Ele se esforçou em negar a existência Covid-19 e atrapalhar a vacinação
E agora ele quer aprovar a mineração em Terras Indígenas
Quem é Ricardo Barros, o líder do governo Bolsonaro da Câmara dos Deputados? #PuxadaDeCapivara
Bom, Ricardo Barros é o líder do governo na Câmara, ou seja, ele é responsável por fazer o desejo de Bolsonaro tramitar. E ele o Arthur Lira tem trabalhado muito bem juntos.
Se prepara que o chorume é volumoso nessa
Na última semana, Barros ganhou as manchetes ao articular a votação em regime de urgência do PL 191/20, o X-Tudo da Devastação em Terras Indígenas, que abre alas para mineração, obras e geração de energia elétrica dentro de TIs.
Ele se valeu também da guerra da Ucrânia para dizer que o Brasil precisa de fertilizantes, ou seja, desmatar para fortalecer o agro. O que também é mentira.
Barros é daquela espécie bem velha política: seu pai foi prefeito de Maringá (PR) e seu irmão também. Ele foi o mais jovem prefeito da cidade - pudera: começou sua carreira na empresa da família como gerente financeiro.
(Ele não tem culpa que o pai dele dá emprego pra ele.)
Foi casado com Cida Borghetti, ex-governadora do Paraná; uma de suas filhas é deputada. Para garantir canal direto com a população e transmitir sua mensagem, é dono de uma rádio em Maringá.
Ou seja, absolutamente TUDO EM CASA. Mais segue aqui que piora.
Sua carreira política começou em 1988, quando se tornou prefeito. Em 1994, foi eleito deputado federal - e até hoje não largou o osso - fora um breve hiato quando tentou ser senador e fracassou.
Durante seu quinto mandato, ele participou ativamente do impeachment de Dilma e em dado momento tentou propor um corte
de R$ 10 bilhões
no Bolsa Família.
Chegamos ao governo Temer. Nele, Barros, que é engenheiro civil, virou ministro da Saúde. Um agradecimento de Temer ao PP por ter apoiado o golpe parlamentar que retirou Rousseff.
Verba volant, scripta manent.
Uma vez na Saúde, Barros defendeu a redução do SUS e disse que 1500 hospitais seriam suficientes para resolver todos os problemas de saúde no Brasil.
“Homens trabalham mais e não acham tempo para cuidar da saúde”, “quanto mais gente tiver plano, melhor” e “pacientes chegam no SUS com efeito psicossomáticos” foram algumas das pérolas que o engenheiro civil soltou quando estava à frente da pasta.
Barros foi acusado pelo MPF por conta de um contrato durante sua gestão na Saúde. Na época, R$20 milhões em medicamentos de alto custo não chegaram aos pacientes da rede pública.
A falta desses medicamentos pode ter causado a morte de até 14 pessoas.
Ele foi citado, em junho de 2021, pelo deputado Luís Miranda (DEM) como aquele o “qual Bolsonaro teria se referido [como rolo de um deputado] ao tomar conhecimento de suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana Covaxin.”
“Foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar”, disse Luís Miranda na Época.
“Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo o errado? De quem desvia dinheiro público de gente morrendo por causa dessa porra de Covid", questionou o deputado.
A denúncia de 2019, do MPF, sobre os R$ 20 milhões em remédios que nunca chegaram nas farmácias, aconteceu após a Anvisa barrar a importações que viriam pela empresa Global Gestão em Saúde.
A Global é sócia da Precisa Medicamentos, que representa o Bharat Biotech, o laboratório da Covaxin, denunciado na CPI da Covid. Barros, à época, se negou a cancelar o contrato e responde por improbidade administrativa.
Uma das familiares das vítimas do desvio de R$ 20 milhões disse que a sensação era de que a história, com a Covaxin, estava se repetindo:
Ou seja, Barros foi acusado de intermediar a compra da Covaxin. Barros, que já tinha uma acusação parecida. Barros, que negou efusivamente a existência de uma pandemia e defendeu a tese genocida da “imunidade de rebanho”.
Barros, que tentou acabar com o SUS. Que disse que o Estado não pode garantir o direito universal à saúde.
Antes de tudo isso, o excelentíssimo inclusive foi acusado por Bolsonaro em 1999 por tentar chantageá-lo para influenciar na votação de um projeto legislativo. Ele também é investigado por corrupção em Maringá, ao tentar ajudar uma licitação pública a ser mais ~~privada~~~....
Escutas telefônicas mostram Barros coordenando acordo entre agências de comunicação que prestavam concorrência em uma licitação pública de R$7,5 milhões. Ele chegou a propor uma “solução salomônica aí”. O processo ainda tramita na justiça.
Mas sem urgência, urgência nenhuma, pressa pra quê não é mesmo?
O deputado também já foi alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal por promover cortes orçamentários na Justiça do Trabalho.
Barros disse na época que queria FLEXIBILIZAR O DIREITO DO TRABALHO pois os direitos do trabalhador “são muito condescendentes com o trabalhador”.
Parece frase de quem começou o trabalho como gerente na empresa de papi, né?
