Thread by @IrlanSimoes

Confesso que pretendia fazer, mas tô com dificuldade de acompanhar tanta SAF surgindo tão rápido.

Vocês podem criticar associações pelo fator "política" e pela intempestividade das decisões dos dirigentes.

Mas vão ter que reconhecer que é isso que tá acontecendo com as SAF.

Não são só "dirigentes amadores" (nem tão amadores, em sua maioria são empresários bem sucedidos em seus respectivos ramos, mas tudo bem). Agora são os mesmos dirigentes que vocês tanto questionam, mas acompanhados de muitos "profissionais" que manjam bem pouco de futebol.

Vejo muito mais pressa do que projeto. Tudo é "quem chegar primeiro vai se aproveitar". Todo mundo quer seu o primeiro em uma corrida por... pelo que? Um possível investidor? Qual? Como? Quanto? Quantos? Pra onde?

Propôr uma SAF virou uma bóia de salva-vida de muito dirigente. Vão sair direto da prateleira dos "amadores" para a prateleiras dos inovadores, corajosos, arrojados, conectados com "o que há de mais moderno no futebol europeu".

Desse jeito? Nas coxas? A toque de caixa?

E isso vai sendo naturalizado porque virou um coisa tipo pressão de grupo em ambiente colegial. Quem não usa o tênis da moda é piada. Mas a quem interessa tanta pressa, que o debate se dê pela pressão do twitter e não sobre princípios claros sobre o que "é melhor para o clube"?

Quando eu brinco sobre a frase "você não quer uma SAF, você quer um sugar daddy", é porque é nesse tipo de mentalidade imediatista, desesperada e pra lá de irresponsável que muito esperto está montando (ou vai montar) nos próximos meses. Parem de ver só dinheiro. Pensem no clube.

É impossível elaborar algo bom em 3 meses, gente. A lei está aí, os mecanismos da lei estarão disponíveis para as SAFs criadas agora, ano que vem ou daqui a 5 anos. Que maluquice é essa que estamos vivendo?

Um adendo aqui: é exatamente à ideia "já estamos na merda há muito tempo" que me refiro. Criar e vender uma SAF 1) não é um processo temporário cambiável, como uma "gestão ruim"; 2) não é uma estrutura passível de mudança, como um estatuto ruim.

É um caminho sem volta.

Ainda que seja difícil, associações ainda podem (e ainda precisam) de reformas estatutarias. Em nome da SAF, esquecemos desse assunto fundamental. Acabar com beneméritos, ampliar quadro social, tornar a participação mais direta, ampliar transparência e mecanismos de controle.

E ainda que seja através de um processo político e contaminado, associações ainda podem escolher o seu próprio destino através de eleições, troca de comando, mudança de mentalidade. SAF é propriedade, não se mexe sem o aval do proprietário. É um caminho sem volta.