Thread by @rodrigocapelo

Torcida organizada dentro do São Paulo pra "reunião" com elenco e comissão, risco de rebaixamento, uma desgraça de futebol. Sei que o torcedor tricolor tem motivos suficientes para preocupação, mas preciso acrescentar outro, talvez até mais nocivo do que todos esses. Chega aí. 🧶

A velha política do São Paulo está avançando com uma "reforma do estatuto". O @zeedgar nos conta, no @geglobo, que a reunião para tratar dela foi adiada para 16 de dezembro. Mas sugiro que a pauta não caia em esquecimento. Eles vão só esperar um momento adequado para dar o golpe.

1º. Em 2017, o São Paulo limitou a eleição do presidente a um mandato de três anos. Agora, em 2021, conselheiros querem mudar de novo para permitir a reeleição por mais três anos. Só para o próximo, certo? Claro que não. A mudança beneficiaria o atual mandatário, Julio Casares.

2º. A quantidade de membros do Conselho Deliberativo seria reduzida para 200. Não seria ruim, se todos fossem eleitos e houvesse chapas proporcionais à votação. Mas não. A proposta é que 120 desses conselheiros sejam vitalícios, enquanto 80 seriam eleitos com cargos de seis anos.

3º. Conselheiros querem permitir a "suspensão preventiva" de associados. Caso algum sócio ameace a "integridade moral" ou a "harmonia social", conceitos vagos, pode ser suspenso de maneira arbitrária. Assim, fica mais fácil para quem está no poder praticar perseguição política.

4º. Hoje, contratos superiores a R$ 1,4 milhão precisam de aprovação do Conselho Deliberativo – exceto os que competem ao departamento de futebol. Pois eles querem elevar o mínimo para R$ 2,8 milhões. Todos os acordos abaixo disso dispensariam aprovação e, logo, fiscalização.

5º. Pedidos de registro de chapas para diferentes órgãos (inclusive Conselho Deliberativo) precisariam ser subscritos por 55 conselheiros vitalícios – que não podem apoiar mais do que uma chapa. Assim, quem está no poder mata a oposição antes mesmo de talvez perder a eleição.

6º. Isso sem falar na eleição indireta, problema grave e não abordado. Em vez de permitir que todos os associados do São Paulo votem para presidente, o sistema tricolor restringe esse direito aos conselheiros. Assim, como outros cartolas, Julio Casares só presta contas aos seus.

Por fim, precisamos ressaltar que os responsáveis por esta reforma não querem que ela seja debatida publicamente. No São Paulo, isto é assunto sigiloso. A torcida só sabe que há um golpe em andamento graças ao trabalho de repórteres como @zeedgar, @eroliveira_ e @pedrolopesg.

Hoje, temos um podcast no @geglobo. O episódio que gravei com o advogado @FernandoMonfar, especializado em governança, já está no ar. Repito: não deixem a pauta cair em esquecimento. Pois aqueles que planejam tomar o São Paulo para eles não esquecerão.

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