Soldados guardam a entrada do Fort Detrick, em Frederick, Maryland. Sede do programa de armas biológicas dos Estados Unidos, a instalação militar armazena amostras dos patógenos e toxinas mais perigosos conhecidos pela humanidade, incluindo ebola, varíola, SARS e antraz.

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Fort Detrick conserva dados dos experimentos conduzidos pelos pesquisadores do Eixo durante a Segunda Guerra. O local coordenou alguns dos experimentos científicos mais antiéticos do século XX, incluindo o MK Ultra, e notabilizou-se pela produção do "Agente Laranja".

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Inaugurado em 1931, Fort Detrick foi convertido em centro de pesquisa de guerra biológica durante a Segunda Guerra, sob a direção de George Merck (proprietário da farmacêutica Merck). Milhares de bombas contendo esporos de antraz foram produzidas no local nos anos 40.

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Durante a Operação Paperclip, a unidade empregou um grande contingente de cientistas que desenvolveram experimentos nos campos de extermínio da Alemanha nazista, incluindo Walter Schreiber, Erich Traub e Kurt Blome.

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Fort Detrick também incorporou dados das pesquisas realizadas pela infame Unidade 731 — centro de pesquisa do Exército Imperial do Japão, responsável por conduzir experiências contra civis chineses e soldados aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

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Os experimentos incluíam o uso de bactérias, gás venenoso, câmaras de pressão, vivissecções, etc. A Unidade 731 também foi responsável por comandar a guerra bacteriológica contra as províncias orientais e meridionais da China, matando dezenas de milhares de civis.

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Após a rendição do Japão, os EUA ofereceram um acordo, comprometendo-se a não processar os cientistas. Em troca, os japoneses repassariam os registros das experiências aos estadunidenses. Ishii Shiro, diretor da Unidade 731, tornou-se consultor de armas biológicas nos EUA.

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A incorporação das pesquisas e quadros do Eixo possibilitaram o avanço do programa de armas biológicas dos EUA, permitindo o desenvolvimento das bombas bacteriológicas usadas para atacar a Coreia do Norte e a China na década de 50, causando surtos de peste e cólera.

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Também conduziram experimentos de guerra bacteriológica com prisioneiros da Ilha de Geojedo, na Coreia do Sul. Foi também em Fort Detrick que ocorreu a produção do Agente Laranja — arma química que vitimou quase 5 milhões de vietnamitas e causa sequelas até hoje.

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Fort Detrick também conduziu experimentos de guerra biológica nos EUA, usando civis como cobaias. Nos anos 50, a unidade lançou a Operação Whitecoat, que infectou jovens da Igreja Adventista e voluntários do serviço médico com a bactéria da tularemia (febre do coelho).

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Em 1969, em um projeto realizado em colaboração com a CIA, Fort Detrick recebeu uma subvenção milionária para desenvolver, no prazo de 5 a 10 anos, um agente biológico sintético para o qual não existisse imunidade natural, visando o uso como arma biológica.

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A CIA também colaborou com os pesquisadores de Fort Detrick durante o Projeto MK Ultra. Idealizado por Sidney Gottlieb e supervisionado por Allan Dulles, o projeto visava aperfeiçoar técnicas de lavagem cerebral e controle mental...

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...além de pesquisar substâncias incapacitantes e e materiais biológicos, químicos e radioativos aptos a produzir mudanças comportamentais e fisiológicas nos indivíduos. O projeto teve como inspiração experiências realizadas pelos nazistas no campo de Dachau.

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O MK Ultra manteve ao menos 149 linhas de pesquisa, parte das quais financiadas pela Fund. Rockefeller. As cobaias eram geralmente portadores de problemas mentais, prisioneiros, prostitutas, dependentes químicos, crianças e pessoas consideras "descartáveis".

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As experiências envolviam a necessidade de solapar a resistência das cobaias, drogando-as com medicamentos psicoativos, sobretudo LSD. As torturas incluíam choques elétricos, afogamento, indução de paralisia, incapacitação, isolamento cognitivo, abusos sexuais, etc.

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Algumas técnicas de tortura desenvolvidos pelo MK Ultra foram incorporadas aos manuais da Escola das Américas e compartilhados com as ditaduras militares latino-americanas. Outras continuam em uso até hoje nas prisões de Guantánamo e Abu Ghraib.

