Digo e repito, presidências sobrevivem pela sua força ou fraqueza: Bolsonaro é talvez o maior exemplo da segunda opção. Seu governo, esvaziado, desesperado, se tornou apenas um hospedeiro do Centrão (que ele jurava combater).
Ao contrário do que dizem os teóricos da conspiração, nesse momento seu governo está tão enfraquecido que o Bolsonaro sequer é capaz de alocar recursos para a base política (isso está na mão do Lira) ou distribuir cargos (isso tudo vai para Nogueira, inclusive esse novos).
E tem quem diga que tudo isso não passa de um teatro organizado pelos militares ou pelo próprio Bolsonaro para desviar a atenção das esquerdas. Detalhe crucial, nos grupos de apoiadores a coisa tá patinando total.
Sei de grupos bolsolavistas de articulação e propaganda que foram totalmente abandonados, grupos evangélicos já estão seguindo uma agenda própria tem algum tempo (a motocada do Rio foi um marco). Até a atividade de animadores profissionais está reduzida.
Em Brasília se fala que o apoio de figuras expressivas do "Centrão" tem um prazo: o Natal. Se o governo não apresentar sinais visíveis de melhora na sua popularidade até o Natal, algumas figuras devem pular fora e se manterem "independentes".
O governo se tornou hospedeiro do Centrão na esperança de ganhar alguma capilaridade e, consequência, visibilidade para suas ações voltadas especialmente para as camadas mais pobres. O foco é no tal reajuste do Bolsa Família.
Como eu disse antes, eu prefiro esperar as próximas pesquisas de popularidade para ver o resultado dessas ações do que cravar prematuramente que elas não vão adiantar, que o Bolsonaro não vai conseguir uma sobrevida e garantir a sua viabilidade nas próximas eleições.
Enquanto isso, setores fundamentais do conluio bolsonarista, como bolsolavistas e militares já procuram novas hinterlândias. Bolsolavistas andam muito calados, mas o indicativo é de que abandonem a disputa pelo executivo.
Entre os militares a coisa é mais complexa. O Clube Militar tem falado abertamente de uma terceira via - e parece que não receberam bem a indireta que Bolsonaro lhes mandou ontem. Mas eu ainda acho que eles vão até o fim com o governo.

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29 Jul
Eu sempre fico para morrer com essas pessoas tripudiando gente que está passando fome ou numa situação precária por ter "votado errado". A gente tá falando de pessoas passando fome, de gente criando filhos com insegurança alimentar.
Eu digo, tem uma galera aí que só não adota a máxima do "direitos humanos para humanos direitos" por ela estar registrada pelo outro lado do muro.
Vai se foder, sério mesmo. Isso me revolta para um caralho. Pessoal tá com a cabeça tão enterrada nessa lógica beligerante das redes sociais que é INCAPAZ de ver um relato de sofrimento alheio sem expressar um deboche dessa sorte.
Read 8 tweets
28 Jul
Zero paciência com teorias estapafúrdias (conspiratórias mesmo) que tentam explicar coisas tão complexas quanto o cenário político de uma nação do tamanho do Brasil como um "teatrinho" armado por esse ou aquele grupo. Com especial destaque para os militares.
Óbvio que os militares são uma força política, óbvio que eles tem ambições. Entre reconhecer isso e falar que tudo que está acontecendo não passa de uma estratégia promovida pela alta cúpula do exército passa um trem de carga inteiro.
Os militares são uma das forças que disputam o poder no Brasil, as vezes com maior ou menor vantagem. Sempre foi assim, inclusive durante a ditadura militar. Nem ali eles reinavam soberanos como muitos imaginam.
Read 5 tweets
27 Jul
Vou te falar, a posse do Ciro Nogueira gerou um clima de funeral no zapistão. Por incrível que pareça, tinha gente em negação achando que a nomeação não aconteceria, tem gente falando da humilhação sofrida pelo Ramos, a palavra traidor apareceu algumas vezes.
A versão mais positiva sobre o evento foi "o governo está tão fraco que se tornou refém do centrão". Algumas pessoas não são tão complacentes, estão falando abertamente de traição, de que "não votaram nessa palhaçada".
Se isso vai repercutir estatisticamente é algo para se observar. Afinal, Bolsonaro pretende utilizar a capilaridade do Centrão para retomar alguma tração entre os mais pobres. Agora, o inegável é que a ascensão do Ciro Nogueira pegou todo mundo meio despreparado.
Read 11 tweets
26 Jul
Eu estou cantando essa bola tem um bom tempo, Guedes é a bola da vez no Big Brother Brasília. Ele pode até não ser demitido pelo Presidente, mas estão esvaziando o seu "superministério" de tal forma que só lhe resta chorar no chuveiro.

outline.com/q3LeuZ
A insatisfação do Planalto com Guedes é notória desde, pelo menos, o começo de 2020. A pandemia deu uma sobrevida ao sujeito, mas a sua presença no governo, no melhor dos dias, era vista como um incômodo.
Guedes não apenas foi incapaz de entregar os tais trilhões de investimentos como prometeu ao governo, como sua atividade era vista como um entrave para as políticas que poderiam trazer popularidade para o presidente ou melhorar a sua articulação política.
Read 6 tweets
24 Jul
O Código do Russo entre as sugestões do iTunes. Olha só, hein? Image
Para quem ainda não ouviu, trata-se do primeiro podcast da Atabaque Produções (minha produtora em sociedade com o @alcysio). Narrativo, fala sobre a ascensão e queda de Sérgio Moro, a operação lava-jato, etc. Narração de @pacamanca e edição @jesticacorrea
open.spotify.com/episode/1M7TzI…
Também estamos nas sugestões dos editores da Deezer. Image
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23 Jul
Eu prefiro ver as próximas pesquisas para falar sobre o impacto da entrada do Ciro Nogueira no governo Bolsonaro. Se por um lado a base tradicional não aceitou bem, por outro ele pode se valer da capilaridade do Centrão para retomar a sua popularidade em alguns lugares.
A única certeza de que eu tenho é a de que o jogo mudou bastante com o PP na Casa Civil. O Bolsonarismo foi fagocitando pelo Centrão, os Bolsolavistas foram os primeiros a sentir. Sumiram!
Como eu frisei no primeiro twitter, "em alguns lugares". Importante frisar que partidos como DEM e PP se beneficiaram do cenário eleitoral em 2020. O fiel da balança nessa equação será o PSD, mais concorrido que último pedaço de bolo. Não duvidaria nada se viesse de vice do PT.
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