A saúde no Afeganistão estava bastante má quando os talibãs chegaram ao poder em 1996. Em 2001 tornou-se não existente.
Resumindo, não houve política, nem sequer pretensão de o ter, para a saúde.
Segue 🧵para mais dados e desenvolvimento
Esperança média de vida em 1996 era de 53,92 anos, em 2001 era de 56,32
Um decréscimo da evolução desde indicador
Fenómeno semelhante na mortalidade infantil, o ritmo da diminuição tornou-se menos acentuado no período de 5 anos de governação talibã
Em 1996, o país tinha passado por décadas de guerra e conflitos, com toda a infraestrutura destruída. 8 dos 14 hospitais de Cabul não funcionavam, por falta de água, eletricidade e segurança das fundações. O governo talibã nada fez para dar a volta à situação.
De facto, consegue a proeza de gastar menos de 15 milhões de dólares/ano em saúde, ou 0,5$ per capita/ano.
70% dos atos e serviços de saúde era providenciados por ajuda externa, até as sanções e restrições terem o seu impacto
Mais do que não fazer nada, tomaram medidas contra a saúde. Como a segregação por género, as mulheres só podiam obter cuidados não emergentes num hospital de Cabul. Todo o obscurantismo levou a perseguições dos poucos profissionais de saúde. Alguns foram mesmo purgados
Antes dos talibãs, o Afeganistão tinha 2 médicos por 10 mil habitantes.
Em 2001 tinha 1 médico por 10 mil habitantes.
(2015 atingiu-se o pico com 3 médicos por 10 mil habitantes, caindo depois para 2,7)
Além da fome, a ausência de saneamento e água potável (apenas 13% da população com acesso a água) contribuíam para doenças infecciosas.
A última campanha de vacinação decente foi organizada, com muito apoio internacional, em 1994
A ajuda externa para a saúde caiu a pique. No período talibã, o máximo foi atingido em 1997 com 12 milhões de dólares. 6 dos quais europeus e 4 dos EUA
Se em Cabul a situação não era boa, fora da capital era pior. O país tinha os piores indicadores de mortalidade infantil e mortalidade materna.
Mortalidade por HIV, tuberculose e outras doenças infecciosas aumentaram no período.
O mesmo padrão observou-se nas doenças não transmissíveis, cardiovascular, pulmonar, neoplasias ou diabetes. Aumento da mortalidade, ou no melhor caso, como oncologia e doença renal, não agravou mas estagnou.
Mortes por trauma/violência:
Apesar do fim do conflito com a vitória dos talibãs, isso não trouxe uma redução de mortes neste capítulo.
Tendo inclusive, atingido um recorde absoluto em 2018
A situação base era de tal maneira má, que qualquer intervenção iria produzir resultados positivos. Praticamente todos os indicadores melhoraram nos últimos 20 anos. E podiam ter melhorado mais, como o triste caso da pólio que comentei aqui há dias.
O frágil sistema de saúde afegão corre o risco de colapsar, prejudicando de forma assimétrica, as mulheres e crianças.
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é notícia que o número de doentes inscritos para cirurgia é o mais baixo nos últimos 2 anos
Pode ter duas leituras: i) produziu-se tanto que há menos doentes em espera; ii) os doentes não estão a entrar na lista
até julho 2019, realizaram-se 350684
até julho 2021, realizaram-se 357451
Um saldo positivo de 6767 cirurgias. Essencialmente devido à componente ambulatória, onde a diferença aumenta para 12556
Analisando por região, é possível observar assimetrias regionais.
a região Norte lidera a recuperação (mais meios e melhor organização), tendo realizado + 18008 cirurgias. O maior contribuinte individual? Braga, com + 7315. nada mau para um hospital em ruínas 😬
Temos um enorme problema com a obesidade infantil. É multifatorial, desde os poucos incentivos à prática de exercício, ao rei carro e más escolhas alimentares. Há programas interessantes, mas localizados, sem financiamento e avulso.
Podemos subir impostos ou legislar
O caso do sal do pão é um bom exemplo. Reduzimos o sal no pão por uma lei. Que na altura também gerou algum ruído.
No açúcar dos sumos, subimos impostos - desconheço o efeito prático (se alguém souber de uma análise em 🇵🇹que avise!) Diria que foi moderado
Ora o objetivo deste imposto não é (ou não devia ser) arrecadar receita mas sim incentivar a diminuição do consumo.
Nos hospitais já se legislou uma lei semelhante às das escolas. Só teve um problema, foi relativamente cumprida nos primeiros tempos. Agora é quase que ignorada
Temos recebido muitas crianças a vomitar. Normalmente, no verão há um aumento de gastroenterites, embora elas ocorram durante o ano todo.
👉🏽Os pais perguntam, "o que podemos fazer em casa para evitar idas à urgência?"
Vamos ver, no 🧵👇🏽
Menores de 6 meses devem ser observados, sem pânico, mas os vómitos podem ser um sinal de outros problemas.
A criança vomita 👉🏽o truque é ter calma. Não dar nada para comer e beber, esperar 30 minutos e iniciar a hidratação oral. Temos várias opções, algumas acessíveis a todos
👉🏽Soro de hidratação oral, vendido nas farmácias e parafarmácias
👉🏽Sumo de maçã clarinho (sem polpa)
👉🏽Ice tea
👉🏽Chá claro com um pouco açúcar
Quem não gosta de dar açúcar aos miúdos: este não é o momento para ter esse problema
O novo relatório da Commonwealth fund sobre sistemas de saúde já está disponível! 11 países são avaliados, infelizmente não 🇵🇹.
Reino Unido, Países Baixos, Suíça, EUA, Nova Zelândia, Austrália, Canadá, Suécia, Noruega, Alemanha e França.
🇺🇸 continua no 11º lugar, 🇬🇧perdeu o 1º
Apesar de gastar muito mais, EUA estão bem longe do restante grupo de países.
Noruega é o 7º nos gastos mas conseguiu ficar em primeiro neste ranking
Mesmo o Canadá, que faz inveja aos vizinhos americanos, fica distante dos restantes países europeus. Em cinco parâmetros, os EUA ficam em último em 4
Não têm tempo para ver todas as apresentações de dia 27? Percebo, mas então têm *mesmo* de ver este 🧵
👉🏽As seis imagens a reter de dia 27
Começamos por algo que deu polémica - desnecessária a DGS bem que podia divulgar regularmente estes dados
Apenas 2% dos internados em enfermaria tinham a vacinação completa
Apenas 5% dos internados na UCI tinham a vacinação completa
A diferença é tão grande que é autoexplicativa
A Covid afecta desproporcionalmente os mais idosos. Mas não é uma doença dos velhos. Nunca o foi. Agora que os mais velhos estão vacinados, põe a nu o impacto que causa noutras idades.
Por exemplo, 36 casos em UCI são <39 anos.