Farei um fio com 5 observações sobre a validade das experiências socialistas ou que podem ser incluídas no ethos do campo de esquerda e que não estão merecendo um debate à altura de nossa parte. Lá vai:
1) a quase totalidade das revoltas e revoluções do século XX foram anticapitalistas. Algumas, no ethos da lógica Socialista, como a revolução zapatista de 1910. Contudo, nos "esquecemos" desse fato. Influência de Fukuyama?
2) a teoria marxista permanece válida e pujante, tanto que continuamos discutindo seus conceitos. Considero uma missão impossível desqualificar o conceito de luta de classes, principalmente no Brasil de 2021.
3) as críticas ao modelo soviético foram mais ácidas e tecnicamente sólidas no próprio campo marxista. Caso de Charles Bettelheim que, se não me engano, era maoísta
4) Sobre Cuba, minha opinião é que não podemos defini-la pelos acordos com a URSS que, aliás, geraram uma tragédia ao país na década de 1990. O modelo cubano é extremamente contraditório. Seu regime político é processo de escolha de dirigentes é muito próximo dos EUA.
5) O modelo político cubano é mais radical na organização de base e vai se tornando eleição indireta e restritiva quanto mais se aproxima do topo. É muito mais democrático que a China, por exemplo.
6) E ser o país com uma política de saúde e educação superior à europeia e todo continente americano asiático é um feito que obviamente não se trata de esforço meramente individual
7) Uma palavrinha sobre a China. Acho que somos mais condescendentes com os asiáticos. Deve ter algo com a contracultura dos anos 1960 ou respeito por quem é potência mundial.
8) A corrente liberal sugere que é um tipo de capitalismo porque, imagino, faz bem para seus interesses políticos pensar assim. Há correntes marxistas que definem como algo híbrido.
9) Os que tentam se aprofundar, retomam os conceitos tradicionais da cultura chinesa, de Confúcio à Imperatriz Cixi ( Tzu-hsi). Enfim, a China está merecendo mais respeito na análise da esquerda do que Cuba.
10) Inclusive, todas experiências de inspiração socialista da América Latina são descartadas com certa rapidez ou acondicionada na geladeira teórica. Temos experiências incríveis de auto-organização ou educação popular no Peru, Argentina, Bolívia
11) Temos experiências de controle social do Estado pelas organizações populares na Venezuela, Bolívia, Colômbia, México, Brasil, EUA, Nicarágua, El Salvador, para citar algumas, que são descartadas com muita facilidade nos debates da esquerda. Não consigo entender os motivos.
12) FIM

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