Hoje tivemos a notícia de algo bastante relevante e preocupante: primeira detecção (e óbito) do vírus Marburg em Guiné🇬🇳
Isso é bastante relevante e preocupante. Vou comentar um pouquinho sobre esse vírus e sobre algumas implicações 👇🧶
O vírus Marburg (MARV) pertence a família Filoviridae (os Ebolavirus também pertencem a essa família, mas tem muitos outros membros).
Foi inicialmente descrito em 1967, durante uma série de surtos nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt 🇩🇪 academic.oup.com/jid/article/19…
Segundo relatos, os trabalhadores de um laboratório foram expostos a tecidos de macacos grivet infectados (Chlorocebus aethiops) em Behringwerke, uma importante planta industrial em Marburg. Durante os surtos, trinta e uma pessoas foram infectadas e sete morreram.
Segundo a @WHO , a doença causada pelo MARV é altamente virulenta, podendo levar a febre hemorrágica, com uma taxa de mortalidade de até 88%. Surtos e casos esporádicos foram relatados em Angola, Rep. Dem. do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.
Nesse tuíte, temos uma tabela com um compilado de surtos que foram registrados desde 1967, nenhum deles na África Ocidental. Assim como o SARS-CoV-2, ele possui como reserva biológica os 🦇(Rousettus)
O @wasimvacinas fez um conteúdo maravilhoso sobre isso que eu espero que ele divulgue na íntegra em breve, mas tomei a liberdade de pegar uns trechos pra enriquecer o fiozinho
"No caso do Marburg, o vírus é transmitido por morcegos da espécie Rousettus aegyptiacus para humanos, que então espalham para outros humanos através do sangue, saliva, fluidos corporais e superfícies contaminadas." - @wasimvacinas
"Não há tratamento específico contra a doença, nem vacinas. É importante que as autoridades de saúde façam a vigilância epidemiológica desse vírus e que vacinas e medicamentos sejam desenvolvidos, porque não sabemos quando um próximo surto ocorrerá." - @wasimvacinas
Segundo a @WHO uma vez no hospedeiro, o MARV pode se transmitir de pessoa para pessoa através do contato direto (feridas ou membranas mucosas) com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas e com superfícies e materiais contaminados
Foi confirmado, hoje, o 1º caso de MARV em Guiné🇬🇳, e segundo notícias, o 1º óbito. O caso identificado pela 1ª vez na semana passada, apenas 2 meses após o país ser declarado livre do Ebola, com o último surto no início deste ano que matou 12 pessoas.
Casos como este do MARV nos lembram das consequências quando invadimos o território da vida selvagem e como estamos inexoravelmente interligados com as espécies que habitam este planeta, e desequilíbrios ecológicos podem propiciar esses fenômenos.
Em geral, as epidemias de Marburg têm sido historicamente menores e mais bem contidas do que as de Ebola, por exemplo. No entanto, a primeira detecção em Guiné nos traz um IMPORTANTE alerta sobre circulação de agentes infecciosos
"O potencial para o MARV se espalhar por toda a parte significa que precisamos detê-lo em suas trilhas", disse Matshidiso Moeti, Diretor Regional da @WHO para a África, no comunicado.
Ainda: “Estamos trabalhando com as autoridades de saúde para implementar uma resposta rápida que se baseie na experiência e expertise anteriores da Guiné no manejo do Ebola, que é transmitido de forma semelhante”, disse Moeti.
Nossa relação com o planeta e seus ecossistemas ✨precisa ser revista✨ e mesmo sendo uma conversa totalmente inconveniente, ela está atrasadíssima de tão necessária que é.
Hoje mesmo o @obsclima comentou o resumo divulgado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change sobre o quanto nós estamos impactando negativamente o planeta, com efeitos que podem levar a riscos de novas pandemias, por exemplo
Mas não consigo imaginar as proporções de fenômenos que poderemos presenciar frente as alterações climáticas que estamos ativamente induzindo pela nossa atividade irresponsável com o planeta.
Precisamos repor energia para o corpo existir, certo? Por que com o 🌎seria diferente?
Os impactos que estamos causando podem já ser irreversíveis e não podemos nos alienar a isso. Quando percebermos o quanto tudo isso impacta diretamente na nossa saúde, veremos como estamos na beira de um penhasco e o que nos segura é um único pé na borda.
Um dos instintos mais básicos de qualquer animal é a sobrevivência, mas parece que simplesmente estamos abandonando isso (?), ou achando que somos grandiosos demais para uma calamidade dessas nos acometer.
Só que quando o circo pega fogo, somos os animais nas jaulas.
Não queria terminar esse fio batendo novamente nessa tecla, e antes que alguém diga que é incompatível qualquer mudança com nosso estilo de vida, não é. Ninguém está pedindo um retrocesso do avanço industrial/tecnológico, e sim mais RESPONSABILIDADE com o planeta
Como mensagem final: é muito ruim ser o último a apagar a luz e presenciar o fim de algo que poderia ter sido diferente.
Que a gente tenha a serenidade de agir, juntos, previamente ao pagar pra ver.
