A liga francesa publicou seu relatório financeiro, com dados de todos os clubes de primeira e segunda divisões, e o Mbappé tá decidindo se fica ou sai do Paris Saint-Germain. Juntamos os dois assuntos numa entrada só no @SporTV. Se você perdeu, vou resumir a história num 🧶 aqui.
Mbappé quer deixar o PSG, segundo reportagem do jornal francês @lequipe, porque está desanimado com as perspectivas em relação à Liga dos Campeões. Mesmo com os reforços anunciados – Donnarumma no gol, Sérgio Ramos na zaga e por aí vai –, o atacante talvez não renove contrato.
Nossa primeira tarefa, então, é entender a posição financeira do PSG. Que o clube está cheio da grana porque tem por trás dele o Qatar, um país rico, todo mundo sabe. Mas o que diz o relatório publicado pela liga? Começamos com a comparação entre receitas e resultados dos clubes.
Não precisa ser especialista em finanças pra sacar duas coisas. 1º: o PSG abriu uma vantagem financeira ridícula sobre os demais clubes franceses. Falaremos mais desta desigualdade daqui a pouco. 2º: o clube registrou um prejuízo considerável, 124 milhões de euros, em 2019/2020. 
Sobre o prejuízo de € 124 milhões no exercício encerrado em 30 de junho de 2020, precisamos ponderar que parte disso é contábil, que o rombo não é tão grande assim na prática, mas ele existe. As contas estão desajustadas. Em português claro: o PSG gasta mais do que arrecada.
Crise financeira no PSG? Não, calma. O clube tem uma dívida relevante – € 617 milhões no fechamento do último balanço –, mas um terço é com o proprietário, que não deve ter pressa pra receber. De qualquer jeito, é importante ajustar as contas por causa do fair play financeiro.
O fair play financeiro põe regras para desestimular a irresponsabilidade. Não pode ter prejuízo acima de € 5 milhões, proprietários não podem injetar acima de 30% da receita anual etc. Então o problema do PSG não é que falta dinheiro, e sim que essas regras o amarram um pouco.
De volta ao quadro geral, dá uma olhada nas folhas salariais da liga francesa na temporada 2019/2020. Mais uma vez, fica evidente o desequilíbrio que se impôs desde que o Qatar comprou o PSG e passou a inflacionar seus valores. Nem Lyon, nem Olympique, ninguém chega nem perto.
Para dar uma dimensão a essa desigualdade financeira entre clubes, costumo comparar, na primeira divisão, a maior folha com a menor. Na França, essa diferença está em 22 vezes. No Brasil, considerando as folhas do Flamengo e do Atlético-GO, em 2020, a diferença foi de 11 vezes.
Por que o Campeonato Francês é previsível? Em partes, porque esse desequilíbrio matou as chances dos outros clubes. Por que Mbappé está preocupado com a Liga dos Campeões? Porque é lá que o atacante encontra adversários à altura, um campeonato realmente difícil de conquistar.
Pra segurar Mbappé e mantê-lo motivado, o PSG vai ter que, de novo, botar dinheiro na mesa. Trazer reforços, aumentar seus ganhos, business as usual. O problema que a direção do clube deve ter é o enquadramento no fair play financeiro – por mais que já o tenha burlado no passado.
Se eu fosse francês, estaria preocupado com outra coisa. PSG com Mbappé e Neymar é legal demais. Mas o cenário é extremamente desanimador para outros clubes, seus torcedores, seus jogadores, por aí vai. Ah! E o vídeo com minha entrada no @SporTV está no Instagram: @rodrigocapelo.
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