Após 9-10 meses do esquema completo de vacina de RNA:
🔹O decaimento (esperado!) de anticorpos diminuiu muito entre 6-9 meses após a 2ª dose, estabilizando-se no momento da 3ª dose
🔹A qualidade dos anticorpos melhorou com o tempo!
O estudo de @rishirajgoel et al também mostra que:
🔹As células B de memória para Spike e RBD ficaram estáveis por 9 meses após a vacinação, sem evidência de declínio ao longo do tempo. Parte delas mantinha reconhecimento para variantes de preocupação (De Alfa a Omicron)
🔹Houve um reforço muito significativo após a 3ª dose, com expansão dessas células de memória e aumento nos anticorpos neutralizantes.
🔹O momento em que o reforço é dado é importante: intervalos mais longos podem ter um efeito maior sobre intervalos mais curtos
Quer saber mais detalhes do trabalho? Acompanhe o fio abaixo!
Antes de mais nada, coloquei no primeiro tuíte reforçarei aqui o fio do @rishirajgoel que sintetiza os achados. É possível usar a ferramenta de tradução do twitter inclusive
Recentemente, fiz um fio explicando um pouco sobre as células B de memória e como são importantes para o processo de geração de anticorpos em um próximo momento em que nos depararmos com um agente infeccioso
O estudo avaliou 61 indivíduos que receberam vacinas de mRNA (Pfizer - BNT162b2 ou Moderna - mRNA-1273), desses:
🔹45 indivíduos não tinham histórico de infecção pelo SARS-CoV-2
🔹16 indivíduos tinham se recuperado de uma infecção anterior
Esses participantes foram acompanhados em um estudo anterior do grupo, que descrevo no fio abaixo, por 6 meses. Agora, o acompanhamento avançou para até ~ 9 meses após a vacinação primária de 2 doses, e ~ 3 meses após uma 3ª dose (de reforço)
1⃣ANTICORPOS: 2 doses da vacina aumentaram muito os títulos de anticorpos contra Spike e RBD. Nos vacinados E recuperados, vemos valores maiores, porém a dinâmica de decaimento (esperado) foi parecida tendo (🔴) ou não (🔵) histórico de infecção
O artigo menciona que esse decaimento diminuiu ao longo do tempo e os títulos de anticorpos estabilizaram entre 6-9 meses após a vacinação para ambos os grupos, com pouca ou nenhuma diminuição nos títulos de anticorpos neutralizantes após 6 meses
Mas e a qualidade desses anticorpos? A potência do anticorpo aumentou muito após a 2ª dose, ao longo do tempo, com um aumento contínuo entre 6-9 meses pós-vacina no grupo sem histórico de infecção, consistente com outros achados que indicam tal fenômeno biorxiv.org/content/10.110…
EFEITO DA 3ª DOSE: Uma 3ª dose aumentou os títulos de anticorpos de ligação e neutralizantes em pessoas vacinadas mas sem histórico de infecção. Vimos esse aumento também em indivíduos vacinados E recuperados (figuras dos tuítes acima).
E quando a gente pensa sobre a Omicron, os dados nos mostram que, mesmo a variante gerando um impacto sobre a neutralização desses anticorpos, a 3ª dose causa um grande reforço nesse parâmetro
Em resumo: as respostas de anticorpos, incluindo anticorpos neutralizantes para Omicron, são muito reforçadas por uma 3ª dose, e esse benefício é sustentado em (não somente) ~ 3 meses após a 3ª dose!
Cabe destacar também que os autores comentam que 3 doses das vacinas tiveram resultados próximos a 2 doses + infecção (o que chamamos de imunidade híbrida). Tenho um fio abordando em detalhe essas comparações:
Lembrando que a infecção traz riscos. Portanto, é importante que seu sistema imune esteja treinado, daí a importância da vacinação completa/reforços, para se beneficiar não só da proteção contra a doença, mas também reduzir riscos de COVID longa.
Além de aumentar os anticorpos, uma 3ª dose também levou ao aumento de células produtoras desses anticorpos, possivelmente pela 'ativação' dessas células B de memória). As vacinas são capazes de gerar células funcionais E duráveis de proteção por pelo menos 6 meses da vacina
No trabalho, os autores viram que os nºs de células B de memória para a Spike e RBD continuaram a permanecer altamente estáveis por pelo menos 9 meses após a vacinação em indivíduos com e sem histórico de infecção, SEM evidência de declínio em 6-9 meses pós-vacinação
VARIANTES: Um dado super interessante foi que as células B de memória foram capazes de reconhecer as variantes de preocupação (Alfa, Beta, Delta e Omicron), mesmo com uma 3ª dose contendo uma Spike "selvagem" (sem muitas mutações que essas variantes carregam)
Após 9 meses da vacinação primária:
🔹>90% das células B seguiam reocnhecendo a Alfa
🔹>80% reconheciam a Delta
🔹~70% reconheciam a Beta
🔹~55% seguiam reconhecendo a Omicron
E esse dado é bastante animador, porque essas células B de memória "pau pra toda obra", reconhecedoras de diversas variantes, podem representar uma fonte de proteção ampla que é resiliente a futuras variantes de preocupação que surjam.
Obrigada, vacinas ✨
Uma 3ª dose foi capaz de reativar essas células B de memórias "vigilantes", específicas de Omicron e para outras variantes de preocupação!
