Devemos tomar cuidado com o que falamos na divulgação científica.
Se tornar cientista não é apenas uma questão de escolha ou de querer. Num país com profundas desigualdades, muitos ñ conseguem seguir na carreira por falta de oportunidades. Quer um exemplo dessa exclusão?
Já vi muito divulgador e divulgadora que -sem maldade- cita como um estágio, um congresso ou uma pós no exterior foram transformadoras em sua vida.
Porém, no Brasil, o inglês também deixa muitas pessoas a margem da pesquisa que tanto sonham.
Inglês aqui que ainda exige dinheiro.
Nós que divulgamos e/ou fazemos #ciência às vezes só o fazemos por causa dos nossos privilégios. Por isso nossa luta tbm é pela eliminação da profunda desigualdade social no BR, ou pelo menos, podemos ter consciência do impacto da desigualdade na escolha da carreira científica.
Isso aqui não é para desmerecer ou atacar os bons trabalhos de divulgação que temos.
Mas para nos fazer refletir: observe o padrão sócioeconômico dos mais proeminentes divulgadores e divulgadoras que temos.
Ainda temos uma produção e divulgação da #ciência elitista.
Por isso, sem querer, podemos passar uma idéia de que se dedicar a #ciência exige apenas mérito individual quando contamos nossos "cases de sucesso" da carreira científica ou de divulgação.
Devemos olhar para esse ambiente brasileiro que impede o sonho de se tornar cientista.
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Tomei a terceira dose! Cada dose é uma alegria maior.
Estar no posto de saúde, um ambiente que frequento desde criança, é um misto de pensamentos:
-é bom demais ter um sistema único de saúde
-como me sinto seguro vacinando
-como é bom ver a #ciência sendo usada para salvar vidas.
- como o SUS ainda precisa de investimento e apoio, de diversas maneiras;
-#Ciência deve ser assim, principalmente um bem público, coletivo e comunitário, tanto o conhecimento e sua construção, quanto as tecnologias que ela produz;
-O SUS deve andar ao lado da #educação pública
Porém, como tem gente ignorante na fila da vacina. Gente que critica deliberadamente os trabalhadores e trabalhadoras da saúde sem qualquer embasamento.
Como essa gente podre e odiosa por dentro faz críticas vazias e não entendem como estimular a melhoria do SUS;
Muitas vezes estudar pseudociências diz muito sobre a própria relação #ciência-sociedade.
Pseudociências ganham força pq sabem dialogar vendendo soluções fáceis e acolhedoras, enquanto a ciência está repleta de conhecimentos que incomodam. Porém, a ciência ñ precisa ser tão fria
Querendo ou ñ a #ciência ainda é distante das pessoas e é elitizada. E qual a melhor maneira de tornar esse conhecimento popular?
Talvez vc tenha pensado: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA. E realmente ela é importante. Senão ñ estaríamos aqui.
Mas vamos lembrar do ensino de ciências.
Divulgação científica também depende do ensino de ciências. E um pouco do contrário tbm acontece.
Mas as danadas as pseudociêncis tbm nos dizem a força que o dinheiro tem, ao fazer lobby, ao comprar a mídia e enganar. Isso tbm nos mostra a luta política pelo ensino de ciências.
Li aqui que devemos diferenciar divulgadores científicos de div. de #tecnologia.
Faz sentido:alguns canais que se propõe a explicar como a #ciência funciona, falam apenas de alguns d seus produtos que tem aplicações imediatas. E explicam apenas como uma PARTE da ciência funciona
Não tem nenhum problema fazer uma #divulgaçãocientífica voltada para a tecnologia gerada pela #ciência. É até uma maneira bacana de mostrar para as pessoas esse conhecimento no cotidiano.
Mas ficar só nisso pode nos levar ao risco de passar uma imagem distorcida da ciência.
Vi que alguns canais que divulgam algo mais voltado para determinadas tecnologias, como as da astronomia, tendem a ter uma visão mais determinista e até simplista da #ciência. Não sei se isso é algo comum, mas é para se pensar.