O Facebook barra milhões de vídeos com abuso de animais ou crianças, violência extrema, etc. Instagram barra mamilo. YouTube, tem detecção automática de música e filme. Se quisessem barrar desinformação, já têm as ferramentas.
A diferença é que quem exige isso são os anunciantes.
A mesma coisa aqui no Twitter. O problema, aqui, é que muitas das pessoas que tornam esta rede relevante são justamente as pessoas que usam o Twitter para desinformar. E que podem impor regulação de fora se forem caladas aqui dentro.
Ah, mas quem decide o que é desinformação ou não?
Eu não sei, mas se isso preocupa você, também vale se preocupar com o fato de um time de 10-20 engenheiros de software no Vale do Silício decidirem o que é ou não a realidade, o que pode ou não ser visto por 3 bilhões de usuários.
E toda rede social deixa a pirataria acontecer enquanto é conveniente e aumenta o público. Depois, quando fica grande demais e isso chama a atenção, mas já tem o fôlego pra ter um time de advogados, dão uma higienizada. Não fazem o mesmo com desinformação pq não precisam.
Um dos problemas que todas essas redes têm em mãos é a desinformação oficial, vinda de políticos e similares. Barrar conteúdo de supremacia branca como fazem com terrorismo tiraria perfis políticos do ar. É uma questão política tb. theverge.com/interface/2019…
Por isso se esforçam tanto para tornar desinformação uma questão politico-identitária. Assim, banir cloroquina ou desinformação de vacina vira "censurar um partido". E a própria justiça manda colocar o conteúdo de volta no ar. O que é mais fácil para redes? Não tocar no assunto.
O Twitter foi uma das redes que fez o trabalho mais ativo de verificar perfis de informação de COVID. Profissionais da saúde, jornalistas, epidemiologistas, muitos ganharam destaque com isso. O que essa polarização faz? "Se verificaram o Atila, pq não verificam o cloroquiner X?"
Aí, em nome da imparcialidade (que também é conveniente financeiramente), se verifica também quem desinforma. Não pq a informação séria tem dois lados. Mas pq um dos lados escolheu a desinformação e exige isonomia de tratamento.
Se omitir nessa questão é o mais seguro, mais barato e mais sustentável a curto prazo. Tenta justificar uma mudança que vai contra isso para acionistas. Então vão fazer o mesmo que se faz com a pirataria. Levar até onde dá e só agir quando não tem outra opção.
E quem mais se beneficia dessa polarização vai continuar fazendo isso: ignorar todas as regras com as quais já precisamos concordar para usar essas redes, como abrir mão da liberdade de postar material que infringe copyright, para colocar barreiras à desinformação como censura.
E não é como se autoridades não soubessem disso. Tanto sabem que a polícia nos EUA começou a usar conteúdo com copyright, como tocar Taylor Swift em protestos, para facilitar tirar vídeos de quem filma do YT. Sabem e usam o botão que funciona. theverge.com/2021/7/1/22558…
p.s. isso vindo de alguém que só faz o que faz hoje por causa de redes sociais, que dificilmente teria oportunidades diretamente via mídias tradicionais e que, se criticasse elas de dentro como falo do Twitter aqui, estava fora no mesmo dia.
Complemento que faltou:
Isso tudo porque não somos os clientes aqui. Somos os produtos. Ou melhor, nossa atenção é o produto. Os clientes são os anunciantes, eles que têm razão. E tudo vai ser orientado para manter esses clientes aqui, enquanto o produto, você, pode ser trocado.
Por isso tem modelos preditivos complexos e curados por humanos para dizer no que você vai clicar, que conteúdo vai manter você mais aqui ou o que fere ou não as regras dos anunciantes. Mas o mesmo não é aplicado pra predizer o que deixa você bem ou mal.
