiores besteiras que se pode fazer no Twitter.
Mas só uma coisinha:
Talvez (sei lá, quem sabe, né) as pessoas possam ficar genuinamente insatisfeitas em governos de esquerda também. De repente elas possam até ter razão em uma queixa ou outra. Vai saber.
Tipo, de repente em 2013 as pessoas estavam insatisfeitas de verdade com algumas coisas e daíOPS PERA terreno perigoso melhor parar por aqui pronto já passou
Fico pensando na população de países como Polônia e Romênia, que até hoje odeiam os regimes comunistas (o que, verdade, provoca guinadas à extrema-direita etc) e sei lá quem sabe pode ser que eles talvez tenham motivos para isso???
"OK, Lula, todo mundo sabe que você vai ganhar. Pode desistir de ganhar e dar a presidência de bandeja, com o seu voto, para alguém que me agrade mais"
Pensemos como Lula. Ele lidera todas as pesquisas com folga, pode ganhar em 1o turno. Tem a faca e o queijo na mão. Mas só será "líder da união nacional" se desistir e virar vice. Como presidente eleito ele não consegue liderar nada: como vice, sim.
Proposta irrecusável!
Ainda vou entender esse tipo de lógica (que é, também, a dos apoiadores de Ciro Gomes): o candidato viável precisa DESISTIR DE GANHAR, reconhecer que não é bom o suficiente e dar a presidência de bandeja para quem não tem os votos que ele tem.
Pensar que essa seleção teve uma oportunidade rara de se conectar com um povo que sofre uma tragédia desesperadora. Nunca achei que o fariam - mas, se tivessem feito, teriam conquistado a torcida de muita gente.
CBF, governo federal, SBT, jogadores. Todos merecem esse desfecho.
Ninguém vai torcer por uma seleção na qual não se enxerga. Ao invés de reconquistar, vieram (Neymar à frente) com um papo lamentável de que é "inconcebível" não torcer pela seleção. Como se paixão fosse obrigação.
Não sou obrigado a amar quem não sabe quem eu sou.
Casagrande, gigante, matou a charada. Neymar não sabe (ou se soube, já esqueceu) o que é ser brasileiro. Essa seleção não sabe o que é ser brasileiro ou brasileira, não conhece as pessoas pelas quais joga. É narciso, só vê a si mesma no espelho.