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Entre as vítimas fatais do projeto, está o bacteriologista Frank Olson, que alegadamente teria pulado de uma janela após receber doses de LSD. A família de Olson contesta o relato e acredita que o cientista foi assassinado após ameaçar delatar o programa para a imprensa.

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Outras vítimas do Projeto MK Ultra tornaram-se famosas por envolvimentos em crimes após passarem por procedimentos de lavagem cerebral. É o caso de Theodore Kaczynski (Unabomber), James J. Bulger, Sirhan Sirhan, Lawrence Teeter e Jimmy Shaver, entre outros.

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Em 2008, Bruce Ivins, pesquisador de Fort Detrick, foi identificado como o responsável por realizar os ataques com cartas contaminadas com antraz que infectaram 22 pessoas e mataram 5. Os ataques serviram de justificativa para que os EUA restringissem os direitos civis.

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Em meados de 2019, Fort Detrick foi fechado após a detecção de violações das normas de segurança e vazamento de material biológico. Pouco tempo depois, o estado de Maryland, onde se localiza a instituição, foi afetado por uma pneumonia de origem desconhecida.

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Em paralelo, os EUA testemunharam um aumento sem precedentes de epidemias de influenza em todo o país, além de um surto de de doenças respiratórias sem explicação, atribuídas pela imprensa ao uso de cigarros eletrônicos.

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A coincidência entre o vazamento nos laboratórios de Fort Detrick e o surto de doenças respiratórias nos EUA em 2019 fortalecem as suspeitas de que a instituição estaria ligada à pandemia de Covid-19.

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Representes de governos, instituições independentes e pesquisadores internacionais solicitaram uma investigação formal ao laboratório, que foi recusada pelo governo dos Estados Unidos.

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Um relatório publicado pelo NIH em 06/2021, com base em 24 mil amostras de sangue, confirmou que ao menos 9 estadunidenses já possuíam anticorpos para o novo coronavírus em dezembro de 2019, um mês antes do surgimento da epidemia em Wuhan, na China.

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Reportagens publicadas pelo "Palm Beach Post" e pelo "USA Today" também indicavam a existência de 171 pessoas infectadas na Flórida em dezembro de 2019. Desses, 103 nunca haviam viajado para outros países.

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Além de Fort Detrick, os Estados Unidos possuem outros 200 laboratórios biológicos de uso militar e civil espalhados pelo mundo, muitos dos quais suspeitos de serem utilizados para o desenvolvimento de armas biológicas.

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Leituras complementares:

"A Assustadora História do Laboratório de Fort Detrick", artigo de Ceng Jing, traduzido por Leonardo Griz Carvalheira e publicado pelo LavraPalavra:

lavrapalavra.com/2020/06/11/a-a…
"Quanto tempo ainda vai durar o crime de Fort Detrick?". Artigo de Li Yang no jornal O Globo:

oglobo.globo.com/opiniao/quanto…
"Opinião: mistério de Fort Detrick poderá ter as respostas para a origem do coronavírus". Artigo de Por Niu Wenxin no China News Weekly, republicado pelo portal Portuguese People:

portuguese.people.com.cn/n3/2021/0729/c…
"As relações clandestinas do Laboratório Fort Detrick com a guerra biológica e química". Artigo da Rádio Internacional da China, republicado pelo Brasil 247:

brasil247.com/mundo/as-relac…
"Ebola: Centro de investigação biológica de Fort Detrick, responsável pelo surto?". Artigo de
Káren Méndez no Opera Mundi:

dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/eua/51097/ebol…
"​Relações clandestinas entre a Unidade 731 e o Laboratório Fort Detrick". Artigo no CRI:

portuguese.cri.cn/news/world/408…

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Mar 15
É um milagre! Em janeiro de 2020, o líder norte-coreano Kim Jong-Un assistiu à celebração do ano-novo lunar em companhia de sua tia, Kim Kyong-Hui — a senhora de óculos na primeira fileira. Segundo a imprensa, Kim Kyong-Hui teria sido executada sete anos antes.

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Em dezembro de 2013, agências de notícias do mundo inteiro espalharam a informação de que Kim Kyong-Hui teria sido assassinada por envenenamento, por ordem de seu sobrinho. Kim Kyong-Hui não é a primeira pessoa a "ressuscitar" na Coreia do Norte.

