Sistematizar a polémica da semana:
- temos um problema cultural com a partilha e não divulgação de dados
- temos outro problema com a não separação entre o poder político e a técnica
- a DGS melhorou nos últimos meses, mas há margem para mais
- o governo e presidência nem por isso. Os últimos 15 dias mostram que não aprenderam grande coisa
- a informação que sustenta a decisão da DGS já é conhecida e é pública. É óbvio que a DGS não tem dados novos que não sejam conhecidos pelo CDC ou ECDC
- a vacinação só se inicia com a norma. A norma traz consigo a sustentação teórica e bibliografia, no fundo, o parecer
- divulgar agora o parecer seria algures entre redudante e para um nicho de pessoas hiper interessadas, nem todas com capacidade para interpretar
- no entanto, não vejo mal nenhum que seja divulgado. Assim como defendi a transmissão das reuniões do infarmed, não vejo mal nenhum, pelo contrário, que estes pareceres sejam públicos
- a imprensa existe também para isto, traduzir em "português" e fazer divulgação científica
- mas falamos de um assunto bastante sensível. Quando se fala sobre este tema, a forma interessa tanto quanto o conteúdo
- e neste ponto, as eleições não ajudam e são um incentivo ao populismo
- não se pode acusar o governo de não separar a técnica da política para fazer pior
Até 28 janeiro teremos imenso disto. Já houve nas presidenciais, agora será ainda pior.
A responsabilidade dos partidos é grande. devem ser parte da solução e não contribuir para o ruído
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A evolução recente do sarampo em 🇪🇺&🇵🇹 já transmitia muita informação interessante
Número de casos
2015
🇵🇹 0
🇪🇺 4001
2016
🇵🇹0
🇪🇺4642
2017
🇵🇹34
🇪🇺18363
2018
🇵🇹171
🇪🇺17822
2019
🇵🇹10
🇪🇺13200
71% não vacinados
18% com uma dose
10% vacinado 2 doses
Algumas ilações
👉🏼 Portugal tem óptima cobertura vacinal, mas mesmo assim, não ficamos isolados perante o descontrolo da Europa central. Se há um surto na Roménia, ele chegará cá
👉🏼As vacinas funcionam em grupo. Portugal com a melhor cobertura europeia teve a menor incidência
👉🏼ao olharmos do ponto de vista individual, podemos sempre apontar para os 10% de vacinados infectados, ou 18% parcialmente vacinados. Mas estaríamos a olhar para a árvore, não para a floresta
Já não a quente e com eleições marcadas, podemos falar sobre a situação política 🧵:
👉🏽 É contraproducente falar em culpa. A solução, que existiu em geometrias variáveis, durou 6 anos. Não é de todo um falhanço como muitos previam em 2015
👉🏽alguma esquerda diz que foi um erro e afirma que se devia desde já afirmar a intenção de chegar a um novo acordo.
Mas isto não passa da intenção de passar um cheque em branco ao PS. Antes de falar já dão o acordo como certo. Não vão negociar, vão validar
👉🏽outra esquerda fica contente e regressa à trincheira que se sente mais confortável. É mais fácil ser oposição. Se houver bloco central é uma prenda. até de olhos fechados se fará oposição pela esquerda. Mas é uma postura inconsequente, que não trás ganhos para ninguém
Uma atualização rápida sobre o Ébola no Congo 🧶
O novo surto em Kivu do Norte já tem 8 casos confirmados, 6 óbitos, 1 recuperado e 1 em tratamento.
O centro do novo surto é perto do epicentro do surto 2018-20, é provável que estejam relacionados
É muito provável que este novo surto tenha tido o seu inicio mais cedo. agosto ou setembro. Ocorreram 3 mortes na região de uma doença tipo febre hemorrágica, mas que nunca foram testados. E eram vizinhos da primeira vítima oficial - um menino de 3A.
(dos 8 casos, 4 são crianças)
A sequenciação genética apoia a ideia que se trata um reacender do surto passado, ao invés de uma nova transição natureza -> humanos. Como? a infeção pode ter continuado despercebida, um "falso recuperado", ou um recuperado com carga viral
é notícia que o número de doentes inscritos para cirurgia é o mais baixo nos últimos 2 anos
Pode ter duas leituras: i) produziu-se tanto que há menos doentes em espera; ii) os doentes não estão a entrar na lista
até julho 2019, realizaram-se 350684
até julho 2021, realizaram-se 357451
Um saldo positivo de 6767 cirurgias. Essencialmente devido à componente ambulatória, onde a diferença aumenta para 12556
Analisando por região, é possível observar assimetrias regionais.
a região Norte lidera a recuperação (mais meios e melhor organização), tendo realizado + 18008 cirurgias. O maior contribuinte individual? Braga, com + 7315. nada mau para um hospital em ruínas 😬
A saúde no Afeganistão estava bastante má quando os talibãs chegaram ao poder em 1996. Em 2001 tornou-se não existente.
Resumindo, não houve política, nem sequer pretensão de o ter, para a saúde.
Segue 🧵para mais dados e desenvolvimento
Esperança média de vida em 1996 era de 53,92 anos, em 2001 era de 56,32
Um decréscimo da evolução desde indicador
Fenómeno semelhante na mortalidade infantil, o ritmo da diminuição tornou-se menos acentuado no período de 5 anos de governação talibã
Em 1996, o país tinha passado por décadas de guerra e conflitos, com toda a infraestrutura destruída. 8 dos 14 hospitais de Cabul não funcionavam, por falta de água, eletricidade e segurança das fundações. O governo talibã nada fez para dar a volta à situação.
Temos um enorme problema com a obesidade infantil. É multifatorial, desde os poucos incentivos à prática de exercício, ao rei carro e más escolhas alimentares. Há programas interessantes, mas localizados, sem financiamento e avulso.
Podemos subir impostos ou legislar
O caso do sal do pão é um bom exemplo. Reduzimos o sal no pão por uma lei. Que na altura também gerou algum ruído.
No açúcar dos sumos, subimos impostos - desconheço o efeito prático (se alguém souber de uma análise em 🇵🇹que avise!) Diria que foi moderado
Ora o objetivo deste imposto não é (ou não devia ser) arrecadar receita mas sim incentivar a diminuição do consumo.
Nos hospitais já se legislou uma lei semelhante às das escolas. Só teve um problema, foi relativamente cumprida nos primeiros tempos. Agora é quase que ignorada