Hoje faz 77 anos que o Exército Vermelho liberou Auschwitz-Birkenau. Por isso, 27/01 entrou para a história como um dia internacional de memória da Shoah.

Um dos meninos da minha tese foi assassinado lá. E hoje eu queria mostrar um texto que ele escreveu 1 ano antes disso.
Casimir* tinha 16 anos quando foi preso por roubo e tráfico de tickets de alimentação, em 1943. Um delito banal, mas que era bastante reprimido num momento em que a França passava pelas diversas privações da guerra (e era drenada economicamente pelos nazistas).

* nome fictício
Durante os 83 dias em que foi mantido no centro de triagem de menores de Crimée, em Paris, ele escreveu uma redação sobre a sua vida. Nela, ele fala da sua família, da escola, do que tinha vivido desde os 10 anos, as cidades em que morou. Nada demais.

Até que a guerra aparece...
"Depois foi o triste êxodo, e mais triste ainda o que se seguiu".

Ele faz menção nesse momento ao grande movimento de pânico de maio-junho 1940, quando milhares de refugiados vão do norte para o sul da França, fugindo da blitzkrieg nazista.

Mas a vida tinha que seguir...
... e, em seguida, a gente reencontra um adolescente feliz:

"Nas horas vagas, ia acampar, quando o tempo estava muito ruim ou ia visitar um museu, ou ia ao cinema ou ao teatro".

Mas a guerra não lhe daria trégua. Assim como a pobreza, a prisão... e o que viria depois.
"O fato que acabou me trazendo para cá foi a venda de cartões de pão, o escasso orçamento dos meus pais me deixou apenas esse caminho, meus pais não [estavam] trabalhando e eu não tinha o direito de trabalhar sendo de religião judaica".

(Levou uma menção "B", bom, por isso...).
Desde 1940, diversas leis, ditadas pelos alemães mas também pelas autoridades de Vichy, deixavam cada vez menos opções para as famílias judias. Eles não podiam mais trabalhar, nem estudar, nem possuir as próprias empresas. E, desde 1942, eram sistematicamente presos e deportados.
Ao fim da sua estadia, o juiz de menores decidiu que Casimir deveria ser enviado a um centro de crianças judias da União Geral dos Israelitas da França (UGIF). O local, que ficava no bairro do Marais, se tornou uma grande "ratoeira", onde as crianças eram capturadas e deportadas.
Foi o que aconteceu com Casimir em 30 de junho de 1944, quando ele foi deportado do campo de Drancy, a "antecâmara da morte", ao norte de Paris, para Auschwitz.

Sendo jovem, é provável que ele tenha sido assssinado assim que chegou lá. E sua história acaba aqui.
Da sua família, de acordo com Arno Klarsfeld, somente ele e uma prima adolescente foram deportados e assassinados. Os outros foram escondidos e ajudados por diversos "Justos", ao longo das muitas perseguições.

O próprio Casimir sobreviveu às perseguições de 1942 assim.
Mas, sendo jovem, sabendo como "se virar" ("se débrouiller"), ele correu o risco de sustentar a família em 1943. E a Justiça de Menores, que não tinha interferência direta dos alemães, acabou colaborando para a sua deportação, mandando ele para uma armadilha.
É difícil terminar essa história. Na França, de 75 mil deportados, somente 2,5 mil voltaram - 3%!

Mas quem sabe esses números façam mais sentido através da história de Casimir. Um jovem pobre, feliz, comum. Mas que foi assassinado por ser judeu.

#Holocaust #Shoah #Auschwitz

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Jan 26
Vc descobre um conceito interessante do Historiador A, citado na obra do Historiador B.

Aí vc pega o livro original na biblioteca e lê o capítulo indicado. E descobre que o Historiador B deve ter dado a referência errada, pq o Historiador A não desenvolve esse conceito ali...🤡
O pior é que o Historiador B não citou só uma vez esse conceito, mas DUAS VEZES, em duas obras diferentes, com a mesma referência errada. 🤡

Vou iniciar o movimento RBECS: "Referência Bibliográfica É Coisa Séria".
Ahhhh. Detalhe. Pra piorar a história.

O Historiador A foi orientador do Historiador B.

😜😜😜
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Sep 28, 2021
Deix'eu dizer uma coisa aqui.

Nazista nunca se preocupou muito em não deixar provas, sabe? Produziu muito documento, fez muita declaração pública. Usava aqui e ali algum eufemismo linguístico como sinônimo pra morte e assassinato. Mas nunca escondeu realmente o que faziam.
A gente pode argumentar que certas coisas se passavam em locais longe dos olhos da maioria da sociedade. Que a gente não sabia desde o início a amplitude do genocídio. Mas muita gente sabia + ou - o que se passava. Qualquer observador nem muito atento sabia.
Só nos meses finais da guerra, na iminência da derrota, que eles começaram a apagar rastros. Queimar documentos. Destruir instalações. Inventar novas biografias. Sumir do mapa. Procurar asilo em outro lugar.

Mas ninguém se arrependeu. Pediu desculpas. Ninguém se redimiu.
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May 17, 2021
Meu pai acabou de passar 14 HORAS na fila para conseguir a 2a dose de Coronavac em Caxias do Sul, depois de quase 3 semanas de atraso.

Meu pai, com 65 anos, teve que dormir no banco de trás do carro, numa temperatura de 10°C, porque o governo federal é irresponsável e genocida.
Ele e outros idosos tiveram que se organizar para passar a noite em segurança, contatar polícia, pressionar para que a vacinação acontecesse o quanto antes.

Isso é desumano.
Eu tô com ÓDIO.
Eu maldigo esse governo.
Eu quero cada responsável na cadeia.
Ca-da um!
VAI TOMAR NO TEU CU, BOLSONARO.
SEU CRETINO!
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