Como não podia deixar de ser (bem que podia deixar de ser mas infelizmente ainda não pode), em 2021, o deputado federal defendeu publicamente a prática de nepotismo, ou seja, botar o parente pra mamar na teta do governo.
Ele disse (rindo) que o poder público estaria melhor com um “parente qualificado” do que com um “não parente desqualificado” (rindo de nervoso).
Saca essa aspas: “A pessoa é parente, então, é pior do que outro? O cara não pode ser onerado por ser parente. Se a pessoa está no cargo para o qual tem qualificação profissional, é formada e pode desempenhar bem, qual é o problema?”.
Pessoal, alguém explica pra ele? Exaustas estamos.
Com esse bonito currículo, Barros se apressou em apressar o PL 191/20, que veio direto do executivo federal passando a boiada garimpeira com urgência na Câmara, sem respeitar as instâncias e comissões obrigatórias para qualquer projeto de lei.
A pressa de Bolsonaro e Barros é possivelmente o maior ataque até agora desse governo, com danos duradouros, aos povos indígenas, comunidades tradicionais e ao meio ambiente do Brasil. É uma tragédia anunciada.
Barros e suas manobras sustentam Bolsonaro no poder. Quantos orçamentos secretos valem um PL 191? Quantos currais eleitorais estão sendo garantidos nessa barganha com a vida dos povos indígenas? De onde vem tanta certeza de impunidade?
O Congresso Nacional tem sido cúmplice no projeto de destruição socioambiental bolsonarista com Arthur Lira e Ricardo Barros no comando dessa boiada.
Faltam 7 meses para as eleições. Trocar o presidente não será suficiente.
O Sinal de Fumaça é um monitor socioambiental interativo bilíngue. Nós documentamos, em inglês e português, cada fato da crise socioambiental do governo Bolsonaro.
*A dança das cadeiras do clubinho dos conservadores topzera no Ministério do Meio Ambiente*
Adivinha quem está lucrando, viajando de avião e mamando em cargos chaves no Ministério do Meio Ambiente e no governo federal?
Vem com a gente que a gente puxou mais essa capivara:
Quando Salles caiu, Bolsonaro nomeou Fernando Wandscheer Moura Alves para ser o número dois do Ministério do Meio Ambiente e também os “olhos do Planalto". Ele substituiu um PM, Biagioni, que era tolerado pelos servidores por “não ser negacionista”.
Moura Alves, agora secretário-executivo de Joaquim Pereira Leite no MMA, estava na Secretaria Geral da Presidência. Ele é conhecido de Bolsonaro e próximo aos filhos do PR. Seu pai é militar, o coronel Luis Vicente de Moura Alves.
Os principais beneficiados pelo PL da Grilagem serão os grandes e médio produtores, já que ele estende a eles a dispensa da vistoria in loco. Eles são 5% dos que aguardam titulação, mas detém 36% da área total.
O projeto de Lei 2633/2020, conhecido como PL da Grilagem, pretende "simplificar" a titulação de áreas rurais. Na prática, ela permite titular áreas em conflito ou desmatadas ilegalmente, diminuindo a necessidade de inspeção prévia e fiscalização.
O #PLdaGrilagem altera a data para que invasores de terras públicas sejam legalizados (2014) e autoriza que grandes extensões de terra (até 2500 hectares) sejam repassadas aos invasores sem vistoria presencial.
✊🏿✊🏾 A comunidade quilombola Pedro Cubas (SP) teve decreto assinado pelo presidente e caminha para a titulação definitiva de sua terra. Bolsonaro foi forçado pela justiça federal a assinar o decreto — o território fica próximo de Eldorado, cidade natal do ex-militar.
📣 Explicamos brevemente o que está em jogo com o adiamento do julgamento do Marco Temporal no STF, em ação do governo de Santa Catarina contra os Xokleng. Entenda aqui:
O senador Marcos Rogério está ficando conhecido em todo o Brasil por sua atuação como cão de guarda bolsonarista na #CPIdaCovid.
Mas de onde vem Marcos Rogério? Terá ele relação com a questão socio ambiental? 🤔🤔🤔
Puxamos esse fio e essa capivara aqui 👀👀👀
Natural de Rondônia, Marcos era do PDT, que hoje faz oposição ao governo Bolsonaro, onde ficou por dois mandatos. Mas hoje é do DEM, da ala mais próxima ao bolsonarismo. Foi vereador, deputado (2x) e está no seu primeiro mandato como senador.
Repórter de profissão e evangélico cada vez mais fervoroso, Marcos Rogério têm cada vez mais guinado em direção ao campo conservador e feito estardalhaço com políticas públicas direcionadas às minorias.
📣🌎Atualização Semanal no Monitor Socioambiental do Sinal de Fumaça
Elencamos toda semana em nossa linha do tempo conteúdos que retratam a conjuntura socioambiental do Brasil durante o período.
Confira aqui o nosso resumo do que aconteceu na última semana 🧵
📊Pesquisa @IPAM_Amazonia diz que brasileiros querem a preservação da Amazônia - em sua imensa maioria - mas não confiam no governo federal para fazer isso.
🌿 Câmara dos deputados vota urgência em reabrir a Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu. Abertura ameaça fauna local e preservação de rincão de Mata Atlântica.