Gente, apenas reforçando que isso é um ALERTA. Não significa que uma nova epidemia está por vir, ou até mesmo que isso ganhará muito espaço em termos de transmissão. É um vírus que não é conhecido por uma transmissão elevada, que tem epidemias mais curtas que a do Ebola, por ex.
Isso inclusive tá escrito no fio. Estamos aqui para alertar. O planeta está nos alertando há anos sobre nossa atividade aqui, e se quisermos evitar cenários piores do que o que estamos vivendo hoje, temos que abraçar esses alertas e mantê-los na esfera de alertas.
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O que acho surpreendente no twitter é os "fiscais de conteúdo", me dizendo o que eu devo ou não devo abordar aqui. Gente, fazer ciência e divulgação científica não é trazer só boas notícias, só realidades bonitas. É mostrar o que é nossa realidade e criar meios de transformá-la.
Se eventualmente vocês acharem que algum fenômeno ou situação é horrível demais pra ser abordada, procurem se questionar porque estamos vivendo isso e como podemos mudar isso, não porque alguém está falando sobre isso com o intuito de informar e alertar.
Estamos sim em pandemia e o meu perfil, que é o perfil pelo qual posso falar, é focado sim em COVID-19 por enquanto. Mas não podemos e nem devemos estar alheios a tudo que ocorre ao nosso redor. Precisamos evitar que os incêndios aconteçam, não somente apagá-los uma vez presentes
Primeiro lugar: respira (de novo)
Segundo lugar: vamos falar sobre o paper publicado em 06/Ago, na @ScienceMagazine sobre a CAL.20C ou #Epsilon - que já é uma conhecida nossa e que sabemos que tem escape parcial
Pega o chá de maracujá e vem 🧶👇
Meu primeiro fio sobre a #Epsilon, ainda chamada de CAL.20C foi em Mar/21, abordando seu possível surgimento, local e algumas informações quanto a mutações, que já nos indicavam algum escape imunológico
💉Vacina S-UFRJvac (de proteína S recombinante), será analisada em estudos de fase 1/2 caso a @anvisa_oficial aprove o pedido!
A solicitação para autorização do estudo clínico foi enviada à agência reguladora na última sexta-feira (6/8) metropoles.com/brasil/anvisa-…
A mesma técnica é usada em vacinas como a contra a hepatite B, o papilomavírus humano (HPV) e também em uma vacina recombinante contra a gripe.
Ciência 🇧🇷 PRECISA de investimento!
Segundo a profa. Leda Castilho, coordenadora do estudo, "Os estudos em animais já finalizados, feitos com as versões do IFA do vírus original e da variante gama, mostraram uma grande capacidade de induzir a formação de anticorpos." coppe.ufrj.br/pt-br/planeta-…
Estudo 🇧🇷 do incrível Maurício Nogueira e colab. (@Virology_FAMERP ) trazendo dados sobre a variante #Gama (P.1) e a associação com um aumento do risco de mortalidade e severidade da COVID-19, principalmente em populações com baixa cobertura vacinal
Acompanha 🧶👇
O estudo foi feito a partir de dados de São José do Rio Preto, durante Out/20-Jun/21, em que as linhagens + prevalentes em circulação, nesse período, eram:
🦠B.1.1.28
🦠N.9
🦠P.2
🦠P.1
🦠Outros (que inclui B.1, B.1.1, B.1.2, B.1.1.373, B.1.1.33, B.1.1.332, B.1.1.7 e P.1.1)
A predominância das linhagens mudou ao longo do tempo, mas em Jan/21, detectou-se a P.1 (#Gama), e um rápido aumento na prevalência foi observado, atingindo mais de 96% dos genomas sequenciados de Mar-Jun/21, substituindo assim a P.2 e outras linhagens
Trazendo alguns dados da Islândia 🇮🇸: apesar de a nova onda de casos (em virtude da #Delta ) ser bastante expressiva e preocupante, os óbitos seguem em baixa, fruto da proteção pela vacinação atingida por uma cobertura acima de 70% para o regime completo da pop. alvo 👇🧶
Segundo o covid.is/data observamos que muitos desses casos são de pessoas que forem infectadas e não estavam em quarentena no momento do diagnóstico. E isso é complicado quando vemos flexibilizações, não sabemos ainda o quanto vacinados contribuem para a transmissão.
Principalmente considerando um cenário com uma variante muito mais transmissível, como a #Delta. Ainda, segundo o site acima, vemos que a maioria dos casos são de populações abaixo dos 29 anos. Não encontrei infos sobre se essa população já está com uma boa % de regime completo
Muita gente me pediu na DM e nas respostas da minha foto da 2ª dose da AstraZeneca, então lá vai: 24h após a vacinação e apenas dor no braço :) na 1ª dose senti calafrio, febre, dor no corpo e bastante enjoo (durou ~2-3 dias conforme mencionado pelo estudo).
Tô super bem 😚💉
Com meu companheiro foi igual. Ele tem DM-1 e tomou um dia antes de mim (a 2ª dose). Apenas dor no braço, hoje já tá sem quase nenhuma dor.
Não faz sentido temer a segunda dose. Não faz sentido sequer temer a primeira dose. Se tu tem indicação e oportunidade, vacine-se!
Lembrando que: não sentir reações TAMBÉM É NORMAL!