@Manobrown e @LulaOficial são os reais mitos-vivos deste país. Não só por suas trajetórias e contribuições, mas pela inteligência e sagacidade fora do normal. A entrevista de fato deixou a desejar, mas tb explicitou traços do pensamento de Lula sobre a nossa questão racial👇🏽
Minha hipótese é q Lula nutre uma visão Florestaniana do nosso racismo. Tudo se passa como se a desigualdade racial fosse uma herança da escravidão, a ser solucionada pela organização do movimento negro em prol de políticas redistributivas e de uma agenda modernizadora mais ampla
Não sou contra essa agenda, mas o seu diagnóstico tem problemas. Primeiro, ele ignora q as desigualdades raciais não são só herança do passado, mas sim efeitos do racismo presente. Segundo, não vê q o enquadramento mina o fortalecimento do movimento negro na própria esquerda
O primeiro ponto foi amplamente explorado pela reflexão conjunta de Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg, dentre muitos outros q colocaram em xeque o paradigma florestaniano. O segundo ainda demanda mais reflexões, mas o fio abaixo do @cristianoufmg já ajuda a resumir a problemática
1/7 Definir um TEMA DE PESQUISA é a mais pessoal e difícil escolha acadêmica q faremos. Pessoal pq depende de anseios e preferências íntimas. Difícil pq escolhemos participar de uma área temática antes de conhecê-la efetivamente. Como escolher um tema, então? Segue o fio:
2/7 Um bom tema nos mantém curiosos por muito tempo, com vontade de pesquisá-lo. Logo, escolha pesquisar algo q te aguça mais questões do q certezas. Vc pode ter convicções sobre a violência urbana no Brasil, mas se não tem perguntas ou dúvidas, não deve fazer pesquisas sobre
3/7 Hj há uma tendência a pesquisarmos temas relacionados a quem somos: mulheres pesquisam gênero, negros pesquisam raça etc. Mas isso não é forçoso. Muitas vezes, nossas identidades nos mobilizam pq temos convicções sobre elas, mas não geram grandes questões intelectuais
1/8 Essa é a época em q meus orientando(a)s e aluno(a)s do doutorado começam a pirar (alguns, literalmente) com a finalização da tese. Eu tenho uma lista de conselhos q sempre dou e acho q pode ser legal compartilhar aqui com mais pessoas q estejam na mesma saga, segue o fio:
2/8 Sua tese vai para o lixo:
Você pode até transformar sua tese em artigos e livros importantes, mas isso envolve modificá-la. Mesmo que ela seja premiada, sua publicação integral ou em partes demandará revisões. Logo, o formato defendido é apenas uma versão dentre várias.
3/8 Sua tese não é você:
Eu sei que você acha q todos te avaliarão pela sua tese, mas isso é falso. A tese é apenas o retrato de uma pesquisa no momento em que ela se encontra. Você provavelmente discordará da sua tese no futuro e isso é sinal de amadurecimento acadêmico.