às pessoas europeias q lembram e muito bem q o mundo tem estado sempre em guerra depois da segunda guerra mundial e q dizer ‘nunca tivemos uma guerra no nosso tempo de vida’ é eurocentrismo, pergunto: de quantas datas e locais de ataques terroristas t lembras de cor, sem googlar?
estou certa de q a esmagadora maioria ñ conseguirá dizer uma unica data certa para um local fora da europa e eua. e isso sucede porq, contra os nossos melhores sentimentos, temos solos sagrados. ñ acho sequer q seja racismo; tem sobretudo a ver c a geografia, c a história.
é a ideia d território,d ancestralidade, destino.por mim falo: nunca senti nada d parecido, em nenhuma parte do mundo, como aquilo q sinto na europa, nas cidades europeias. apaixono-m por mtos lugares, imagino-m a viver neles, a ser ali outra, mas à europa pertenço - e pertence-m
é desse sentimento estranho, tribal, que vieram as lágrimas ante a notre-dame em chamas - um edifício, não pessoas, nem sequer uma religião. uma ideia de comunidade, de história comum, por mais amarga e terrível e sangrenta que tenha sido, e talvez até por isso.
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num posto da un da fronteira de israel com o líbano, o comandante dos capacetes azuis, creio q finlandês, tir qq coisa (gostei mto dele), tinha isto escrito na parede: ‘no medio oriente quando alguem diz nunca as pedras começam a rir.’ ñ é no medio oriente, é em todo o lado.
o dia de hoje trouxe-me de volta essa manhã de há 29 anos. talvez porq estavamos a falar do q poderia acontecer naquele sitio, se algum dia haveria paz, se aquelas pessoas algum dia se perdoariam umas às outras e a elas proprias, e em nome de q morriam os capacetes azuis.
havia um misto de amargura e de ironia na nossa conversa, e a noçao de q nada fazia sentido, e q as pessoas continuavam a morrer e morrer e morrer por essa falta de sentido, e que aquele lugar é uma ferida q contamina o mundo. q será feito de ti, tir?
‘a injustiça praticada pela justiça e pelo poder político no caso das FP-25 de Abril. O ar impante de Otelo e dos seus companheiros, os abraços esfuziantes à saída do tribunal, são uma bofetada para a esmagadora maioria dos portugueses.’ 1 doce p quem descubra o autor sem googlar
quem é q em 2001 falava ‘do sorriso de Otelo, da "aisance" criminosa dos que não se arrependeram’, dos q ‘fazem hoje a sua vidinha de antigos combatentes, como se nada fosse’?
quem escrevia: ‘o terrorismo dos FP-25 foi exactamente isto mesmo: terrorismo cujo objectivo central era atacar a democracia. (…) as FP 25 de Abril não são herdeiras da luta contra a ditadura de Salazar e Caetano. São 1 produto serôdio da imitação do terrorismo europeu’?
gostava q costa e marcelo conseguissem dizer o óbvio:q a democracia ñ pode celebrar como 1 dos seus grandes um homem q, s teve 1 papel preponderante no derrube da ditadura, s empenhou depois em derrubar a democracia pla violência e é autor plo menos moral d mortes injustificáveis
independentemente do afecto q s possa ter por otelo e pla visao romantica do revolucionario q queria ir até às últimas consequências, os princípios da democracia fundada em 1976 impõem q ñ s homenageie quem fundou e dirigiu 1 partido q pla sua apologia do terror foi ilegalizado.
ñ é o regime democrático q está a trair o 25 de abril ao recusar luto nacional a otelo; foi ele q escolheu trair o 25 d abril e o regime democrático e atentar contra a vontade do povo expressa livremente nas urnas - 1 otelo cuja tão louvada coragem nunca o levou a admitir o q fez
em 2019, recebi uma carta de um recluso de 32 anos. 3 folhas a4 manuscritas dos dois lados. usei-a em parte num trabalho sobre prisoes e tencionava responder mas nao respondi. guardei a carta e hoje fui buscá-la. pensei q ja estaria livre. ñ está. sabem como sei?
fiz 1 pesquisa com o nome dele. descobri q entrou em 2019 num politecnico e q em 2020 fez um pedido d habeas corpus ao supremo, por ter completado metade da pena e ñ lh terem concedido a liberdade condicional. foi recusado. e assim temos um rapaz d 34 anos preso há 4 anos. q fez?
segundo o tribunal q o condenou, trafico de haxixe. 6 anos e meio por trafico de haxixe. para usar um caso recente q todos temos na memoria, 3 policias foram condenados a 7 e 9 anos por terem espancado e causado a morte d 1 detido. e estao em casa.
o correio da manha chega a ser cómico d tão nojento. em 2016 processei a cofina por textos e títulos d 1ª página como 'fernanda câncio ajudou a esconder milhões'. o processo foi julgado em 2019, salvo erro, e a cofina foi condenada a pagar-m 20 mil euros. recorreu e eu também.
a decisão da relação, do final de março, foi d anular a decisão por considerar q a juíza d 1º instância ñ tinha fundamentado convenientemente os factos provados e ñ provados - algo q quer eu quer a cofina alegávamos nos nossos recursos - naturalmente c argumentos contrários.
não divulguei a notícia da condenação da cofina quando ocorreu porq sabia q ia haver recurso; a cofina, claro, tb ficou calada. agora, perante esta decisão da relação q ñ toma qq partido sobre o mérito da minha causa, noticia q 'perdi'. cmjornal.pt/tv-media/detal… ñ s cansam d mentir
ao ler o processo criminal relativo à morte de ihor,houve 2 coisas q m impressionaram mto: 2º testemunhas, q já sabia dizer 'caralho' por tanto o ouvir desde q chegara; pouco antes da sua morte falava baixinho como se rezasse. é nesse pânico,o do fim, q penso quando penso em ihor
um pânico em q esteve totalmente só, num país estrangeiro onde ninguém percebia o q dizia e ele ñ percebia ninguém; o pânico d saber q ninguém o ia ajudar, q ninguém queria saber, e q morria assim, abandonado e aterrorizado, sem saber por q crime, a suplicar, talvez a rezar.
ñ considero, como já vi dito por isabel moreira e @danielolivalx, q este tenha sido o maior atentado ao estado d direito desde o 25 d abril, porq conheço outros do mm tipo, dos quais já ninguém s lembra porq estado d direito e direitos fundamentais é coisa q ñ aquece mto o país.