Dados (preprint) de 1,8 milhão de casos de infecções (entre 22/11/21-11/02/22) apontam que:
🔹De um total de 187 casos de reinfecção, 47 casos eram por BA.2 em recuperados de BA.1 num período de até 60 após a 1ª infecção, maioria em indivíduos jovens não vacinados

🧶👇
O artigo conclui que:
🔹Apesar de mais raras, essas reinfecções podem ocorrer num intervalo mais curto de tempo (mais de 20 e menos de 60 dias de intervalo entre uma infecção e outra), especialmente em não vacinados

Mais detalhes abaixo!
Os dados são da vigilância da Dinamarca🇩🇰 a partir de uma amostra de 1,8 milhões de pessoas (32% da população). A gente pode ver que a amostra de casos de infecção e reinfecção é muito pequena, por alguns motivos
🔹Dificuldade em conseguir amostras para poder observar esse fenômeno/detectar a reinfecção
🔹Descartar qualquer RNA residual ainda da primeira infecção (especialmente nos casos de infecção por BA.1 e reinfecção por BA.1)
🔹Porque realmente o fenômeno pode ser menos comum
Agora um ponto interessante encontrado pelo trabalho é:
🔹Pelas análises de PCR, não houve uma diferença significativa de carga viral entre BA.1 e BA.2.

Temos que ir com calma, é uma amostra pequena. Mas nos mantem na discussão sobre se a BA.2 seria mais patogênica que a BA.1
Num estudo com animais, sugeriu-se que a BA.2 poderia ter uma patogenicidade aumentada em relação a BA.1. Mas é aquela coisa: isso não necessariamente pode se traduzir integralmente quando olhamos amostras de humanos.
Por isso é algo meio precoce de se afirmar que a BA.2 seria mais agressiva que a BA.1. @sailorrooscout destaca que dados do Reino Unido, Dinamarca e África do Sul não encontraram diferenças no risco de hospitalização ou doença grave para BA.2 x BA. 1
Então é algo que está em discussão e que precisa ser melhor explorado (e já está sendo, na verdade). Segundo os dados da Dinamarca, os casos de reinfecção estão sendo detectados ali na região de Copenhagen (e arredores).

covid19genomics.dk/statistics
Olhando para o período analisado do estudo, observou-se:
🔹 26 reinfecções Delta para Omicron BA.1
🔹140 Delta para Omicron BA.2
A maior parte dos indivíduos eram jovens (idade mediana para casos com reinfecção Delta para BA.2 foi de 16 anos), e a maioria não foi vacinada (68%)
Esses casos de reinfecção não foram acompanhados por hospitalização e óbitos. Isso tem um viés importante da própria amostra, por majoritariamente ser mais jovem, portanto também fica difícil extrapolar para outras faixas etárias
De qualquer forma, acho que aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) que não podemos subestimar o vírus da COVID-19. Bater o martelo e dizer, com esses dados, que a reinfecção é mais leve está errado (pelo fato de que não é suficiente para afirmar isso) e é imprudente.
Mas, apesar de ser um estudo pequeno, ele adiciona mais um ponto ao que outros estudos também já estavam apontando:
🔹A proteção somente pela infecção traz, também, mais riscos de reinfecção, observando que, novamente, os dados de reinfecção se concentram mais em não vacinados
Nesse fio, comento outros dados demonstrando que a proteção em recuperados de Omicron pode ser muito mais orientada para somente a Omicron do que ter um abrangencia para outras variantes.

Com a vacinação, a proteção fica muito mais abrangente
E novamente, estamos vendo que a proteção pelas vacinas é abrangente também para as sub-linhagens da Omicron (BA.1 e BA.2). Logo, é muito importante que todos da população-alvo se vacinem para ter essa proteção/redução de riscos
Por fim, se tu está lendo isso e ainda não se vacinou (para qualquer dose do esquema vaicnal), não é tarde para se vacinar! Se tiver dúvidas, ficarei feliz em tentar ajudar com elas :) deixo essa mensagem do @b_ishigami que resume o pensamento:

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