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O Twitter é movido a indignação e mantém relevância quando alimenta a mídia com pautas e discussões negacionistas, além das legítimas. Pode não ser a rede mais popular, mas é a rede que semeia as mais populares. Por isso, não dá pra ter #TwitterApoiaFakeNews
No caso, ter o @TwitterBrasil mantendo notícia falsa de vacinas no ar. Ter a hashtag #TwitterApoiaFakeNews se autocolpletando seria bem legal.
Com a ascensão da política via redes sociais, o Twitter virou o centro de muita discussão diária até na imprensa. Eu mesmo gero refino e compartilho as pautas de COVID aqui.
Mas justamente por esse papel cada vez mais importante que não dá pro @verified apoiar fake news.
Fio fantástico do @jburnmurdoch com a situação da Omicron no Reino Unido e no mundo, com lições importantes que vou pinçar.
1º, um mesmo Nº de casos realmente gera menos internações do que ondas anteriores. Mas o volume de casos ainda põe uma pressão enorme no sistema de saúde.
Mas essa onda de Omicron começou entre os mais novos, menos vacinados e que circulam mais. Só agora os casos começam a crescer entre os mais velhos e as internações também devem crescer mais em proporção aos casos.
O aumento de casos gera outro problema: pacientes que vão pro hospital por outros problemas, mas estão com COVID. Eles podem não evoluir pra algo mais sério, mas são um risco de contágio pros profissionais e pros outros pacientes. Isso aumenta ainda mais a pressão nos hospitais.
Relatório dos primeiros 785 casos de COVID na Dinamarca, um dos países que mais testa por hab. e sequencia casos de COVID no mundo. Os números ainda são pequenos e os casos concentrados entre jovens, mas a severidade parece comparável à da Delta. eurosurveillance.org/content/10.280…
Um fio
Por conta dos testes, deve ser um dos países com a maior cobertura dos casos de Omicron. Mais de 77% da população tomou duas doses e mais de 20% já tomou a dose de reforço. Entre os casos, 76% tomaram 2 doses e 7% tomaram o reforço.
Dos 785 casos, só 9 foram hospitalizados (1,2%) e 1 precisou de UTI (0,13%). Por esses números, a Omicron parece ser leve. Mas são casos em uma pop. muito vacinada. A proporção de dinamarqueses hospitalizados e internados pela Delta no mesmo período é comparável (1,5% e 0,1%).
Também descobri que apareci no topo do @thesciencepulse (obrigado pela confiança e pela atenção)! Apesar do semestre todo fora (no IMF).
Aproveito para recomendar todos os outros nomes que vão informar vocês muito mais. E pra fazer um pequeno fio sobre minha leitura disso.
Se repararem na lista dos perfis mais acompanhados, temos poucas instituições e nenhum nome “institucional” como o Fauci lá fora, que fala em nome do governo dos EUA. É um forte sintoma da falta de presença do governo e das instituições de pesquisa brasileiras em redes sociais.
E quando falo topo, quero dizer número de seguidores, métrica que muitas vezes chama atenção 1o (por bem e por mal). Não sou tão ativo aqui quanto gostaria, certamente não posto tanta informação relevante quanto os outros perfis. E atribuo muito dos meus números a “pioneirismo”.
Fio bem importante discutindo os resultados preliminares da redução de imunidade contra a Omicron e como isso poderia ser transposto para proteção vacinal e hospitalização. Seguem tuítes sobre o que podemos interpretar desses resultados PRELIMINARES que carecem de confirmação.
Os 3 estudos em questão estimaram de formas diferentes o quanto anticorpos presentes no sangue de pessoas vacinadas barram o vírus em laboratório. Ou seja, não são dados da vida real. Para estimar o que isso significa, rola uma extrapolação que, por natureza, não vai ser exata.
A Omicron parece precisar de 7 a 40 vezes mais anticorpos para ser barrada em testes tanto quanto o Sars-CoV-2 original. Com mais chances de estar mais próximo de 40x. É uma redução brutal, a maior vista em uma variante até agora. Mas ela não escapa completamente.