Vejo muitas pessoas me dizendo para não preocupar pois na África do Sul a curva da omicron caiu rapidamente. Pois bem:
Neste gráfico temos os dados da África do Sul. Vamos focar na curva histórica de casos, desde o início da pandemia: +
Aqui um "zoom" para vermos melhor. Percebem que a onda da Omicron caiu rápido, MAS todas as outras ondas anteriores também?
O gráfico histórico da África do Sul mostra um país que tem estratégias de mitigação do crescimento das ondas. Assim que a onda sobe, ela cai rapidamente:+
A omicron pode ter, sim, a característica de acabar mais rápido por infectar muitas pessoas rapidamente, mas a África, na minha visão, não deveria ser um exemplo para isso justamente por terem mitigado bem as ondas anteriores (o que faz ser provável que fizeram o mesmo agora).+
Agora vejamos um país que não tem estratégia de mitigação, mas sim um monte de estados batendo cabeça, com estratégias divergentes e mensagens conflitantes, com mensagens erradas de autoridades/médicos, tratamentos inócuos e tudo mais: +
Esse país, infelizmente, é o Brasil.
Aqui o "zoom" na curva. Perceberam a diferença? Quase uma onda contínua que começou em março de 2020 e durou até outubro de 2021.+
Então não dá pra achar que o que aconteceu lá vai acontecer aqui apenas comparando assim.
Torço muito para que sim, para que a onda acabe logo, sozinha, não gere hospitalizações, não gere óbitos, MAS, só torcida infelizmente não o suficiente (senão nem teríamos pandemia, né?)+
Foco nas medidas de proteção e em evitar oportunidades de transmissão. Quando formos fazer algo, o ideal é pensar: "qual o risco?" e aí tentar mitigar (reduzir) ele ao máximo.
A cada nova onda da pandemia eu lembro imediatamente da curva da mudança, da Elizabeth Kubler-Ross.
Vejam as fases e me digam se não é bem assim:
1. Choque: surpresos com a mudança, ficamos sem saber o que fazer; 2. Negação: buscamos tudo que faça parecer que não é verdade;+
3. Raiva: confrontados com a realidade, começamos a ficar com raiva e buscamos culpados; 4. Barganha: começa a fase de negociação pra tentar lidar com a mudança: tentamos barganhar o que aceitamos perder e o que ainda não aceitamos;+
5. Depressão: o “fundo do poço”, com a sensação de que nada mais vai ficar bom de novo; 6. Experimentação: aqui é a fase em que começamos a tentar novos comportamentos para conviver com a mudança; 7. Integração: por fim, aprende-se a conviver (de verdade) com a nova situação.+
Vejam o tamanho da onda do estado do Espírito Santo, confirmada. ES é um estado que tem sistemas próprios de registro, então conseguimos ver o que está acontecendo lá.
Condiz com o que estamos vendo no RS também (casos confirmados) e em SP (internações hospitalares).+
Acredito que temos (Brasil todo) de pensar em medidas/maneiras que ao menos tentem *reduzir* a chance de ampliação da cadeia de transmissão, e não medidas que não alteram em nada ou pioram.
- Isolamento em menos dias: chance maior de aumentar do que diminuir transmissão;+
- Cancelar eventos que vão acontecer daqui a 30 dias: não afetam a cadeia de transmissão que está acontecendo HOJE;
- Esperar para ver se hospitalizações sobem: além de não quebrar a cadeia de transmissão, permite a ocorrência de eventos evitáveis.
Pessoal, perdoem pela minha insistência/chatice, mas:
- O apagão de dados continua;
- Se/quando vocês virem dados nacionais, saibam que muitas secretarias estão com problemas de notificação e aqueles números podem não ser 100% confiáveis;+
- Quando falo que os números podem não ser 100% confiáveis, quero dizer que, na situação atual (dificuldade de notificação) os números podem ser maiores do que os divulgados;
- Quanto mais tentamos ver uma situação ampla (estado inteiro/região/país), mais difícil acompanhar;+
- Alguns boletins municipais podem estar passando uma imagem correta da situação, desde que o município em questão tenha sistema próprio e notifique tudinho ali;
- Não temos dados de SRAG por faixa etária desde 29/11/2021;
- Não temos dados de cobertura vacinal desde 07/12/2021;+
Ordem dos acontecimentos nessa nova onda pós vacina na Europa: 1- Estagnação da cobertura vacinal (estagnações entre 50 e 80% com duas doses); 2- Flexibilizações nas medidas de proteção, seja por governo ou por conformidade social (pessoas parando de usar máscaras ou+
usando máscaras menos eficazes, como cirúrgicas ao invés de PFF2; 3- Aumento de casos confirmados, a grande maioria leves (mais leves nos países que estagnaram com cobertura vacinal maior (80%)); 4- Aumento de hospitalizações, novamente correlacionando inversamente com+
cobertura vacinal, ou seja, maior cobertura = menor proporção de hospitalizações; 5- Uma parte das hospitalizações, infelizmente, se convertendo em óbitos. Quanto menor a cobertura vacinal onde estagnou = mais hospitalizações = mais óbitos evitáveis.+
Passo aqui pra desejar um Feliz 2022 para todos, dentro das possibilidades de cada um. Sabemos que o mundo está numa situação não muito boa, por isso o desejo por mais saúde, paz, calma e alegria é ainda mais forte.
+
Estamos correndo uma maratona que já seria difícil se todos fizéssemos tudo certinho.
Como temos momentos onde erros ocorrem, isso prolonga e dificulta mais ainda essa maratona.
Agora mesmo estamos vendo cada vez mais o cansaço dessa maratona chegar em cada um de nós. +
Vemos os EUA, indo para uma *média* de 500.000 casos diários de covid-19. Já estamos vendo hospitalizações subirem de forma exponencial lá. Alguns locais, como New York e Florida estão bem preocupantes em relação à hospitalizações.
Pessoal, agora que atualizamos os dados de casos até 21/12, atualizei também o painel de sintomas da pesquisa CTIS, e percebi que os casos, na região Norte, estão aumentando, mas nas outras, continuam em queda abrupta.
Vejam aqui AM e PA. Vemos aumento de sintomas e casos: 🧶//1
Já quando olhamos BA e PE, vemos o aumento de sintomas mas uma queda abrupta nos casos no final de dezembro: //2
Em SP (Sudeste), GO (Centro Oeste) e RS (Sul) vemos o mesmo comportamento de casos caindo abruptamente.
Em SP vemos um aumento forte de sintomas, GO um aumento não tão forte quanto SP e no RS não vemos aumento de sintomas: //3