O plano de Marine Le Pen, a política francesa de extrema-direita, sempre foi consolidar sua base radical para depois atrair eleitores mais centristas, e desafiar o presidente Macron nas eleições de 2022. Le Pen confiou que controlaria seus seguidores mais fiéis. Enganou-se.🧵👇
Ao longo dos últimos anos, Le Pen tentou projetar um verniz de normalidade em sua imagem extremista. Chegou inclusive a dizer q, se houvesse demanda por mão de obra imigrante, ela não se oporia à chegada deles. Sua base não gostou, e os eleitores extremistas a acusaram de traição
Com os eleitores de extrema-direita órfãos, aconteceu o inevitável, e o vácuo político foi prontamente ocupado. Surgiu então Eric Zemmour, atualmente o provável candidato à presidência ainda mais à direita que Le Pen. E ele está se aproximando dela nas pesquisas.
Zemmour é ainda mais xenófobo e alerta que “a chegada de imigrantes muçulmanos ameaça a civilização ocidental”. Além disso, Zemmour também defende a proibição do uso de nomes como 'Mohammed' e afirma que regiões com muitos imigrantes "já deixaram de fazer parte da França".
Le Pen que, como seu pai, tanto fez para fortalecer a extrema-direita na França corre agora o risco de ser abandonada pelos seus próprios e, até então fiéis a ela, eleitores mais radicais.
A ascensão de Zemmour nas pesquisas traz uma lição importante para outras lideranças da extrema-direita em outros países: é preciso manter o radicalismo para não abrir um flanco à direita. A base radical não é cegamente fiel a seu líder e possui baixa tolerância à moderação.
A necessidade de atender às demandas da base radical explica, por exemplo, por que Bolsonaro, mesmo se quisesse adotar um discurso moderado, teria pouco espaço para fazê-lo, pois isso implicaria o risco de encarar um candidato ainda mais à direita dele e que o chamaria de traidor
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