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O país, alvo preferencial dos boatos mais bizarros inventados pela retórica anticomunista da imprensa ocidental, tornou-se um verdadeiro polo da necromancia avançada, acumulando mais histórias de "ressurreições" do que os quadrinhos da Marvel.

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Mar 15
A visita de Albert Einstein ao Brasil:

"O problema concebido pelo meu cérebro foi resolvido pelo luminoso céu do Brasil". A frase proferida por Albert Einstein durante sua visita ao Brasil em 1925 fazia referência ao histórico eclipse solar de 29 de maio de 1919.

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Nesse dia, uma equipe internacional de astrônomos chefiada por Andrew Crommelin registrava o fenômeno em Sobral, no interior do Ceará. A cidade fora escolhida por oferecer as condições ideais para observar o eclipse.

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Durante o fenômeno, os astrônomos tiraram uma série de fotografias que permitiram constatar que as estrelas não ocupavam as posições previstas pelas projeções matemáticas, estando ligeiramente deslocadas.

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Mar 14
Albert Einstein em caricatura de 1933. O cientista alemão é representado despindo-se das asas do "pacifismo não-resistente" e empunhando a espada da "preparação" enquanto arregaça as mangas. A obra faz referência à mudança de postura de Einstein após a ascensão de Hitler.

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Einstein era um pacifista de longa data e argumentava que as guerras, compreendidas como fruto da violência inerente ao ser humano, eram um empecilho ao progresso da humanidade. O cientista defendia a criação de um órgão de concertação internacional apto a manter a paz.

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Após a ascensão de Hitler na Alemanha, entretanto, Einstein passou a defender veementemente a necessidade de preparação para intervenção armada, reconhecendo o perigo representado pela ideologia nazista.

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Mar 14
Há 143 anos, em 14 de março de 1879, nascia o cientista alemão Albert Einstein, considerado um dos pilares da física moderna e da mecânica quântica e um dos maiores gênios da história.

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Einstein foi responsável por elaborar o conceito da equivalência massa-energia e descobriu a lei do efeito fotoelétrico. Recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1921, por suas contribuições no campo da física teórica.

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Albert Einstein era socialista e grande admirador do revolucionário russo Vladimir Lenin. O cientista explicou sua adesão ao ideário socialista no artigo "Por que o socialismo?", veiculado no 1º número da Monthly Review, em maio de 1949.

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marxists.org/portugues/eins…
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Mar 12
Lápides com nomes de estadunidenses que morreram em decorrência de diabetes não tratada são posicionadas nos jardins do Capitólio de Utah, durante um protesto de pacientes dependentes de insulina. A maioria eram jovens na casa dos 20 anos. Salt Lake City, setembro de 2019.

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A incidência de diabetes na população dos EUA é considerada epidêmica, atingindo 24 milhões de pessoas (8% da população). Desse total, 1,2 milhão são portadores de diabetes tipo 1 - doença crônica autoimune que só pode ser controlada por injeções diárias de insulina.

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Apesar disso, um em cada quatro estadunidenses diagnosticados com diabetes não tem acesso a nenhum tipo de tratamento. Isso porque a lógica do lucro que pauta o sistema de saúde dos EUA obriga os diabéticos a optarem pela ruína financeira ou pela morte.

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Mar 11
A pauta da desnazificação da Ucrânia não é nova. Há anos a Rússia vinha denunciando a fascistização do país e as violações de direitos humanos cometidas por neonazistas ucranianos. Em maio de 2014, a Exame já havia publicado matéria a respeito.
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exame.com/mundo/russia-c…
Em um relatório elaborado em 2014, o governo russo já apontava que neonazistas ucranianos eram os responsáveis pelos assassinatos de manifestantes de Kiev que serviram de justificativa para a derrubada de Viktor Yanukovitch. Também denunciou a influência externa no processo.
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O ex-presidente ucraniano referendou as acusações sobre a ascensão de um regime neonazista em Kiev. Nessa matéria publicada pelo El Pais em março de 2014, Yanukovitch asseverava que a Ucrânia estava sendo governada por "um grupo de neonazistas".
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brasil.elpais.com/brasil/2014/03…
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