E uma 4ª dose? os autores analisaram a dinâmica da resposta de um indivíduo vacinado com 3 doses + histórico de infecção (ou seja, que teve 4 exposições). Segundo eles, é plausível considerar que uma 4ª dose reforce essas defesas
PORÉM O TEMPO É IMPORTANTE: se eu faço uma vacinação de reforço, por exemplo, num momento em que a pessoa ainda tem muitos anticorpos circulantes (lembrando que a queda é esperada) eu posso não ver um benefício tão grande comparado àquele que recebeu a 3ª dose mais espaçada!
E é algo que já discutimos por aqui. É possível, segundo os autores, que altos níveis de anticorpos circulantes reduzem a quantidade de antígeno Spike disponível para reativar as células B de memória, limitando assim a produção de anticorpos adicionais. TEMPO é importante
Em resumo:
🔹Os dados apoiam o reforço com uma 3ª dose
🔹É importante levar em conta os intervalos para isso, para explorar o máximo desse reforçamento
🔹É importante avaliar o benefício com reforços cujo antígeno possa ser mais específico pra alguma variante
Porém, as vacinas atuais seguem:
🔹Protegendo contra todas as variantes de preocupação, inclusive Omicron
🔹Protegendo contra a COVID longa
🔹Reduzindo riscos na transmissão/infecção, ainda que em menor grau em relação a doença
🔹Reduzindo a frequencia de mutações do vírus
E, somado às vacinas, as medidas de proteção seguem sendo fortes aliadas, para que a gente possa reduzir ainda mais o risco de transmissão/exposição e - finalmente - vislumbrar um fim (real) dessa pandemia
Notícias de @UKHSA sobre vacinas! 15 estudos avaliaram sintomas de COVID longa em pessoas vacinadas x não vacinados. Os dados indicam que:
🔹Pessoas vacinadas são menos propensas a desenvolver sintomas de COVID longa após a infecção, a curto, médio e longo prazo
👇🧶
É importante destacar que os dados tem algumas limitações importantes:
🔹Os estudos são observacionais
🔹Houve grande heterogeneidade entre os estudos na definição de COVID longa
Porém, os dados são otimistas e conversam com outros resultados anteriores!
Aqui, nesse fio, comento desses primeiros indicativos do impacto da vacinação sobre a COVID longa
Não dá para deixar passar boa notícia sobre vacinas, né? Dados do Chile🇨🇱 de CoronaVac em crianças:
🔹Segura, sem eventos adversos mais sérios reportados
🔹Resposta de anticorpos (capazes de neutralizar Delta e Omicron) E de células (mantida para essas variantes!)
+ detalhes🧶👇
O artigo trata de uma estudo de fase 3 (randomizado e controlado por placebo) da segurança e proteção induzida por 2 doses (intervalo de 28 dias) da CoronaVac em pessoas de 3-17 anos de idade. O estudo foi realizado no Chile🇨🇱
963 indivíduos foram divididos em grupos de acordo com a faixa etária, para as análises:
🔹3-5 anos (crianças)
🔹6-11 anos (crianças)
🔹12-17 anos (adolescentes)
Para o estudo, as faixas de 3-11 anos foram combinadas para as análises.
Importante lembrar: fake news são muito nocivas, também durante guerras. Cuidado com informações desencontradas e com a propagação dessas informações. Tudo isso pode gerar impactos imensos em tempos de conflito. Isso serve pra pandemias, guerras e outras situações.
Ai a gente acorda com uma pandemia pra lidar, ações militares da Rússia na Ucrânia e espera-se que a gente tenha um bom dia
Eu entendo nada sobre tudo isso que está acontecendo entre esses dois países, mas é de ficar horrorizado por esse momento. Vou deixar esse ponto do @FelipePLoureiro
Alerta imenso para as baixas coberturas vacinais: aqui no Brasil, segundo reportagem da @CNNBrasil a cobertura para a poliomielite "em 2019, foi de 84,19%. No ano seguinte, de 76,05% e, em 2021, caiu para 66,62%.". Além da pólio, a tríplice viral também teve baixa cobertura. 👇
A vacina tríplice viral protege contra caxumba, rubéola e sarampo. Segundo a reportagem, "a primeira dose teve queda de cobertura de 93,12%, em 2019 para 70,52% em 2021. No mesmo período, a segunda dose teve baixa de procura de 81,55% para 49,31%."
Importante destacar a fala da Monica Levi (@SBIm_Nacional ) na reportagem: mesmo tendo visto um impacto da pandemia sobre essa procura, ela alerta aqueles que acham que "a doença foi erradicada, logo não precisaria de vacina".
Dados (preprint) de 1,8 milhão de casos de infecções (entre 22/11/21-11/02/22) apontam que:
🔹De um total de 187 casos de reinfecção, 47 casos eram por BA.2 em recuperados de BA.1 num período de até 60 após a 1ª infecção, maioria em indivíduos jovens não vacinados
🧶👇
O artigo conclui que:
🔹Apesar de mais raras, essas reinfecções podem ocorrer num intervalo mais curto de tempo (mais de 20 e menos de 60 dias de intervalo entre uma infecção e outra), especialmente em não vacinados
Mais detalhes abaixo!
Os dados são da vigilância da Dinamarca🇩🇰 a partir de uma amostra de 1,8 milhões de pessoas (32% da população). A gente pode ver que a amostra de casos de infecção e reinfecção é muito pequena, por alguns motivos