Quando os primeiros navegantes se depararam com pessoas negras nos séculos XVI eles as descreveram como "seres imundos e inferiores", muitas vezes relacionavam o mau cheiro à pele negra.
O mito racial que se consolidou nos séculos seguintes defendia uma total distinção das características físicas e mentais entre negros e brancos, mesmo no Brasil os intelectuais do início da República (até alguns abolicionistas) defendiam essa crença
"A Raça Megra no Brasil, por maiores que tenham sido seus incontestáveis serviços à nossa civilização... há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como Povo" - Nina Rodrigues
Esse pensamento de inferioridade se difundiu criando estereótipos sobre o "cabelo de negro", a "Música de negro" e um que era muito, mas muito comum poucos anos atrás, o "Cheiro de preto".
“Eu cheguei e as baianas já vieram me abraçando. Ficou um cheiro insuportável, cheguei no hotel tomei 3, 5, 7 banhos e aquele cheiro de preto não saía” - João Batista Figueiredo, último ditador militar no Brasil
Se você é negro e brigou com alguém na década de 80/90, provavelmente já foi chamado de macaco, negro, preto fedorento. Alguns racistas ainda usam essa ofensa abertamente nos dias de hoje
Quando o canalha desqualificado do Mário Frias diz que historiador Jonas Manoel "precisa de um banho", ele está trazendo à tona todo esse estereótipo racista que projeta o fedor, a sujeira e a inferioridade negra. É uma expressão das teorias supremacistas que estão se mantendo
A maior parte das pessoas desconhece ou ignora o nosso passado racista, não é apenas subjetividade, existem teóricos do racismo brasileiro que traduziram aqui os pensamentos que residem no imaginário popular
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As vezes me perguntam como eu consigo ter amigos de vários espectros políticos e a resposta está na realidade: minha família é assim, tem todo tipo de gente, de reacionário fã de milico à petista roxo.
Acho que essa dicotomia esquerda vs direita tem contornos mais definidos na internet e também nas capitais, porque no interior é tudo meio nublado e até mesmo candidatos da esquerda exibem um conservadorismo com pautas de "família tradicional" e armamentista 😐
É uma bagunça, que a gente tenta organizar distribuindo informação, conversando sobre assuntos que nem sempre conseguimos aqui nas redes sociais. Tenho um tio que é gado bolsonarista e esses dias tava concordando que a corrupção na polícia é um dos maiores problemas
Saí do painel da UFRJ inspirado por conhecer outras visões sobre #Afrofuturismo. Aliás é interessante perceber que a discussão partindo do pessoal da tecnologia pode ter contornos bem diferentes da arte, pois eles tentam materializar um imaginário afrofuturista em nossa realidade
Enquanto eu, como ficcionista, não me interesso em construir mundos possíveis, mas de fazer a jornada da exploração imaginativa, que pode até explicar uma essência científica, porém pretende extrapolar ela.
Hugo Gernsback, por exemplo, define o SCIFI como "Um romance cativante, entremeado de fatos científicos e uma visão profética"
Hugo dá nome a um dos principais prêmios do gênero, recebido pela mãe do Afrofuturismo, Octavia Butler com a obra Speech Sounds e Bloodchild
A grande substituição é uma teoria criada por supremacistas que teorizam sobre o genocídio branco através da miscigenação e da imigração em países Europeus. Ela foi citada pelo terrorista que matou 51 pessoas em um massacre em duas mesquitas na Nova Zelândia (2019)
"A crise de imigração em massa e níveis sub-reposicionários de fertilidade são um ataque contra o povo Europeu, que se não combatido, resultará na completa reposição racial e cultural do povo Europeu." - Trecho do Manifesto Terrorista
Esse tipo de propaganda é distribuída também por alguns grupos NeoNazistas no Brasil e seu pensamento é bastante compartilhado por membros da extrema-direita.
A abolição da escravatura não pode ser reduzida a uma história da Disney, onde os heróis são simplesmente reis e princesas. Diversos nomes ecoaram como o brado da liberdade, um deles eu conto aqui: Prudhome, o José do Patrocínio #13deMaio
Conhece a expressão "filho do padre", é assim que começa a saga do José. Filho de um vigário que engravidou Justina do Espírito Santo, uma menina de 15 anos, escravizada em Campos dos Goytacazes (RJ). Mesmo sem reconhecer o moleque, o mandou pra viver na sua fazenda
Viveu entre os negros escravizados e assistia de perto cada castigo imposto aos seus iguais. As cenas alimentaram sua alma com um sentimento que ainda não tinha nome, mas que podemos chamar hoje de "liberdade negra".
Criei uma série para contar as histórias dos grupos supremacistas brasileiros e personagens do submundo que agora estão se organizando graças aos sinais emitidos pelo governo Bolsonaro
Listei alguns dos principais episódios pra ficar por dentro dessa conversa
Começando pelos nazistas que estavam escondidos no país (e outros que não precisaram se esconder)
Já que o Rodolfo quer falar de "semelhança do cabelo". Fiz uma lista de personalidades com penteado parecido com o dele, que também ridicularizavam ou odiavam os cabelos soltos e naturais de uma pessoa negra #BBB21
Nikolaus “Klaus” Barbie o " Açougueiro de Lyon
Renato Kehl, pai da eugenia brasileira que sugeriu a esterilização de "degenerados" no país