Quando pensamos na filtragem de um respirador é importante lembrar da função que eles desempenham.
O respirador é para permitir que o ar passe com facilidade (respirabilidade) e ao mesmo tempo bloquear partículas nocivas de serem respiradas (filtragem).
Quando se fala que uma PFF1 tem uma filtragem mínima de 80% é para entendermos que se houvesse 10.000 partículas nocivas no ar, 2.000 não seriam filtradas pela PFF e seriam respiradas por você.
Na PFF2, com 94%, 600 partículas não seriam filtradas e seriam respiradas.
Indo para a PFF3, com 99%, apenas 100 partículas não serial filtradas.
No padrão P3 (das elastoméricas), com 99,95%, apenas 5 partículas não seriam filtradas.
Já no padrão N/R100 que é usado por alguns filtro P3 (como os da @3m) a filtragem é de 99,97%, passando apenas 3.
Reparem que se passa 100 partículas com a PFF3 e 600 com a PFF2, a PFF3 conseguiu filtrar 6 vezes mais que a PFF2. (600/100 = 6)
Esse pensamento é importantíssimo para entender que ao subir uma classe, você não ganha uma pequena melhoria de proteção, você ganha muitas vezes mais proteção.
Esse mesmo pensamento é importante quando pensamos no efeito protetivo da vacina e na redução de mortes.
Vamos pegar por exemplo a vacina contra o Sarampo:
1ª dose da vacina é 93% efetiva. Já com a 2ª dose, essa efetividade sobe para 97%.
Se pensarmos em 97% - 93% podemos achar um exagero gastar o dobro de vacina e só aumentar em 4% a efetividade, mas fazendo o paralelos…
Se tínhamos uma população de 10.000 pessoas, apenas com a D1, teríamos 700 casos de sarampo. Já com a D2, seriam 300 casos. Ou seja teríamos 2,33 vezes menos casos com a D2. É uma redução bastante significativa e importante.
O mesmo cálculo deve ser feito para a vacinação contra a COVID-19:
A D1 da Pfizer ou AstraZeneca consegue ter uma efetividade de 78% contra hospitalização e óbito contra a alpha e 80% contra a delta.
Já a D2, sobe essa efetividade para 93% e 96%.
Reparem que a D1 (Pfizer/AZ) tem uma proteção parecida de uma PFF1, enquanto que a D2 aumenta essa proteção para o nível de uma PFF2.
Por isso que é tão importante dar a D1 na maior quantidade possível de pessoas no menor tempo possível. ("PFF1" vai proteger relativamente bem.)
Mas a D2 é importantíssima porque é como se se estivéssemos melhorando essa proteção, trocando a PFF1 por uma PFF2 ("PFF2" vai proteger muito mais. Umas 3,33 vezes mais.)
Mas e os muito idosos que tomaram Coronavac?
Aqui é a questão da proteção que a vacina dá para cada idade.
Duas doses de Coronavac protegem próximo de 80% contra hospitalização e óbitos para os menores de 79 anos, mas nos acima de 80 essa proteção cai para próximo de 50%.
É como se a Coronavac fosse uma PFF1 nos menores de 80, mas apenas uma máscara cirúrgica no acima de 80.
Faria sentido deixar a população com maior risco de mortes, com uma proteção mais suave? A resposta é obviamente não.
ANVISA tá que tá (e tá certa nas decisões):
• Nega liberação da CoronaVac para crianças e adolescentes e dá esporro no Butantan; (Inclusive lembrando que a liberação emergencial pode ser revogada…)
• Interdita 12 milhões de doses que foram feitas em local não aprovado;
• Vai pro meio de campo e impede o jogo.
Feliz da ANVISA agindo com isenção e fazendo seu papel, mas triste do cara lá tá com máscara de Lupo e o outro fazendo ao menos um double mask. (Equivalente à PFF1.)
Análise interessante do @AndersonBrito_.
A portaria interministerial diz seguir recomendação da ANVISA e não é novidade vejamos a evolução de portarias proibindo a entrada de estrangeiros, sempre sob recomendação da ANVISA:
Há muitos e muitos anos atrás este perfil pseudônimo pôde dar uma pequena contribuição para colocar este vídeo do Drauzio Varella no YouTube da Firma™ (da época).
A mensagem era simples:
Transar sem camisinha gera DÚVIDA.
A ideia na época era reduzir a quantidade de pessoas que viviam com HIV sem saber e mostrar como a camisinha evitava dor de cabeça.
Se usasse, você não precisaria se preocupar. Não ficaria com dúvida.
Penso que a mesma ideia se aplica à COVID-19, ainda mais com a vacinação.
Vacinado você adiciona uma camada de proteção muitíssimo boa contra hospitalização e óbitos e uma camada relativamente boa contra pegar a doença.
E aí, vem a dúvida: Faz sentido continuar usando PFFs já vacinado?
Levando em consideração que o Reino Unido está oferecendo vacina a todos acima de 18 anos há uns bons meses, e que houve uma redução entre a D1 e a D2 para 8 semanas (antes 12 semanas), vemos a dificuldade que eles estão tendo de subir a vacinação dos mais jovens.
Lembrando que como atingimos 90,6% da população vacinável no Rio (77,6% da população total), faz todo sentido elaborar algumas políticas para atingir a população que pôde e ainda não se vacinou.
O anúncio do "passaporte vacinal" é uma delas, mas outras que a @Prefeitura_Rio…
Uma reflexão:
Falar que dar uma 3ª dose, com outra fabricante, para os muito idosos que tomaram Coronavac é falar mal da Coronavac? Não. Nem se você ignorar a caracterização: PARA OS MUITOS IDOSOS.
Adultos e jovem-adultos devem evitar a Coronavac? Claro que não…
… até porque ela tem baixíssima reatogenicidade e uma boa proteção contra hospitalizações e óbitos nessa faixa etária.
Mas seria melhor parar a vacinação dos mais jovens para dar a 3ª dose para os muito idosos? Na minha opinião NÃO. Explico o porquê:
Temos muitas vacinas chegando e vacinar os muito idosos tende a demorar mais que vacinar mais jovens (facilidade de locomoção e curva logística).
Poderíamos perfeitamente manter a vacinação atual, e abrir a vacinação com a 3ª dose com AstraZeneca ou Pfizer ao mesmo tempo.