Essas leituras sobre a possibilidade ou impossibilidade de uma terceira via nas eleições de 2022, no geral, ignoram a realidade da política e da população brasileira. E depois se lançam em elaborações secundárias para dar conta do fracasso.
Para começar o fato de você ter dois candidatos preferenciais não quer dizer que a sociedade brasileira (e a política) esteja dividida em duas identidades políticas bem definidas. Na verdade, a própria noção de identidade política já é problemática.
Não existe O Eleitor, A Eleitora desse ou daquele candidato, Lula ou Bolsonaro, existem eleitores. As razões que levam uma pessoa a optar pelo voto em um ou no outro vão muito além (ou aquém) da simples identificação política.
Até pelo fato de que não existe O Lula ou O Bolsonaro. Hoje em dia é fundamental que se trabalhe com a ideia de que tais figuras políticas constituem objetos múltiplos. O Bolsonaro apoiado pelos evangélicos, por exemplo, é muito diferente do apoiado pelos Ancaps.
Nesse cenário, transformado pelas redes sociais, por incrível que pareça, é o alto índice de rejeição dos candidatos que operam essas transformações. Seus opositores repercutam seus nomes em suas redes e assim a mensagem deles acaba chegando para públicos multifacetados.
Por isso um baixo índice de rejeição não se converte necessariamente em um bom índice de adesão. Muito pelo contrário. Ao mesmo tempo, altos índices de rejeição não são garantia de boa conversão (vide o caso Dória).
Pois ao contrário de Bolsonaro e Lula, Dória não tem facetas "populares", ou seja, a mensagem vai reverberando, reverberando e não encontra apoio em nenhum grupo. Fica batendo de um lado para o outro e nada.
Essa me parece a lógica do PDT que, já tem algum tempo, vem tentando se recolocar no mercado político como uma "alternativa" tanto ao PT quanto ao Bolsonarismo. A candidatura de Marta Rocha à prefeitura do Rio foi um balão de ensaio.
Digo, insisto e repito: o PDT não disputou voto com a Benedita, ele disputou voto foi com o PSL. Por isso uma possível aliança com o PSL para a presidência não é tão estapafúrdia assim. Dentro da estratégia atual do partido, naturalmente.
Contudo, meus dois centavos, isso irá reduzir ainda mais o escopo da candidatura do Ciro. Condicionando-o ao papel de anti-Lula, o que talvez não seja o suficiente para lhe prover os votos dos antigos eleitores de Bolsonaro.
Por mais que você acredite nessa bobajada pueril de que o PT instaurou uma "cleptocracia" no Brasil não há, repito, não há comparação possível com o Bolsonarismo.
Lembra daquela vez que o país parou de produzir remédios para tratamento contra o câncer por falta de recursos enquanto só aumentava os benefícios para os militares e torrava bilhões em um orçamento secreto para comprar uma base política? I
Lembram quando o filho do Lula foi morar na mansão de um laranja da família? Ou quando todos os seus outros filhos estavam envolvidos em esquemas de desvio de dinheiro público.
O que me espanta não é o Pablo Ortellado escrever (mais) essa mistura de senso comum com contrasenso comum (marinado com aquele preconceito classista típico). O que me espanta é ele receber para fazer isso.
O texto é aquela desgraça habitual, demostra com maestria a sua ignorância completa em ciência política, sociologia e história. Platinou!
Poderíamos falar sobre ignorância no uso do termo Populismo, o desconhecimento histórico dos movimentos fascistas (mas o Bolsonarismo não é fascista, né?)
Alguns breves comentários sobre a última pesquisa do Datafolha. A primeira delas é que ela não ocorre apenas após o 7 de Setembro, ela ocorre após um intenso investimento na propaganda do Presidente.
E não estou falando apenas dos rios de dinheiro destinados a viabilizar o 7 de Setembro, mas também na "mala direta" feita pelos seus aliados políticos, incluindo-se aí não apenas os políticos, mas figuras como pastores alinhados.
Desde as motocadas, um pouco antes disso, na verdade, a piora da aprovação do presidente já era perceptível nos grupos evangélicos, de janeiro para cá a reprovação sua reprovação subiu 11 pontos, e hoje está superior (41%) à sua aprovação (29%).
Hoje a #CPIdaCovid se dedica ao caso Prevent Senior, onde temos suspeitas de que pessoas (pacientes e profissionais da saúde) foram utilizados como cobaias involuntárias do chamado tratamento precoce. Entramos no ar em cinco minutos.
Nesse penúltimo episódio da série discutimos o papel da mídia e das redes sociais na Lava Jato, normalizando e comemorando os abusos cometidos pela operação e, especialmente, Sérgio Moro.
Falamos sobre como a Lava Jato foi fundamental para a consolidação de um ecossistema informacional da direita nas redes sociais, sobre como influenciadores como Mamãe Falei e Nando Moura surfaram na onda.
Ainda, sobre como a chamada grande mídia imediatamente se alinhou a operação, os motivos para tanto. Falamos sobre a relação da operação com o chamando Populismo Penal Midiático.